EM PIRACICABA (SP) 14 DE FEVEREIRO DE 2020

Ativista destaca projeto que inclui Libras no currículo escolar

Raquel Moreno apresentou conteúdo de projeto de lei que está em tramitação no Senado




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É fato indiscutível que a educação pública educacional falhou e tem dívida histórica, disse oradora

Crédito: Davi Negri - MTB 20.499




A ativista Raquel Moreno, que atua em ações voltadas à acessibilidade da comunidade surda, ocupou a Tribuna Popular da Câmara de Vereadores de Piracicaba, nesta quinta-feira (13), na quarta reunião ordinária. Ela abordou o projeto de lei 6.284/2019, de autoria do senador Romário (Podemos-RJ), que estabelece que a Língua Brasileira de Sinais (Libras) seja a primeira língua de comunicação nas escolas públicas e privadas para estudantes surdos.

"Ainda não me sinto preparada para fazer esse discurso em Libras, peço desculpas aos meus amigos surdos, mas gostaria de dizer que surdo também fala e não há nenhum problema em representar ou defender a comunidade surda falando", disse Raquel.

Ela comentou que as manifestações quanto ao projeto começaram na semana passada, nas redes sociais, e que há uma consulta pública aberta. "O meu voto foi sim. A escola pública é um direito de todos, uma premissa inquestionável, não apenas por ser garantida em lei, mas por estar respaldado a um conceito de educação democrático, justo, participativo e de superação de movimentos", disse Raquel.

Caso o voto seja "não", Raquel acredita que será instituído um mecanismo de exclusão subliminar. "É aquele que dói, porque ocorre dentro do sistema, sem ser percebido. Como surda oralizada, sofro a exclusão diariamente ouvindo a frase: ––você não parece ser surda! Surdo não tem que parecer com nada", reforçou.

A inclusão, na opinião da oradora, é tratar além do ingresso dos alunos nas escolas, o que justifica o termo "obriga", presente no projeto de lei do Senado. "Sempre fomos obrigados a estudar geografia, história, matemática e ninguém nunca fez rebelião. Lidar com isso sem agredir se chama assertividade. Aprender Libras é evoluir pessoal e profissionalmente. Além de incluir, é fazer que a sociedade seja mais receptiva, dê mais acesso às oportunidades para as pessoas que optaram por continuar na sinalização", completou ela.

Na avaliação de Raquel, as altas taxas de desempregos da comunidade surda servem para ilustrar que o ensino de Libras no Brasil é precário. Segundo ela, uma das maiores dificuldades dos surdos no mercado de trabalho, entre 20 e 50 anos, é a falta de escolaridade, pois a maioria só estudou até o terceiro ano do ensino fundamental. Há ainda um outro problema: mesmo aceitando os surdos, muitas escolas não ofereciam o intérprete de Libras.

Para ela, é fato indiscutível que a educação pública educacional falhou e tem dívida histórica, "com ônus nas três esferas dos governos, mas, para mim, o peso maior é no município. É aqui que os surdos vivem e devem ser atendidos nas suas dificuldades educacionais".

Tribuna Popular

Texto:  Rodrigo Alves - MTB 42.583
Supervisão de Texto e Fotografia: Valéria Rodrigues - MTB 23.343

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