EM PIRACICABA (SP) 10 DE JULHO DE 2020

No auge da pandemia, petróleo sofreu queda histórica, diz especialista

Leandro Pavan, especialista em produção petrolífera, participou de live no Instagram do Programa Parlamento Aberto.




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Banco de Imagens Pxhere






Em meio à pandemia da Covid-19, o petróleo sofreu uma queda histórica, com preços que atingiram valores abaixo de zero. A paralisação da economia mundial fez com que a demanda pela matéria e seus derivados caísse drasticamente. Leandro Pavan, especialista em produção petrolífera, explicou nesta quinta-feira (9), em live no Instagram do Parlamento Aberto, que a queda vertiginosa foi causada pelo excesso de oferta do combustível e esgotamento de armazéns e tanques que suprissem a demanda das produções.

“Entre março e abril, havia cerca de 800 navios petroleiros estacionados nas costas dos Estados Unidos, servindo como tanques estacionários no mar”, disse Pavan. Segundo ele, a cotação internacional do petróleo ficou negativa pela primeira vez na história. As refinarias reduziram ao máximo os níveis de refino e produção de combustíveis, enquanto os estoques de petróleo aumentaram a ponto de os produtores não terem mais onde estocar a produção.

A indústria petrolífera, uma das mais valiosas fontes de insumos que o mundo tem, sofreu prejuízos sem precedentes. Pavan comparou o petróleo a uma torneira aberta jorrando água. “Abriu o poço, tem que extrair. Há a possibilidade de diminuir a pressão e reduzir a vazão, mas não tem como impedir o fluxo.”

De acordo com ele, os excedentes de petróleo já eram percebidos no mundo antes mesmo do início da pandemia. Em meados de setembro de 2019, a Rússia e a Arábia Saudita, dois dos maiores exportadores do mundo, protagonizaram uma “guerra comercial” entre si, acelerando, em grandes níveis, a extração do petróleo.

Em dezembro, no entanto, autoridades da China alertaram para o surgimento, na cidade de Wuhan, de uma série de casos de pneumonia de origem desconhecida, que depois, conforme constatado, se tornaram epidêmicos. Com isso, a importação do combustível pelo país asiático, um dos principais importadores do mundo, foi paralisando aos poucos, provocando impacto de proporções globais.  

“Quando a pandemia foi declarada no mundo já havia uma enxurrada de petróleo no mercado. Por consequência, diversas nações decretaram o 'lockdown', fechando, inclusive, as fronteiras. As produções russas e sauditas não contavam com isso”, reiterou Pavan.

No Brasil, a crise repercutiu de diferentes formas. Sendo o petróleo a principal matriz energética do país, por um lado, a queda nos preços ajudou a reduzir os custos energéticos e de transportes; por outro, as empresas e transportadoras paralisaram suas atividades e as pessoas evitavam o deslocamento.

“O petróleo, por ser o combustível que impulsiona a economia do mundo, tem amarrações em contrato; se o combustível não sair do porto, o exportador passa a pagar multas diárias de 30 mil dólares. Por isso, foi preferível vender a preços negativos a pagar os valores das multas”, explicou o especialista.  

A perspectiva, segundo ele, é de um retorno progressivo agora, no segundo semestre, devido a medidas adotadas para o combate da pandemia. Em junho, por exemplo, as produtoras de diesel já deram sinais de recuperação, batendo recordes na produção.    

Pavan avaliou, ainda, que a pandemia foi um “divisor de águas” para a indústria do petróleo. “Nos deparamos com uma nova realidade que, possivelmente, transformará a indústria de combustíveis fósseis.” Para ele, a indústria automobilística, uma peça importante do setor de petróleo, é um exemplo de produção que, em breve, abandonará a dependência total do petróleo ao aderir ao carro elétrico.

As inovações e os investimentos em energias sustentáveis garantirão, principalmente, a redução dos impactos ambientais, considerando que os motores a gasolina são responsáveis por pouco mais de 20% das emissões de dióxido de carbono no mundo.

ACESSE O CONTEÚDO!

As lives do programa Parlamento Aberto são realizadas no perfil do Instagram, que pode ser acessado em @parlamento_aberto. As entrevistas também podem ser acessadas no canal do YouTube do Departamento de Comunicação da Câmara de Vereadores de Piracicaba e, ainda, no podcast produzido pela Rádio Câmara Web, que está anexado nesta matéria. Para receber as informações do Parlamento Aberto direto no celular, cadastre-se na lista de transmissão do Whatsapp neste link.

Parlamento Aberto Coronavírus

Texto:  Raquel Soares
Supervisão de Texto e Fotografia: Valéria Rodrigues - MTB 23.343
Revisão:  Ricardo Vasques - MTB 49.918

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