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Saúde não pode ter 'ministro interino tanto tempo', diz Nelson Teich
Ex-ministro da Saúde foi o convidado desta quarta-feira do programa "Parlamento Aberto Entrevista", da Câmara de Vereadores de Piracicaba.
Ex-ministro Nelson Teich durante o programa "Parlamento Aberto Entrevista"
Sabatinado pelo programa "Parlamento Aberto Entrevista", da Câmara de Vereadores de Piracicaba, na tarde desta quarta-feira (29), o ex-ministro da Saúde Nelson Teich classificou como "ruim" o fato de a pasta, diante da crise gerada pela pandemia da Covid-19, permanecer sem a oficialização de um titular desde quando foi sucedido pelo general do Exército Eduardo Pazuello, interino há 75 dias.
"Objetivamente falando, acho ruim. Quando você não oficializa a pessoa, você de alguma forma não a está legitimando plenamente. Numa situação como essa, não ter um ministro oficial, até para que ele possa exercer a liderança mais plena, é ruim. Não estou dizendo que não pode ser o Eduardo; pode ser ele, mas para mim não pode ser um ministro interino tanto tempo numa situação como essa", disse o médico oncologista, que comandou a pasta por 28 dias.
Teich criticou a redução da atuação do ministério a questões funcionais, em prejuízo de sua importância na articulação de políticas públicas de saúde. "Preocupa hoje vê-lo ser avaliado como repasse de verba e logística. Isso pode ser importante, coordenar o sistema, mas a discussão do Ministério da Saúde tem que ser sobre o que está acontecendo com a doença, qual a mortalidade, como está a qualidade de vida. Para mim, o ministro tem que estar legitimado para ter a força necessária para conduzir."
Teich respondeu a perguntas sobre o tema "A pandemia e os desafios na área da saúde" por 1h30. Ao vivo, com tradução em Libras e a apresentação dos jornalistas Fábio Alvarez, da TV Câmara, e Erich Vallim Vicente, do Departamento de Comunicação, o "Parlamento Aberto Entrevista" abriu espaço para a participação do secretário municipal de Saúde, Pedro Mello, e de jornalistas de veículos de imprensa da cidade.
Segundo titular a comandar o Ministério da Saúde durante a pandemia do novo coronavírus, Teich, 63, sucedeu Luiz Henrique Mandetta. Ele tomou posse na pasta em 17 de abril, quando o Brasil registrava 33.759 casos confirmados de Covid-19 e 2.143 óbitos, e a deixou em 15 de maio, dia em que o país atingiu 218.223 registros da doença e 14.817 mortes. Até esta quarta-feira (29), os dados apontam 2.483.191 casos e 88.539 óbitos.
O uso, defendido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), da cloroquina para o tratamento da Covid-19 foi uma das divergências que Teich teve de enfrentar no período em que foi ministro. "Eu entendia a posição do presidente, respeitava o que ele acreditava. Ele tinha uma posição de acreditar em alguma coisa, não era uma posição técnica", analisa o médico, acrescentando que mesmo colegas de profissão são a favor da adoção da substância, que segue sem eficácia comprovada.
"Ali o presidente tinha uma forma de conduzir e pensar e eu tinha outra, isso era muito claro. Mas eu trabalhava para que aquilo não interferisse no dia a dia do ministério. Hoje a cloroquina é trabalhada mais como uma crença que como um remédio. A ciência tem etapas e muitas vezes o que é produzido é tornado realidade. A cloroquina teve um estudo in vitro e foi vendida como remédio que trata a Covid. A própria forma como a imprensa veicula cria expectativas que não existem. É muito fácil falar em ciência, mas fazer acontecer em meio a essa situação toda é complicado", avaliou.
Teich criticou o Conselho Federal de Medicina, que em abril liberou a prescrição da cloroquina para o tratamento de casos de Covid-19. "A postura do conselho foi ruim quando autoriza o uso do remédio sem comprovação. Toda vez que existem opiniões diferentes dificulta levar à sociedade um consenso para que ela incorpore aquilo como verdade. Não é simples trabalhar a ciência, fazê-la carro-chefe."
Pedro Mello observou que, como a recomendação do uso da cloroquina deriva da conversa do médico com o paciente, a Secretaria Municipal de Saúde "não interfere nesse processo", já que o ato médico é "soberano". "Cada um tem sua responsabilidade, caneta e carimbo e prescreve aquilo que supostamente é o convencimento dele. Enquanto não é ciência, a secretaria não vai interferir."
O presidente da Câmara, Gilmar Rotta (CID), dirigiu-se a Teich e Mello no começo do programa e enalteceu a oportunidade de receber o ex-ministro da Saúde no "Parlamento Aberto Entrevista". "Agradeço ao ministro, que trabalhou arduamente em Brasília à frente do combate ao coronavírus e é excelente profissional, a quem devemos o maior respeito, e a Pedro Mello, que está conduzindo muito bem o combate em Piracicaba."
Integraram a bancada de entrevistadores do programa, representando veículos da imprensa local, os jornalistas Adriana Ferezin, da Gazeta de Piracicaba, Beto Silva, do Jornal de Piracicaba, e Daniella Oliveira, de A Tribuna Piracicabana.
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