Embora a saúde bucal ainda seja colocada em segundo plano, a falta de cuidados com a região pode provocar sérios danos. Na live desta quarta-feira (5) do Parlamento Aberto no Instagram, a professora titular da área de odontopediatria da FOP-Unicamp (Faculdade de Odontologia de Piracicaba, da Universidade Estadual de Campinas) Regina Puppin Rontani explicou como deve ser feita a higiene bucal, desde o período da infância até a vida adulta, e deu dicas para a precaução das morbidades bucais.

A professora destacou que a atenção com a saúde bucal tem que ocorrer desde o período da gestação, na qual a cavidade bucal é desenvolvida com base nas características da mãe. De acordo com Regina, na fase intrauterina, a alimentação e o uso de medicamentos interferem na formação facial e dentária.

"A mãe que tem o controle de higiene maior, tem menos infecção periodontal, da gengiva, e tem menos cárie tem também menos fatores inflamatórios circulantes. Isso vai prover uma saúde bucal melhor para essa criança", afirmou.

Após o nascimento, a amamentação exerce papel fundamental no avanço da região bucal, por meio do fornecimento de nutrientes e do exercício dos músculos da face, explicou Regina. A professora frisou a importância da amamentação, indicada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e pelo Ministério da Saúde até, no mínimo, seis meses de idade.

Para as mães que não conseguem amamentar ou que possuem pouco leite, a professora indicou a relactação, que consiste no uso de uma cânula no seio da mãe e permite que a criança realize os movimentos de sucção essenciais para a formação adequada do aparelho bucal.

Com o nascimento do primeiro dente, que acontece entre o quarto mês de idade e o primeiro ano, a criança passa por uma alteração da cavidade bucal e começa a ter a necessidade de higienização após as refeições, com pasta ou creme dentário. Na fase inicial, é aconselhável o uso de dedeiras, escovas de dentes que podem ser encaixadas no dedo.

Segundo Regina, o dentifrício ideal para a escovação, tanto da criança quanto do adulto, precisa conter 1.000 ppms de flúor. Ela explicou que a escolha do creme dental pode variar, desde que possua a quantidade correta de flúor e que seja utilizado em uma quantidade adequada: similar a meio grão de arroz para crianças e até 1,5 centímetro para adultos.

"Neste período começam a aparecer aqueles microrganismos que vão se aderir à superfície dura do dente. São esses microrganismos principais que levam ao aparecimento da cárie", disse.

Durante a live, Regina alertou sobre o perigo da alteração da carga dentária de crianças que chupam o dedo ou usam chupeta por um longo período, visto que produz uma alteração na oclusão e pode ocasionar uma atresia no arco.

Ela também enfatizou a importância da higienização antes do sono. Durante o período do sono, explicou, a quantidade de saliva produzida pela boca é menor do que durante o dia, além da falta de movimentação dos músculos da boca, o que ocasiona o maior crescimento de microrganismos nessa região e, consequentemente, maior risco para o surgimento de cáries.

Na live, a especialista em odontopediatria comentou que não existe uma idade definida para a colocação de aparelho e frisou que ele deve ser utilizado somente após avaliação do dentista, já que o uso indevido provoca danos na carga dentária.

A entrevistada também abordou ações que devem ser tomadas em casos de traumas. Após a quebra do dente, segundo Regina, o indivíduo deve lavar o dente quebrado em água corrente e entrar em contato com o dentista.

Quanto ao período da quarentena, no qual muitas crianças estão em casa, a professora deu dicas para o cuidado correto com a saúde bucal. De acordo com ela, é necessário manter a rotina adequada de alimentação e tomar cuidado com produtos dentários que prometem "resultados milagrosos".

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