Vereador prestigia solenidade de valorização do policial militar
'Racismo estrutural' precisa ser combatido, alerta professor em live
Noedi Monteiro participou de live no Instagram do Parlamento Aberto, na tarde da última sexta-feira.
Noedi Monteiro foi entrevistado em live do programa Parlamento Aberto no Instragram
Crédito: Davi Negri - MTB 20.499O racismo estrutural, intrínseco às relações humanas, vai muito além da postura e do comentário discriminatório. Para o professor e historiador Noedi Monteiro, o racismo é uma construção social, perpetuada ao longo das gerações, e que ainda se manifesta, como se por osmose, no inconsciente das pessoas.
Em live no Instagram do Parlamento Aberto, na tarde da última sexta-feira (24), Monteiro explicou que o racismo pode ser observado, por exemplo, quando se assume que a pessoa de pele preta está escondendo ou fugindo de algo; quando o branco se recusa a sentar ao lado do negro no ônibus; ou, até mesmo, quando são designadas a essa população apenas funções subalternas de trabalho.
A conduta racista está, conforme observou o historiador, impregnada nas estruturas da sociedade segmentada pela hierarquia racial, que se utiliza do discurso opressor para naturalizar o domínio, em todos os aspectos sociais, sobre a população negra, beneficiando-se da sua dor. “Desde que os africanos chegaram ao Brasil, com toda a sua bagagem cultural, somos subestimados, desumanizados e reduzidos a nada”, atestou.
Segundo ele, mesmo com os avanços na legislação e a criação de politicas afirmativas, o racismo é institucional e privilegia um determinado grupo de indivíduos, em detrimento de outros, baseando-se apenas na cor da sua pele. “É um sistema que protege as demais culturas, mas criminaliza a nossa. Até há pouco tempo, a história dos negros contada nas escolas o resumia a condição de escravo. Todas as nossas conquistas foram ignoradas até 2003, quando criaram a lei 10.639, que determina que os conteúdos referentes à cultura afrobrasileira sejam desenvolvidos em todos os âmbitos do currículo”, reiterou.
Embora o racismo nunca tenha deixado de existir, Monteiro avalia que há no mundo, neste momento, maior visibilidade às causas e conquistas da população negra, observada no aumento da produção acadêmica —como teses, documentários e TCCs (trabalhos de conclusão de curso)— voltados a questões esclarecedores acerca do negro. “Ainda é preciso ressignificar a existência do negro, não só para o sistema, mas para ele próprio. Precisamos rever os feitos das pessoas negras e creditá-las por isso”, afirmou.
Ele explicou, ainda, que houve, além de tudo, um ordenamento jurídico para que o negro fosse tratado como criminoso e alguém sem direito. Episódios recentes de violência policial contra a população negra, como o assassinato de George Floyd, nos Estados Unidos, e do menino Miguel, em Recife (PE), evidenciaram que o racismo, tanto no mundo como no Brasil, vai além dos séculos de escravidão.
“Precisamos combater de frente o racismo institucional e estrutural. A violência contra nosso povo foi banalizada, nos acostumamos a olhar para casos como esses e nos conformar. Precisamos nos organizar e sensibilizar as pessoas, convocá-las para a luta, mesmo se tiverem medo”, ressaltou.
RACISMO ESTRUTURAL - Na semana de 20 a 24 de julho, as lives do Parlamento Aberto foram focadas na discussão sobre o racismo estrutural. Leia mais sobre:
Advogada incentiva mulheres a lutar por equidade de gênero e de raça
Presidente do Conepir relata conquistas em defesa da população negra
Pesquisa com bancários revela desigualdade racial no meio financeiro
Advogado relata atuação do Legislativo no combate às desigualdades
ACESSE O CONTEÚDO
As lives do programa Parlamento Aberto são realizadas no perfil do Instagram, que pode ser acessado em @parlamento_aberto. As entrevistas também podem ser conferidas no canal do YouTube do Departamento de Comunicação da Câmara de Vereadores de Piracicaba e, ainda, no podcast produzido pela Rádio Câmara Web. Para receber as informações do Parlamento Aberto direto no celular, cadastre-se na lista de transmissão do Whatsapp neste link.
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