EM PIRACICABA (SP) 10 DE AGOSTO DE 2020

Testagem em massa reduziria gastos do Estado, diz pesquisador

Coordenador da Frente de Diagnósticos da Força Tarefa de Combate ao Covid-19 da Unicamp participou da live da última sexta-feira (7) do programa Parlamento Aberto




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Alessandro Farias participou da live de sexta-feira (7) do programa Parlamento Aberto





“Eu garanto para você que uma semana do Brasil em lockdown paga todos os testes necessários para o Brasil ser o país que mais testou no mundo”, disse o coordenador da Frente de Diagnósticos da Força Tarefa do Covid-19 da Unicamp, Alessandro dos Santos Farias, na live de sexta-feira (7) do programa Parlamento Aberto.

O pesquisador, que está há 150 dias à frente da ação criada pela Unicamp para fornecer respostas relacionadas ao diagnóstico do novo coronavírus, criticou a falta de plano de contingência no País. De acordo com ele, o foco na testagem em massa evitaria o grande número de óbitos e infectados e também reduziria os gastos de emergência com a compra de respiradores e criação de leitos hospitalares para o atendimento dos contaminados.

Farias explicou que, por mais que nenhum país tenha de fato condições para lidar com uma situação de pandemia, a aplicação de plano de contingência evitaria a amplitude do cenário atual. Ele citou como exemplo a Alemanha, que realizou em torno de 500 mil testes por dia e, em dois meses de quarentena, estabeleceu situação favorável para volta gradual das atividades.

“Nós somos o último país dos 15 maiores países do mundo a ter o primeiro caso de Covid-19. Em 99% das vezes a gente não colocou isso em prática”, comentou Farias.

Para o combate efetivo da Covid-19, explicou o pesquisador, seria necessária a efetuação de testagem não somente para diagnóstico, mas para o controle do número de casos do novo coronavírus, o qual, segundo dados de sub-notificação, deve ser de cinco a sete vezes maior do que os dados calculados. Nesse contexto, o pesquisador afirmou que seria possível obter um índice mais exato do R-zero, taxa que identifica quantos indivíduos uma pessoa infectada contamina.

O plano também controlaria o número de casos de localidades que passaram pelo colapso do sistema hospitalar, como Manaus. Segundo Farias, já era esperado um grande número de contaminados nas regiões de São Paulo, Manaus e Rio de Janeiro, visto que os estados abrigam grandes aeroportos, contudo, a falta de articulação de estratégias para a testagem de quem estavam transitando por meio dos aeroportos, evitou o controle de casos.

Na live, o pesquisador frisou que a realização somente do teste, atualmente, não é suficiente para garantir imunidade ao vírus, já que o teste é um registro da condição da pessoa no momento. Pessoas que possuem contato frequente com locais de aglomeração, como motoristas de ônibus e entregadores, por exemplo, precisam fazer o teste com frequência para ter a certeza de que não foram contaminados.

Neste sentido, Farias destacou trabalho da Força Tarefa de Combate ao Covid-19 da Unicamp, que atua por meio de frentes de trabalho no desenvolvimento de tecnologia e estudo com o Ministério Público do Trabalho para a testagem de profissionais de saúde, moto-entregadores, aldeias indígenas, entre outros. Através desta parceria, a Força Tarefa conseguiu a aprovação de projeto R$ 2,6 milhões para investimento na estrutura de testagem.

Durante a entrevista, o pesquisador falou sobre o método de classificação da situação do estado em relação ao Covid-19 criado pelo Governo Federal, que leva em consideração à porcentagem de leitos hospitalares ocupados. Para Farias, este índice não efetivo pois além dos casos confirmados do novo coronavírus, há pessoas contaminadas que não apresentam sintomas, os chamados assintomáticos, que também podem contaminar outros indivíduos.

“Uma porcentagem dos assintomáticos da semana de hoje, vai baixar no hospital na semana seguinte, e uma porcentagem do que baixa no hospital na semana seguinte, vai baixar na UTI na outra semana, então com a testagem você consegue ter uma previsão da ocupação de leitos com 10, 15 dias de antecedência, o que é super importante”, comentou.

Os testes para a detecção do Covid-19 também foram assunto da live. O pesquisador afirmou que o PCR é o único teste de diagnóstico do vírus, já que o teste sorológico identifica a presença de anticorpos e há organismos que não desenvolvem anticorpos mesmo após a contaminação. O teste PCR, no entanto, identifica a presença do vírus SarsCov-2.

Farias destacou a ação da força de trabalho para a criação de insumos para a elaboração de testes. Segundo ele, a criação de insumos auxiliou na criação de testes no período em que havia uma "corrida" entre os países para a compra dos insumos e a criação de testes.

ACESSE O CONTEÚDO

As lives do programa Parlamento Aberto são realizadas no perfil do Instagram, que pode ser acessado em @parlamento_aberto.

As entrevistas também podem ser acessadas no canal do YouTube do Departamento de Comunicação da Câmara de Vereadores de Piracicaba e, ainda, no podcast produzido pela Rádio Câmara Web.

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Saúde Parlamento Aberto Coronavírus

Texto:  Larissa Souza
Supervisão de Texto e Fotografia: Valéria Rodrigues - MTB 23.343
Revisão:  Erich Vallim Vicente - MTB 40.337

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