EM PIRACICABA (SP) 11 DE MAIO DE 2020

Diretora detalha ações realizadas pelo Centro de Controle de Zoonoses

Eliane Carvalho, diretora do Centro de Controle de Zoonoses de Piracicaba, participou da live no Instagram do Parlamento Aberto, na última sexta-feira (8)




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Entrevista foi conduzida pelo jornalista Erich Vallim Vicente





Na tarde da última sexta-feira (8), a live do Instagram do Parlamento Aberto recebeu a veterinária e diretora do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) de Piracicaba, Eliane Carvalho. A entrevistada detalhou como funciona órgão que é ligado à Secretaria Municipal de Saúde, a prevenção de doenças transmitidas pelos animais e também como cuidar dos animais domésticos nessa época de pandemia do novo coronavírus.

No local, que funciona com funcionários públicos e terceirizados, tem uma equipe que trabalha com a fauna sinantrópica, que são os escorpiões, baratas, roedores, pulgas e carrapatos, que causam, de alguma maneira, dano à saúde.

Outra ação do CCZ é a dedetização dos postos de saúde a cada seis meses. “Muitas pessoas conhecem o CCZ só pelo canil, pelas diversas atividades que realizamos por lá. Mas ele é um setor que faz parte para prevenir as doenças que vem de cães e gatos que podem chegar à população humana. Em Piracicaba, também realizamos, por meio do canil, as campanhas de vacinação, castração e adoção”, explicou.

Também no CCZ há um laboratório que recebe amostras de animais da população ou pesquisa de funcionários, que definem, por exemplo, as espécies dos escorpiões, qual a região que mais aparece, se as larvas que são dos mosquitos transmitem a dengue ou não, e também dos morcegos que podem estar contaminados de alguma doença.

“Somos um laboratório de identificação. Depois de identificados, encaminhamos para o CCZ de São Paulo que faz o exame de raiva, no caso dos morcegos, por exemplo. Também temos o programa Educação e Saúde em que realizamos palestras, tanto no CCZ quanto em empresas e escolas com o intuito de levar informações à população”, relembrou.

A veterinária também comentou sobre como funciona o calendário de trabalho do CCZ, conforme a sazonalidade do município. De acordo com ela, os insetos se proliferam em época de bastante calor, umidade e chuvas. Isso ocorre de outubro a abril, em que os maiores problemas são pernilongos comuns, mosquitos transmissores da dengue e escorpiões.

Na época de inverno, segundo a entrevistada, não há problemas com esse tipo de situação. Já na primavera, destacam-se os morcegos e os roedores que são os ratos comuns.

A campanha da raiva é executada todos os anos no município, tanto na zona rural, de maio a julho (períodos secos), quanto na zona urbana de setembro a novembro. “Esse ano, por causa da pandemia, há possibilidade de não ter campanha contra a raiva. Hoje temos uma quantidade de vacinas que usamos na rotina do serviço, ou seja, vacinar os animais que estão alocados no serviço e vacinas a cães e gatos que tiverem contato com morcegos. Por enquanto, aguardamos a secretaria estadual de Saúde para definir sobre a campanha da raiva”, contou.

CORONAVÍRUS - De acordo com a veterinária, todos os setores do CCZ tiveram que se reinventar durante a pandemia. No combate à dengue, por exemplo, as visitas de rotina tiveram um grande aumento na recusa. Os atendimentos estão sendo realizados de forma mais emergencial. “Por exemplo, uma pessoa liga pedindo informações sobre o combate de escorpiões em seu imóvel. Isso hoje não é considerado como urgência, então fazemos o atendimento pelo telefone e por enquanto não estamos tendo problema com isso”, destacou.

Em relação aos cães e gatos também é a mesma coisa, como citou Eliane. “Quando há alguma situação de risco com o animal, como por exemplo, atropelamentos, estamos atendendo. Não suspendemos as cirurgias de castração, mas também com critérios, sem aglomerações e com uso de máscaras”, contou.

