EM PIRACICABA (SP) 29 DE OUTUBRO DE 2019

Gilmar Rotta leva à Semtre proposta de capacitação de pessoas surdas

Presidente da Câmara levou representante do Grupo Libras Piracicaba e Região para detalhar a demanda ao secretário José Luiz Ribeiro




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Cursos de português, cozinha e informática são os prioritários, porém há outras áreas de formação

Crédito: Sidney Jr


A educação formal e a ampliação de oportunidades no mercado de trabalho das pessoas surdas em Piracicaba são defendidas pelo presidente da Câmara, o vereador Gilmar Rotta (MDB), que levou à Semtre (Secretaria Municipal de Trabalho e Renda) representante de grupo regional para apresentar ao secretário José Luiz Ribeiro a proposta de criação de cursos de português, cozinha e informática.

A intenção é que o Executivo encontre mecanismos para a inclusão dessas pessoas no mercado de trabalho e ainda desenvolva iniciativas de capacitação. A demanda do Grupo de Libras Piracicaba e Região é ainda maior e contemplaria cursos em outras áreas, como costura e modelagem, cuidados com bebês, fotografia, artesanato, logística, maquiagem, auxiliar administrativo, manicure, cabeleireiro, inspetor de qualidade, entre outras.

Gilmar Rotta explicou ao secretário os pilares do projeto Câmara Inclusiva e lembrou que o assunto já foi apresentado ao prefeito Barjas Negri, que esteve na Casa de Leis para participar do encontro “Associação: empoderamento e liderança”, realizado pelo parlamentar em 15 de setembro.

“Identificamos que o atendimento às pessoas surdas acima dos 18 anos é falho. Alguns até conseguiram estudar, mas não possuem oportunidade de crescimento nas empresas. Em um dos relatos que recebi, por exemplo, o profissional de engenharia mecânica ocupa vaga de ajudante de produção”, contextualizou, ao lembrar de uma moção de apelo, de sua autoria. 

Segundo a professora de surdos Beatriz Aparecida dos Reis Turetta, do Grupo Libras Piracicaba e Região, a educação bilíngue (português e Libras) desde a educação infantil permitiria a acessibilidade das pessoas surdas em todos os espaços. “A gente tem uma história educacional que não lhes garantiu essa estrutura. Não são todos os surdos com a oportunidade de falar o português como falamos, mas todos têm condições de aprender o português escrito”, detalhou. “A língua é o que favorece e estimula a elaboração do pensamento”, completou ela.

Beatriz explica que a realidade do coletivo de surdos, hoje, é de uma maioria que domina apenas a Libras, com pouco conhecimento das palavras do português. Diante disso, ao buscarem uma vaga no mercado de trabalho, encontram dificuldades já na fase das entrevistas. Ainda de acordo com a professora, há os casos dos surdos com formação, porém com empregos abaixo do nível de escolaridade.

Conforme Beatriz, um curso de cozinha ou culinária contribuiria para que as mulheres surdas atuassem na produção de produtos nas próprias residências e gerassem renda familiar. No caso de informática, por exemplo, bastaria a inclusão de um tradutor e intérprete de Libras/Língua Portuguesa em cursos oferecidos pela prefeitura, enquanto a formação bilíngue (português e Libras) exige a atuação de um profissional especializado.

José Luiz disse que, no período em que atuou como presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Piracicaba e Região, conheceu de perto a realidade das pessoas com deficiência. No caso dos surdos, ele notou que muitas pessoas saíam da escola sem saber ler. “Recordo-me de uma empresa que precisava de 20 profissionais com deficiência, mas não havia candidatos que atendessem aos critérios de escolaridade para as funções”, disse.

Para o secretário, um dos caminhos seria a elaboração de um TAC (Termo de Ajuste de Conduta) entre Ministério do Trabalho, iniciativa privada e Poder Público, para que as empresas assumissem o treinamento. “Esse é um caminho a ser fomentado”, disse José Luiz, que solicitou a elaboração de projetos para os cursos de português e Libras, formalizando, assim, a demanda ao Executivo.

Além disso, José Luiz disse que estará nos próximos dias na Secretaria de Desenvolvimento Econômico e verificará se existe algo nesta área a ser oferecido pelo Governo do Estado de São Paulo. “Tenho a consciência de que se trata de um projeto novo, que demanda estudos do Poder Público e a busca por parcerias sociais com entidades e empresas”, disse o secretário.

Câmara Inclusiva Gilmar Rotta

Texto:  Rodrigo Alves - MTB 42.583
Supervisão de Texto e Fotografia: Valéria Rodrigues - MTB 23.343

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