EM PIRACICABA (SP) 03 DE DEZEMBRO DE 2018

Comunicação é o principal desafio do surdo, diz supervisora da Apaspi

Entrevista mediada por André Bandeira faz parte do Fórum Municipal Permanente da Pessoa com Deficiência, em função do Dia Internacional das Pessoas com Deficiência.




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Entrevista com Denise Lourenço, supervisora pedagógica da Apaspi, foi transmitida ao vivo

Crédito: Lucas Machado


Transmitida ao vivo pela TV Câmara, a entrevista do vereador André Bandeira (PSDB) com a supervisora pedagógica da Apaspi (Associação de Pais e Amigos de Surdos de Piracicaba), Denise Cássia Lourenço, abordou as dificuldades do deficiente auditivo. O programa faz parte do Fórum Municipal Permanente da Pessoa com Deficiência, em função do Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, celebrado nesta segunda-feira (3).

Denise explicou que a Apaspi é voltada a crianças e adolescentes de 0 a 18 anos. Atualmente, a instituição trabalha com 41 jovens que passam por atendimentos fonoaudiológico e pedagógico. "A gente faz um trabalho para desenvolver o potencial desses jovens e sanar suas necessidades", disse.

A criança ou o adolescente são inseridos em uma oficina de Libras (Língua Brasileira de Sinais). A atividade é estendida também aos pais dos deficientes. "A família é a que tem mais dificuldade para aceitar que o filho é surdo. Na Apaspi, nós também trabalhamos isso e, se precisar, ensinamos aos pais a Libras", declarou.

De acordo com a supervisora, o maior desafio, e também dificuldade, para os deficientes auditivos é a comunicação. "Nos hospitais, em supermercados, por exemplo, eles não encontram uma pessoa preparada para recebê-los. É necessário expandir a Libras para todos os lugares", afirmou.

"Piracicaba carece de um curso de intérprete da Língua Brasileira de Sinais e o local mais próximo para uma pessoa se capacitar é em Campinas", citou. Denise comentou que os aplicativos de celular auxiliam bastante na comunicação do surdo hoje, para pedir algum serviço como delivery de comida, por exemplo, mas as pessoas não aceitam a escrita diferenciada deles.

"A língua primária deles é a Libras, por isso o português deles é processado. Temos que respeitar isso; a acessibilidade também está aí, em aceitar a forma como eles escrevem", explicou.

Denise falou também sobre a educação das crianças com deficiência auditiva. Existem, em Piracicaba, escolas municipais e estaduais com recursos e intérpretes para atendê-las e, segundo a supervisora pedagógica, os pais devem "lutar" para ter esse acesso. "No caso das crianças, a interação do surdo e do ouvinte na escola é natural. Na quarta série, a maioria já sabe Libras: é tão natural para as crianças aprenderem com o amigo que é surdo", relatou.

Em relação ao mercado de trabalho, a supervisora pedagógica comentou como as pessoas com deficiência impulsionam a produção de uma empresa. "No caso dos surdos, por exemplo, eles acabam desenvolvendo mais outros sentidos, como a visão. Com isso, tornam-se mais detalhistas e veem coisas que não vemos", afirmou.

"O surdo, no trabalho, busca fazer o melhor, porque ele foca!", exclamou. "Se uma pessoa com deficiência faz melhor, a gente se sente motivado a melhorar", disse. "O mundo precisa parar de reclamar, a gente reclama muito. Ter um deficiente dentro de uma empresa melhora a relação e a produção dela", declarou.

Fórum Pessoa com Deficiência André Bandeira

Texto:  Lucas Lima
Supervisão de Texto e Fotografia: Valéria Rodrigues - MTB 23.343
Revisão:  Ricardo Vasques - MTB 49.918

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