A Escola do Legislativo "Antonio Carlos Danelon – Totó Danelon", da Câmara Municipal de Piracicaba, promoveu nesta segunda-feira (21) palestra sobre o Plano Municipal de Arborização Urbana, dentro da programação da Simapira (Semanas Integradas do Meio Ambiente de Piracicaba). O evento abordou os principais pontos do plano, recentemente publicado pela Prefeitura, além de expor um diagnóstico da arborização urbana na cidade e as principais ações estratégicas para sua melhoria.

O encontro contou com a participação da diretora da Escola do Legislativo, a vereadora Silvia Morales (PV), do mandato coletivo A Cidade É Sua, e da vereadora Rai de Almeida (PT). Como palestrantes convidados, estiveram presentes o mestre engenheiro agrônomo Lucas Dias Sanglade e o engenheiro agrônomo, mestre e doutor Henrique Servolo.

De acordo com Henrique Servolo, é possível definir arborização urbana como o plantio de árvores na zona urbana dos municípios. "O estudo, a pesquisa e a inteligência dessa arborização precisam ser pensados em construções, vias públicas, casas e tudo o que isso traz, desde a rede elétrica até o encanamento", ressaltou.

Árvores plantadas em vias públicas, parques e praças fazem parte, de acordo com ele, dessa arborização urbana, que é responsável por atenuar a poluição atmosférica e sonora, melhorar a qualidade de vida dos cidadãos no entorno e proporcionar maior conforto térmico e psicológico.

Dessa forma, continuou Henrique, os benefícios da presença de árvores em centros urbanos podem ser ecológicos, estéticos, econômicos e sociais, com impacto direto na melhoria do microclima. "Uma rua arborizada e uma não-arborizada são microclimas e neles podemos medir a diferença climática", explicou.

O consultor ambiental apontou que os benefícios ecológicos de um microclima podem ser observados na sensação de bem-estar em áreas específicas de uma cidade, cujas condições atmosféricas são diferentes da zona exterior.

"Isso acontece porque as folhas absorvem a radiação solar e proporcionam uma sombra mais fresca e, além disso, as árvores diminuem a velocidade dos eventos e aumentam a umidade do ar, amenizando a poluição", reforçou.

Primordiais para combater as chamadas "ilhas de calor" existentes dentro de um centro urbano, as árvores, reforçou Henrique, têm importância ao repelir o aumento das temperaturas.

"Em Piracicaba, é perceptível a diferença de conforto entre ruas que não possuem árvores e as que possuem, e a melhor forma de combater essas ilhas de calor é com o plantio de árvores, seguindo sempre, para isso, a legislação e estudos específicos de plantio de cada cidade", destacou.

Além de "limpar" os poluentes atmosféricos, as árvores conseguem absorver óxido, dióxido de nitrogênio, dióxido sulfúrico e outros poluentes que costumam elevar a temperatura local.

"Outro benefício trazido pelas árvores é a purificação da água. Ao envolver o solo, as plantas funcionam como um filtro natural e retentor de águas. Quanto mais árvores presentes na cidade, melhor é o escoamento durante as tempestades e mais limpo o recurso será", observou Henrique.

Na segunda parte do evento on-line, o engenheiro ambiental Lucas Dias Sanglade abordou o tema "restauração ecológica", ciência que, de acordo com ele, teve sua definição modificada ao longo do tempo. Lucas explicou que, em 2004, a SER (Sociedade Internacional de Restauração Ecológica) definia o termo como "um processo de auxílio na recuperação de um ecossistema que está degradado, danificado ou destruído", mas hoje o mesmo órgão considera a restauração como "qualquer atividade com o objetivo de alcançar uma recuperação substancial do ecossistema em relação a um modelo de referência apropriado".

É necessário, de acordo com Lucas, compreender a diferença entre restauração, recuperação e recomposição. "Lá atrás, o termo 'recuperação' incorporava os sentidos de restauração e reabilitação, o que ficava muito bagunçado", disse.

O engenheiro explicou que a "recuperação" denota uma série de atividades que visam à melhoria das condições ambientais de um ecossistema degradado, incluindo ações de engenharia ecológica, recuperação de áreas degradadas, reabilitação e restauração ecológica.

Já a "restauração" promove melhorias próximas às condições anteriores à intervenção ou de ecossistemas de referência, para devolver ao local o equilíbrio e a estabilidade dos processos atuantes. E a "reabilitação" aproveita áreas degradadas para outra finalidade.

Segundo Lucas, a restauração aplicada de fato requer dois processos com definições básicas, sendo o primeira a restauração ativa, que diz respeito à intervenção intencional, com o objetivo de acelerar e influenciar a trajetória sucessional de um ecossistema. "Essa restauração vai se dar por um conjunto de técnicas, sendo as principais delas a semeadura direta e também o plantio de mudas em áreas totais, que já não tem resquícios do ecossistema de referência", explicou.

O outro tipo de restauração é chamado de “restauração passiva”, que trata de um retorno espontâneo de um ecossistema degradado rumo a um estado de trajetória desejável pré-existente, por meio de resiliência, sucessão ou recuperação natural. "Essa é uma condição considerada restaurada, sem intervenção humana", ressaltou o engenheiro ambiental.

Lucas concluiu dizendo que "não existe uma receita de bolo para a restauração ecológica" e reforçou que "os praticantes de restauração necessitam de elevado treinamento em diversas áreas do conhecimento, com investimento e valorização".

A palestra foi acompanhada por pessoas inscritas via Zoom, além de ter transmissão simultânea pelo YouTube. A íntegra pode ser revista no canal oficial da Escola do Legislativo, clicando neste link.