Eliane defendeu que a companhia dos animais nessa época de pandemia é um dos pontos cruciais da união das famílias. “Há muitas pessoas adotando os animais, mas isso não significa que depois disso elas os abandonarão. Temos um cuidado muito grande com as famílias que adotam os animais daqui, por isso, sempre mantemos o contato com elas”, salientou.

A entrevistada elencou alguns cuidados que os donos tem que ter com seus animais durante a pandemia, principalmente ao leva-los para passear. A veterinária reforçou que a higiene é primordial não só nessa época, pois os animais convivem muito perto com os humanos, seja no sofá, na cadeira ou na cama. Ela citou que eles devem ser bem limpos, vermifugados e vacinados corretamente sob a orientação de um médico veterinário.

Durante a pandemia, como citou, é importante que os donos limpem as patas de seus animais, seja com álcool em gel ou sabão. Para aqueles que colocam as meias nos pets, é necessário também a sua limpeza quando se retorna para casa.

Eliane também destacou os cuidados em torno da ingestão de carnes. "O hábito de comer carne crua pode gerar algum problema, quando não estão bem cozidas ou assadas", disse, ao citar, como exemplo, a doença taenia solium - um verme comum em suínos e que até hoje tem pessoas que são acometidas por ele. "É uma zoonozes que vai para o cérebro."

"O que sempre pedimos é que se tem uma suspeita da doença não tenha acesso a outras pessoas e animais. Pedimos que todos vacinem seus animais, não só a raiva. O veterinário deve ser consultado para saber qualquer situação que o animal tenha. Também é importante que o ambiente seja sempre limpo e organizado, sem acúmulo de lixo para evitar outras zoonozes", alertou.

MORCEGOS – Por conta do aparecimento de morcegos na cidade, a diretora do CCZ também lembrou do trabalho de manejo destes mamíferos, que é realizado desde 2002, por conta de um caso em que houve raiva bovina no Município. “Desde então, começamos a fazer uma vigilância passiva, ou seja, a equipe só sai para recolher esse morcego caso ele esteja doente, caído, vivo ou morto, em qualquer lugar. Eles são recolhidos e enviados a laboratório”, contou.

Segundo ela, não é considerado uma vigilância ativa porque é proibido fazer a coleta ativa deles, uma vez que são extremamente importantes para a natureza, seja por sua alimentação ou defesa de outras doenças.

“Quando uma pessoa ver um morcego caído vivo ou morto, acione o CCZ para que passem as informações necessárias para que possamos orientar a fazer o recolhimento com segurança ou para que nós façamos isso. Caso esse morcego seja diagnosticado com a raiva, iremos entrar em contato imediatamente com a família que teve o contato com ele para que as medidas sejam tomadas”, alertou.

Em relação aos cães e gatos que tiveram também o contato, devem ser vacinados. Já as pessoas, devem procurar as unidades de pronto atendimento que definirá quais são as medidas a serem tomadas.

O primeiro exame de raiva, de acordo com ela, que é realizado em São Paulo, tem o procedimento de pegar o cérebro do animal e examinar. Isso demora 24 horas e não é 100% conclusivo. O outro exame pegará o cérebro do morcego e colocará nos ratos do laboratório e isso demorará 30 dias, pois tem que dar o tempo do animal receber o vírus e desenvolver a doença. 

As vacinas, em relação à raiva, são produzidas por laboratório do Paraná com ela é controlada a raiva no Brasil. Em 2009, como contou Eliane, houve um problema com a vacina, porque alguns animais tiveram reações. A partir de 2010, foi produzida uma nova vacina para evitar estes problemas. "Primeiramente, a vacina chega nos estados e depois aos municípios. Os laboratórios que fabricam são de qualidade e existe ainda um monitoramento feito pelo governo federal", salientou.

O Centro de Controle de Zoonozes de Piracicaba é localizado na rua dos Mandis, s/n, Jardim Parque Jupiá. Mais informações: 3427-2400.

Saúde Parlamento Aberto Coronavírus

Texto:  Ana Caroline Lopes
Supervisão de Texto e Fotografia: Valéria Rodrigues - MTB 23.343
Revisão:  Erich Vallim Vicente - MTB 40.337

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