EM PIRACICABA (SP) 10 DE AGOSTO DE 2022

Há 200 anos, Câmara era pivô da luta pela liberdade de um povo

Livro da historiadora Marly Therezinha Germano Perecin será lançado no aniversário do bicentenário




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Livro sobre os 200 anos da Câmara é fruto de anos de pesquisa desenvolvida pela historiadora Marly Therezinha Germano Perecin

Crédito: Davi Negri - MTB 20.499


A instalação da Câmara Municipal de Piracicaba, em 11 de agosto de 1822, ocorreu em meio a um cenário político de muitos conflitos no país. Foi nesse contexto de luta pela liberdade e de revolução social que surgiu a instituição que, há 200 anos, é pautada pela vontade popular. Os fatos históricos que resultaram no surgimento da Câmara e da Vila Nova da Constituição são retratados no livro “Uma comunidade do Oeste Paulista – Os duzentos anos de instalação da Câmara Municipal da Vila Nova da Constituição, 1822”, de autoria da historiadora Marly Therezinha Germano Perecin.

A publicação marca as comemorações do bicentenário do Poder Legislativo na cidade, cujo lançamento será realizado na sessão solene do aniversário da Casa, nesta quinta-feira (11), a partir das 19 horas, no Salão Nobre “Helly de Campos Melges”. O livro é fruto de uma pesquisa de vários anos desenvolvida pela historiadora, em consulta ao Setor de Gestão de Documentação e Arquivo da Câmara e também ao Departamento de Arquivo do Estado de São Paulo, além de manuscritos inéditos.

“Acrescentei o resultado das minhas próprias pesquisas ao longo dos anos, desenvolvi temas internos, aprimorei constatações, contextualizei o período no grande fluxo da história brasileira”, diz a autora, na introdução do livro. “Na Câmara Municipal de Piracicaba está uma das páginas mais importantes da nossa história brasileira. Não basta reconhecê-la, é preciso contar como tudo começou, ainda no século XVIII, para que se possa dar e compreender o seu verdadeiro significado”, reforça ela.

A Câmara se responsabilizou pela publicação de mil exemplares, que serão distribuídos gratuitamente neste ano de comemoração. A autora doou os direitos sobre a primeira edição do livro.

A professora Marly Therezinha Germano Perecin cursou a faculdade de História na PUC-Campinas, fez mestrado em História na PUC-SP e concluiu o doutorado em História Social do Brasil pela USP. É membro-fundadora do IHGP (Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba).

“A instalação da Câmara Municipal possui uma história incrível e belíssima”, destaca a professora Marly Therezinha Germano Perecin. “Muito original porque, desde o nascimento até a instituição da Câmara Municipal, Piracicaba foi diferente de todas as comunidades paulistas. Era uma freguesia ínfima, com uma igrejinha construída na margem direita do rio e já estava quase em ruínas quando foi necessário mudar a povoação para o outro lado do rio. E a povoação da margem esquerda só se desenvolveu quando a agroindústria canavieira adquiriu prestígio no oeste paulista”.

Contexto político - O livro sobre a instalação da Câmara foi produzido pela historiadora durante a pandemia. Ela lembra que as anotações já estavam prontas, após vários anos de pesquisa, e faltava apenas a construção narrativa. “A instalação da Câmara foi um fato problemático. Aconteceu 27 dias antes da Independência do Brasil, em meio a um conflito político que existia entre Brasil e Portugal, entre colonialistas e anticolonialistas, entre os que eram a favor da elevação da vila e os que eram contra”, contou. “O oeste se colocou em pé de guerra, a ponto de formar um exército de civis centrados em Itu e Piracicaba chegou a mandar militares caso houvesse uma guerra civil pela Independência do Brasil e pela regência do príncipe. Por isso, o príncipe Dom Pedro I manda seus cumprimentos à Câmara de Piracicaba por sua posição a favor da Independência”.

A historiadora destaca a postura da cidade em favor da liberdade. “A tomada de posição da Câmara a favor do príncipe e da Independência foi o ato mais bonito de toda a sua geração”, avaliou. Ela lembra que, nesse mesmo contexto em que Piracicaba era elevada à categoria de vila, acontecia uma revolução social dentro da cidade, situação que não se configurou no processo de formação de nenhuma outra comunidade paulista. O povo era formado pelas pessoas que não tinham o status de proprietários de terra e era denominado “gentalha” ou “ralé”, constituído por homens livres pobres, artesãos, jornaleiros, oficiais mecânicos, os trabalhadores em geral.

Foi essa “gentalha” que se colocou ao lado dos liberais e promoveu a revolução na cidade, derrubando as cercas das propriedades que invadiam o “rossio”, que eram as áreas que por direito caberiam à vila, ou seja, os espaços públicos. “Foi a primeira revolução social que vimos dentro das vilas paulistas”, conclui a professora. “Foi também durante a instalação da Câmara Municipal que Piracicaba aprendeu a votar e a escolher com uma certa liberdade os seus candidatos. Por isso, foi um momento de grandes conflitos, da luta pela liberdade e para fazer valer a vontade de um povo que era ignorado, que fez força para ser entendido. A escola da liberdade dos paulistas é a Câmara”.

Pesquisa - Esses e outros fatos históricos estão retratados no livro comemorativo ao bicentenário da Câmara Municipal de Piracicaba. Em 243 páginas, sete capítulos e conclusão, foram relatados acontecimentos retratados em documentos históricos, além da reprodução de imagens autênticas da época da instalação.

A capa conta com uma reprodução do óleo sobre tela “Mudança de Povoação”, de Alberto Thomazi, que integra o acervo do Museu Histórico e Pedagógico Prudente de Moraes. O projeto gráfico e diagramação do livro ficaram sob a responsabilidade dos designers Saulo Macedo e Luciano Negreiros, do Departamento de Comunicação Social da Câmara, e a supervisão de Rodrigo Alves, chefe do departamento.

“O conteúdo do livro é fantástico e a história é maravilhosa”, avalia o presidente da Câmara, vereador Gilmar Rotta (PP), que assina a apresentação do livro. “A professora Marly possui um conhecimento riquíssimo e ela conta a história com paixão por Piracicaba e pelo trabalho que faz”. Já o prefácio ficou por conta do ex-presidente da Câmara Municipal de Piracicaba, Antonio Messias Galdino.

200 Anos André Bandeira Ary Pedroso Jr Laércio Trevisan Jr Gilmar Rotta Paulo Camolesi Paulo Campos Pedro Kawai Gilmar Tanno Rerlison Rezende Valdir Marques Wagner Oliveira Zezinho Pereira Cassio Luiz Alessandra Bellucci Acácio Godoy Ana Pavão Josef Borges Thiago Ribeiro Gustavo Pompeo Rai de Almeida Anilton Rissato Fabricio Polezi Silvia Maria Morales Ciro da Van Marco Bicheiro

Texto:  Aline Macário - MTB - 39.904
Supervisão:  Rodrigo Alves - MTB 42.583

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