Achados: por quem os sinos dobram? ou... os sinos devem dobrar?
Clube dos solteiros teve dias esplendorosos no Theatro Santo Estêvão
Localizado onde hoje é a praça José Bonifácio, o antigo teatro abrigou em Piracicaba um clube destinado a rapazes, em variadas formas de solteirice que marcou o século 20
Clube dos solteiros teve dias esplendorosos no Theatro Santo Estêvão
Crédito: Davi Negri - MTB 20.499A Câmara Municipal de Piracicaba tem sob a sua guarda um rico acervo, composto por documentos de diferentes tipos e assuntos. Entre eles existem também algumas curiosidades, como o Livro de Atas do chamado "Clube dos Solteiros", conforme demonstra Giovanna Fenili Calabria, chefe do Setor de Gestão de Documentação e Arquivo, que também esclarece não haver informações sobre a procedência deste livro, mas que suas páginas contam a criação deste Clube, considerado uma sociedade de dança - conforme documento anexo abaixo - que teve como fundadores: Theodoro Marques, Waldomiro G. Ferrari, Victorio Zanin e Américo Ridolfo.
Tal entidade foi fundada no dia 31 de dezembro de 1918, na casa de Ítalo Galesi e batizada de "Clube dos Solteiros", nome este originário no absoluto solteirismo predominante na recente agremiação" - "clube dos solteiros, sem, todavia, ser celibatário". Numa segunda fase do Clube, o palco dos acontecimentos se passou para os altos do Teatro Santo Estêvão, com a entidade devidamente registrada perante os Estatutos e apta a receber eventos.
O Clube conseguiu autorização para a instalação de uma mesa de ping-pong, o que resultou na realização de um campeonato interno. Concorreram 35 rapazes em sete turmas homogêneas assim determinadas: Solteiros Corriqueiros, Solteiros Fiteiros, Solteiros Casados, Solteiros Encrencados, Solteiros Indiferentes, Solteiros Ariscos e Solteiros Manhosos.
TEATRO - À Câmara foi apresentado um requerimento da Sociedade fundadora, pedindo um terreno que fazia frente à rua dos Pescadores (Prudente de Morais), e atrás da Cadeia desta Villa (Praça José Bonifácio), para ali fazer uma casa para Teatro. Posto em discussão, a Câmara deliberou que informasse ao suplicante e marcasse o terreno que precisaria para edificar a obra.
Registros históricos demonstram que um dos mais lembrados teatros de Piracicaba foi o Teatro Santo Estêvão, ilustre desconhecido das novas gerações. Ele se localizava na área próxima ao coreto da praça José Bonifácio, em continuação à rua São José. Foi uma obra de arte construída por iniciativa da família de Estêvão de Souza Rezende, o Barão de Rezende, razão pela qual se deu, ao teatro, o nome de Santo Estêvão. Grande proprietário de terras, de fortuna incalculável, praticamente toda a região central de Piracicaba pertencia ao Barão de Rezende, incluindo o quarteirão onde se localizava a antiga Prefeitura e a atual Câmara Municipal.
A história da construção do teatro, desde as suas origens, é uma saga. Por longos anos as obras ficaram paralisadas e, por ter servido de depósito de materiais de construção, foi chamado de “Olaria Santo Estêvão”. Sua reconstrução se deu em 1906. O Barão de Rezende doou o Teatro à Santa Casa de Misericórdia, da qual era benemérito e patrono. Em escritura passada em 15 de julho de 1922, a Santa Casa vendeu o imóvel à Câmara Municipal, ao preço de 80:000$000, à Santa Casa de Misericórdia.
Em 1951, o prefeito Aldrovandro Fleury autorizou a sua doação e derrubada para quem construísse, no local, um prédio de cinco andares com cinema. Não aparecendo interessados, o mesmo prefeito declarou a interdição do teatro em 25 de setembro de 1951. E sua derrubada foi autorizada em 20 de julho de 1953, pelo prefeito Samuel de Castro Neves.
ACHADOS DO ARQUIVO - a série "Achados do Arquivo" se pauta na publicação de parte do acervo do Setor de Gestão de Documentação e Arquivo, ligados ao Departamento Administrativo, criada pelo setor de Documentação, em parceria com o Departamento de Comunicação Social, com publicações no site da Câmara, às sextas-feiras, como forma de tornar acessível ao público as informações do acervo da Casa de Leis.
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