EM PIRACICABA (SP) 24 DE MARÇO DE 2021

Secretário de Saúde não descarta uso de barreira sanitária na cidade

Vereadores participaram de reunião sobre procedimentos que entrarão em vigor no sábado (27)




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Gilmar Rotta conduziu reunião na manhã desta quarta-feira (24)




A adoção de barreiras sanitárias para reduzir a circulação de pessoas de cidades vizinhas em Piracicaba para conter a proliferação do novo coronavírus não foi descartada pelo secretário de Saúde, Filemon Silvano, ao responder aos questionamentos dos vereadores sobre os nove dias de restrições rígidas que a cidade passará.

Ele participou de reunião, na manhã desta quarta-feira (24), por meio do aplicativo Zoom. "Piracicaba é um polo, as pessoas gostam de vir para os pontos turísticos. O nosso medo é que outras pessoas, da cidades vizinhas, viessem usufruir de nossa cidade durante o feriado. E depois nós pagaríamos as contas", declarou.

Segundo o presidente da Câmara, vereador Gilmar Rotta (Cidadania), várias dúvidas chegaram aos gabinetes dos parlamentares após as medidas restritivas serem anunciadas pelo prefeito Luciano Almeida (Democratas). "Como os vereadores são cobrados constantemente, consideramos ser importante que os secretários pudessem esclarecer os dados do município, para que as informações adequadas sejam repassadas à população", disse.

O secretário Filemon Silvano e o subsecretário Augusto Muzilli Junior reforçaram que as medidas entram em vigor no próximo sábado (27) e seguem até o Domingo de Páscoa (4 de abril). "Somos contra o lockdown, mas passamos da linha tênue. Estamos com os leitos de UTI e ambulatoriais próximos da lotação e problemas para a aquisição de insumos", informou Silvano. "A cidade possui 400 mil habitantes, porém, é referência para 1.535.000 pessoas", completou. 

Silvano não descartou a adoção de barreiras sanitárias durante o período, porém, sem apresentar detalhes. Ele adiantou que as universidades e as escolas públicas e particulares estão incluídas nas medidas restritivas e não poderão funcionar presencialmente no período.

Segundo ele, o prefeito Luciano Almeida se reuniu com representantes de vários setores ligados à indústria e ao comércio para definir as medidas e um novo decreto deve ser publicado em breve. Silvano disse ainda que a previsão é que em 14 dias a cidade chegue ao pico máximo da transmissão e que a maior preocupação tem sido com as mortes e contágio cada vez mais frequentes da população jovem. 

Utilizando dados da última terça (23), Silvano informou que a taxa de ocupação era de 98% dos leitos de UTI e 76% de enfermaria. Segundo ele, a cidade possui 133 leitos de UTI cadastrados, sendo 81 públicos e 52 privados, distribuídos em 19 na Santa Casa, seis no Hospital Fornecedores de Cana e 27 na Unimed. Já os leitos de enfermaria correspondem a 193, sendo 106 públicos e 87 privados. “Outros 25 serão abertos no COT (Central de Ortopedia e Traumatologia) e 40 com a ampliação da UPA do Piracicamirim", informou.

A prefeitura também pode aproveitar uma área no estacionamento do Hospital Regional Zilda Arns para a construção de um hospital de campanha, informou Silvano. Segundo ele, a estrutura interna do Hospital Regional não será aproveitada, porque houve negativa da administração do hospital, ligado à Unicamp. "O pedido foi enviado, mas recebemos a negativa da gestão do hospital e o prefeito esta pedindo um hospital de campanha no estacionamento."

Além disso, a administração encaminhou pedido para a direção do Hospital Ilumina, de implantação de 20 leitos de enfermaria. "Estamos aguardando o orçamento deles para fazermos a parceria", esclareceu, ao citar ainda a busca de alternativas em Campinas, Rio das Pedras e Charqueada. "Além da falta de medicamentos, temos problemas com a mão de obra, não há profissionais na região. Chamamos 80 pessoas da enfermagem, mas apenas 15 vieram", enumerou. 

A parceria com a Santa Casa e Hospital dos Fornecedores de Cana será fundamental para que a cidade não fique desabastecida de insumos. "Fiz uma videoconferência com todos os hospitais, combinamos de fazer uma troca, quando necessário. A gente tenta padronizar por ordem de prioridade os medicamentos. Estamos criando ainda um protocolo com a Santa Casa e o HFC, para montar o processo de compra coletiva." 

QUESTIONAMENTOS – Todos os vereadores puderam apresentar seus questionamentos aos secretários, que respondeu uma a uma das questões, por ordem de inscrição. 

O vereador Aldisa Vieira Marques, o Paraná (Cidadania), relatou ter recebido fotografias de supermercados aglomerados e Silvano disse que embora o aumento tenha sido percebido, ele não é significativo.

Favorável ao apelo feito pelo secretário, a vereadora Ana Pavão (PL) aproveitou para desmentir um áudio enviado por uma médica, de que os hospitais estariam sem oxigênio. Sobre a questão, Silvano disse que foi aberto processo administrativo e está em fase de elaboração um boletim de ocorrência. 

Silvia Morales, do mandato coletivo A cidade é sua (PV), questionou sobre o aproveitamento da estrutura da antiga Clínica Amalfi, porém, Silvano disse que o trabalho de readequação é inviável. O mesmo ocorre no antigo Hospital Unimed, na avenida Carlos Botelho. Ele também desmentiu a informação questionada pela vereadora sobre desvio de vacinas e disse que se isso ocorrer será acionado o Ministério Público.

Josef Borges (Solidariedade), que solicitou os números sobre a ocupação dos leitos no município, também defendeu as restrições, porém, reforçou a necessidade de diálogo com as cidades vizinhas, para que medidas semelhantes sejam adotadas.

Wagner Oliveira, o Wagnão (Cidadania), disse que a situação do município é assustadora e defendeu que os gestores pressionem o governo estadual para a destinação de infraestrutura. 

Rai de Almeida (PT) questionou a escolha da prefeitura pela estrutura do COT, em vez da UPA da Vila Cristina. "A Unidade da Vila Cristina faz de 500 a 600 atendimentos, o COT faz 300. Não tem como separar atendimento Covid no Vila Cristina, seria inviável misturar a população. O COT tem alas grandes, que permitem separações nos atendimentos", esclareceu.

Já Paulo Henrique (Republicanos) quis saber sobre fechamento de lavanderias e segundo Silvano "o que nao der para fechar será trabalhado o mínimo possível, pois a orientação é diminuir a circulação de pessoas nas ruas".

Pedro Kawai (PSDB) citou o exemplo de São José dos Campos, que implantou recentemente um hospital de referência da Covid. Segundo Silvano, a iniciativa naquele município teve recursos empresariais, o que permitiu a obra em funcionamento por 40 dias. 

Acácio Godoy (PP) defendeu que as forças de fiscalização atuem de forma intensa no período, para que os esforços não sejam perdidos, enquanto Thiago Ribeiro (PSC) defendeu que a prefeitura aprimore a comunicação entre Câmara e população em geral. Paulo Camolesi (PDT) também se mostrou favorável às restrições e Gustavo Pompeo (Avante), que se disse contra o lockdown, parabenizou o prefeito pela coragem.

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Texto:  Rodrigo Alves - MTB 42.583
Supervisão de Texto e Fotografia: Valéria Rodrigues - MTB 23.343

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