EM PIRACICABA (SP) 23 DE SETEMBRO DE 2020

Pessoa com deficiência visual relata adaptação à nova condição física

Márcio Domingues falou sobre cegueira em live do Programa Parlamento Aberto




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Pessoa com deficiência visual total, Márcio Domingos participou de live no Instagram do Parlamento Aberto





Márcio Domingues perdeu a visão há quatro anos e desde então ele precisa lidar com sua deficiência visual total. Atendido pela Avistar (Associação de Atendimento à Pessoas com Deficiência Visual de Piracicaba), Márcio aprendeu uma nova profissão e está tentando se adaptar à locomoção com bengala e fazer atividades do dia a dia sem que ninguém precise acompanhá-lo. Na série especial do Programa Parlamento Aberto sobre acessibilidade, Márcio falou sobre os desafios da cegueira, na live desta terça-feira (22).

Na live, o entrevistado contou que foi difícil aceitar a cegueira. Ele teve uma bactéria na retina que acarretou no deslocamento dela e, segundo ele, foi tão forte e rápido que não deu tempo de salvar a visão.  Após um período de “luto”, Márcio passou a aceitar sua condição e começou a frequentar a Avistar com assiduidade, tendo aulas e contato com outras pessoas com deficiência visual. “Fui aprendendo a me locomover, com a ajuda da bengala, uma coisa que eu achava que não ia conseguir fazer novamente e hoje eu consigo. Eu faço tudo o que eu fazia de uma forma diferente”, contou.

Aposentado por invalidez após perder totalmente a visão, Márcio Domingues relata que precisou se aposentar porque não estava preparado para trabalhar e no momento ainda não está. Ele conta que não tem a intenção de ficar parado e quer voltar a trabalhar. Na Avistar, Márcio fez um curso de massoterapia e disse ter se encontrado. Ele pensa em investir em novos cursos e novas coisas para voltar ao mercado de trabalho.

Ao ser questionado sobre a empregabilidade para os cegos, o entrevistado afirmou que a empregabilidade da pessoa com deficiência visual total é muito pouca. “Quando é baixa visão ainda consegue, mas deficiente visual total é muito difícil, as pessoas não buscam muito não” disse. Para ele, o cego total é “uma coisa muito complexa para as empresas” e como elas precisam cumprir a cota para pessoas com deficiência, acabam contratando pessoas com outros tipos de deficiência. “A gente pode tudo, do nosso jeito, mas a gente pode tudo”, afirmou.

Sobre a acessibilidade, Márcio relatou que a pessoa com deficiência visual tem muito medo de andar na rua, pelo fato de as calçadas da cidade serem intransitáveis, devido aos buracos e degraus. “Não adianta por piso tátil em tudo se a calçada está cheia de buracos, se o piso tátil não vai do nada a lugar nenhum”, desabafou. Ele disse não anda sozinho no centro porque lá tem piso tátil (faixas em alto-relevo fixadas no chão para fornecer auxílio na locomoção de pessoas com deficiência visual) que termina no poste. Segundo o entrevistado, a cidade precisa de mais sinaleiros sonoros para ajudar os cegos.

Para Márcio, a ajuda das pessoas é bem-vinda, entretanto, reclamou que algumas delas querem ajudar mas não sabem como. “Tem gente que já chega pegando no braço e arrastando, precisa perguntar se o deficiente precisa de ajuda e se ele precisar, ele vai te ensinar como pode ajudar”, afirmou.

A tecnologia do celular que lê tudo que está na tela e envia mensagens por comando de voz, e os aplicativos de transportes são os aliados de Márcio quando ele precisa se comunicar e se locomover, já que ainda não conseguiu aprender braille (sistema de escrita e leitura tátil para as pessoas cegas). Na entrevista, ele agradeceu o apoio da esposa Liliane e do filho Mateus, que tinha 13 anos quando ele ficou cego, “A família é a base de tudo”, disse.

O programa Parlamento Aberto, da Câmara de Vereadores de Piracicaba, exibe, de 14 a 25 de setembro, uma série de lives em seu perfil no Instagram voltadas a ampliar a conscientização da população sobre os direitos da pessoa com deficiência e o desenvolvimento de ações necessárias para sua acessibilidade e inclusão nas diversas esferas da sociedade, conforme prevê o decreto legislativo 51/2019. As transmissões têm início sempre às 17h.

ACESSE O CONTEÚDO

As lives do programa Parlamento Aberto são realizadas no perfil do Instagram, que pode ser acessado em @parlamento_aberto. As entrevistas também podem ser acessadas no canal do YouTube do Departamento de Comunicação da Câmara de Vereadores de Piracicaba e, ainda, no podcast produzido pela Rádio Câmara Web.

Para receber as informações do Parlamento Aberto direto no celular, é possível se cadastrar na lista de transmissão do Whatsapp neste link.

 

Parlamento Aberto Câmara Inclusiva

Texto:  Daniela Teixeira - MTB 61.891
Supervisão de Texto e Fotografia: Valéria Rodrigues - MTB 23.343

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