EM PIRACICABA (SP) 19 DE MAIO DE 2020

Após apelo da Câmara, Artesp anuncia revisão de praça de pedágio

Vereadores participaram de videoconferência com diretores da agência nesta terça-feira




Toque na imagem para aumentar



A Artesp (Agência Reguladora do Transporte do Estado de São Paulo) irá revisar a instalação de uma praça de pedágio no quilômetro 180 da rodovia SP-308 (Hermínio Petrin), que liga Piracicaba a Charqueada. A decisão surgiu após apelo da Câmara de Vereadores de Piracicaba, que sugeriu estudos para que o equipamento fique no KM 182 + 250 da rodovia.

A sugestão do novo trecho foi apresentada na manhã desta terça-feira (19), em reunião por videoconferência com os diretores da agência, Renata Dantas (assuntos institucionais), Alberto Silveira Rodrigues (operações) e Pedro da Silva Brito Júnior (investimentos), além de Fernando Hurtado, da assessoria parlamentar da Artesp.

De Piracicaba, participaram o presidente e vice-presidente da Câmara, Gilmar Rotta (CID) e Pedro Kawai (PSDB), além dos parlamentares Aldisa Marques, o Paraná (CID), Isac Alves de Souza (PTB), José Aparecido Longatto (PSDB), Laércio Trevisan Jr. (PL), Marcos Abdala (REP), Nancy Thame (PV), Paulo Henrique Paranhos (REP) e Oswaldo Schiavolin, o Tozão (PSDB). Houve ainda a participação do deputado estadual Roberto Morais (CID), do vereador de Charqueada, Wilson Tietz, e do representante dos bairros, Valdemar Correr.

Para o presidente Gilmar Rotta, a postura da Artesp é sensata. “Em nome da Câmara, agradeço os diretores por entenderem o nosso clamor, que é também o das comunidades de Santana e Santa Olímpia. A Câmara está atenta à demanda dos dois municípios, Piracicaba e Charqueada. Daremos o prazo para que façam o estudo e, assim que estiver pronto, teremos uma nova reunião”, disse.

O deputado Roberto Morais disse que está atento às discussões. “Sou da Comissão de Transportes da Alesp e fui o único deputado presente no movimento das comunidades. A praça de pedágio nas proximidades de Santana e Santa Olímpia provocará aumento de caminhões de lenha e treminhões das usinas de cana. Os bairros seriam destruídos em meia hora”, declarou ele, ao manifestar preocupação ainda com o isolamento das comunidades de Recreio, Santa Luiza, Córrego da Onça e Paraisolândia, em Charqueada.

Segundo o diretor de operações Alberto Rodrigues, o KM 182 + 250 não estava entre os trechos analisados pela Artesp e será necessário um novo estudo técnico. “Este é um novo local, que surgiu como consenso entre os vereadores. Precisamos de alguns dias para elaborar o trabalho e darmos uma posição dos impactos. Teremos outras reuniões, para avançarmos com os vereadores e o deputado. Quando pensamos em um pedágio, não se fala apenas de engenharia e trafego, mas de pessoas, por isso a preocupação social”, disse.

A diretora de assuntos institucionais da Artesp, Renata Dantas, informou que embora tenha ocorrido a assinatura de contrato com a empresa executora da obra, há a possibilidade de ser alterado o local em que ficará a praça. “Os contratos já preveem a alteração da localização. A escolha não é aleatória. No primeiro estudo, a sugestão era do KM 182. Recebemos contribuições e notamos problemas naquela localidade. Fizemos outro estudo, acompanhados de técnicos de renome no mundo, e chegamos ao KM 180. Mas estamos aqui para dizer que existe a possibilidade de rever”, declarou.

Os diretores mencionaram ainda que as comunidades localizadas próximas ao pedágio terão tarifa decrescente, uma espécie de tarifa social, além de construção de limitadores de altura e largura em vias com potencial de se tornarem rota de fuga.                        

As alternativas estudadas pela Artesp foram apresentadas pelo supervisor de equipe Leandro Cardoso Trentin: o KM 180 + 400, que traria aumento de 10 minutos e 3 quilômetros de percurso; o KM 183 + 600, que provocaria prejuízo ao pavimento do distrito de Santa Luzia, em Charqueada, e a necessidade de fechamento de dois acessos municipais, para evitar a fuga de tráfego; e o KM 187 + 100, descartado do projeto porque isolaria o distrito de Santa Luzia da mancha urbana principal de Charqueada, gerando desequilíbrio econômico-financeiro ao Estado.

Já o diretor de investimentos Pedro da Silva Brito Júnior comunicou que novos estudos podem ser concluídos. “A nossa linha de ação é a de resolver do melhor jeito possível para todos”, disse, ao reforçar ainda que a obra tem altos investimentos.

PREOCUPAÇÃO –– Os parlamentares que participaram da videoconferência endossaram a necessidade de revisão do projeto. O vereador Pedro Kawai (PSDB) disse que participou da audiência pública em Rio Claro, quando o pedágio foi anunciado. Para ele, a praça no KM 182 + 250 “não prejudica ninguém e não isola comunidades.”

Para Laércio Trevisan Jr. (PL), é preciso garantir o direito de ir e vir dos moradores. “O pedágio não pode taxar esses moradores. Tem que rever, a partir dos princípios constitucionais da legalidade, razoabilidade e moralidade. O KM 182 + 250 é o ideal”, disse.

A vereadora Nancy Thame (PV) comentou as peculiaridades dos bairros. “Seus pequenos produtores rurais estão sofrendo os impactos da pandemia. Os moradores precisam ter o direito do ir e vir para estudar e trabalhar. Mesmo que exista uma redução do valor da tarifa, será bastante impactante.”

Morador da região de Santa Teresinha, José Aparecido Longatto (PSDB) disse ser “partícipe e solidário ao conclamo das comunidades” e questionou a Artesp sobre melhorias nas rotatórias do bairro Parque Piracicaba e em frente ao posto Bigaton.

Já o vereador Tozão reforçou a unidade de pensamento dos vereadores, em torno da causa. “Temos, aqui, vários vereadores com a mesma ideia, mesmo que sejam de diferentes partidos.”

Na opinião do vereador Marcos Abdala (REP), é preciso que o impacto social da praça de pedágio seja levado em conta pela agência. “Eles dependem muito da cidade de Piracicaba, é um corredor natural para idas e vindas. Não somos contra o progresso, mas o pedágio acarretaria no aumento do custo de vida dos moradores”, declarou.

Vereador de Charqueada, Wilson Tietz disse que os moradores de seu município ficaram surpresos com o levantamento sendo realizado pela empresa Cape Engenharia para o KM 187, o que provocaria a divisão dos bairros Santa Luzia e Recreio. “Reforço que o KM 182 + 250 é o ideal”, disse.

Já Waldemar Correr, representante das comunidades, agradeceu ao apoio da Câmara. “Com todas as tecnologias que existem, é importante que as pessoas se pautem pelo parecer técnico, mas não se esqueçam dos problemas que nossos bairros enfrentarão. A gente agradece o apoio da Câmara, do prefeito e do deputado. Não podemos ficar separados do município de Piracicaba.”

Câmara José Longatto Laércio Trevisan Jr Paulo Henrique Gilmar Rotta Pedro Kawai Isac Souza Nancy Thame Marcos Abdala Osvaldo Schiavolin Valdir Marques

Texto:  Rodrigo Alves - MTB 42.583
Supervisão de Texto e Fotografia: Valéria Rodrigues - MTB 23.343

Notícias relacionadas