Movimentação Cultural será debatida pela Câmara
Curso aborda ideias e marketing para editais de projetos culturais
Evento on-line foi promovido pela Escola do Legislativo nesta terça-feira (15)
Evento aconteceu de maneira on-line, via plataforma Zoom e YouTube
O segundo dos cinco encontros, promovidos pela Escola do Legislativo “Antonio Carlos Danelon – Totó Danelon”, da Câmara Municipal de Piracicaba, com objetivo de discutir o tema: “Lei Aldir Blanc: da emergência cultural às oportunidades de trabalho e arte para a sociedade", aconteceu nesta terça-feira (15), de maneira on-line.
Com objetivo de apresentar um ciclo de formação para capacitar e orientar a classe artística, produtores de Piracicaba e região, o curso pretende também auxiliar na construção de projetos para serem desenvolvidos pela lei Aldir Blanc ou editais do ProAc (Programa de Ação Cultural).
O encontro contou com a participação da diretora da Escola do Legislativo, a vereadora Silvia Morales (PV), de Jhoão Scarpa e de Pablo Carajol, integrantes do mandato coletivo A Cidade É Sua.
Para falar sobre o tema 3, “Ideias para o projeto cultural”, esteve presente a produtora cultural Anelisa Ferraz e falando sobre o tema 4, “Marketing para projetos culturais”, a palestra foi conduzida pelo produtor artístico Diego Leandro de Araújo.
“Não é novidade para ninguém que a classe artística está sendo a mais atingida pela pandemia e será uma das últimas a retomar as suas atividades normais. Os artistas e trabalhadores da área da cultura estão dependendo quase que, senão totalmente, da Lei de Emergência Cultural, no caso a Lei Aldir Blanc”, destacou o também ator Jhoão Scarpa.
De acordo com Anelisa Ferraz, a produção cultural é um fenômeno social universal e também uma atividade humana necessária para existência e para o funcionamento de todas as sociedades.
“A prática cultural não é apenas uma exigência de se viver em sociedade, mas também o processo de prover aos indivíduos, o conhecimento e as experiências culturais que os tornem aptos a atuar no meio social”, ressaltou.
Para Anelisa, o período de 1995 a 2010 definiu implicações na história administrativa da política brasileira voltada à cultura.
“A partir de 2003, é quando se nota um aumento no orçamento e uma orientação aplicada ao Ministério da Cultura (quando ainda tínhamos um ministério), socialmente mais inclusiva, quando começam a surgir os editais”, informou.
Surge, assim, segundo Anelisa Ferraz, a tridimensionalidade da cultura, dividida em simbólica, cidadã e econômica.
“Essa tridimensionalidade é descrita no Plano Nacional de Cultura, que é um conjunto de princípios, objetivos, diretrizes, estratégias e metas que devem orientar o poder público na formulação de políticas públicas culturais por pelo menos 10 anos, e vem sendo construída desde 2005, quando aconteceu a primeira Conferência Nacional de Cultura”, disse.
De maneira mais detalhada, Anelisa explicou que a dimensão simbólica aborda o aspecto da cultura, que considera que todos os seres humanos têm a capacidade de criar símbolos que se expressam em práticas culturais diversas. Já a dimensão cidadã considera o aspecto em que a cultura é entendida como sendo um direito básico do cidadão. Na dimensão econômica, são considerados os aspectos da cultura como vetor econômico.
A produtora cultural ressaltou que um projeto não é um conjunto de intensões, mas sim um instrumento técnico e estratégico, com características próprias. “Quando surge uma ideia, é preciso conhecer qual é esse projeto, qual será o público consumidor e as pessoas que irão pagar, de forma consciente, por esse produto”, enfatizou.
É muito importante, de acordo com Anelisa, não apenas ler o edital, mas compreender se de fato o projeto pretendido se encaixa nele. Além disso, é importante coletar dados oficiais. “Existem muitos documentos escritos para o setor cultural, que preveem os motivos e as principais instâncias que permeiam e justificam as necessidades de projetos culturais”, ressaltou.
De acordo com o produtor artístico Diego Leandro, o marketing para projetos culturais nada mais é do que ferramentas de trocas. “É pensar desde o que você tem para oferecer para uma pessoa, como essa pessoa irá receber isso e como ela irá desfrutar”, explicou.
Para isso, dentro do marketing tradicional, Diego Leandro explica que o processo pode ser dividido pelas quatro letras “P”, que significam: produto (ou propósito), preço, praça e promoção.
Os propósitos, de acordo com ele, precisam compreender quais são os benefícios, qual será o impacto, qual transformação pretende, que tom de voz será aplicado e qual é a identidade desse projeto. O preço está relacionado à viabilidade e considera o custo, quem financia, se será gratuito, pago e se esse valor é justo.
A praça está relacionada a onde está o público, o que ele consome, por quais canais de distribuição e qual é a concorrência. Já a promoção considera a comunicação, como promover o projeto e com quais objetivos.
A etapa seguinte é o plano de ações que, de acordo com Diego Leandro, tem como base as metas o planejamento e os resultados. "É importante criar pontos de atenção, sempre com aquilo que você enxerga. Não é preciso ser acadêmico, apenas que seja possível visualizar o contexto todo e entender o passo-a-passo de cada ação para o propósito do produto final".
A oficina foi acompanhada por mais de uma centena de pessoas pelo Zoom, além de ter transmissão simultânea pelo YouTube. A íntegra pode ser revista no canal oficial da Escola do Legislativo, clicando neste link.
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