EM PIRACICABA (SP) 05 DE OUTUBRO DE 2022

Dia da Agroecologia celebra harmonia entre ser humano e natureza

Família do pesquisador Enéas Salati recebeu Medalha de Mérito Legislativo em memória do autor da teoria dos "rios voadores"




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Entidades e produtores rurais foram homenageados pelo Dia Municipal da Agroecologia; Medalha de Mérito Legislativo foi entregue à família do pesquisador Eneas Salati

Crédito: Davi Negri - MTB 20.499




Apresentada como a própria vida cultivada na terra, a agroecologia foi o tema central da reunião solene realizada nesta quarta-feira (5) pela Câmara Municipal de Piracicaba, em atendimento ao requerimento 532/2022, de autoria da vereadora Sílvia Morales, do Mandato Coletivo “A cidade é sua”. O Dia Municipal da Agroecologia está inserido no calendário oficial de eventos do município através do decreto legislativo 23/2019 e está integrado às atividades da 4ª Sapo (Semana de Agroecologia de Piracicaba Orgânica).

Entidades, instituições e agricultores ligados ao segmento foram homenageados no evento, que ressaltou a importância da preservação do meio ambiente e do incentivo à alimentação saudável. A mesa de honra da solenidade foi composta, além da autora do requerimento, que presidiu os trabalhos, pelo vereador Paulo Camolesi, membro da Comissão de Meio Ambiente da Câmara; pela representante da Sema (Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento), Natália Gebrim Doria; pela vice-prefeita do Campus Luiz de Queiroz, Tsai Siu Miu; pelo vice-diretor do Cena (Centro de Energia Nuclear na Agricultura), Luiz Antonio Martinelli, e pela vice-diretora acadêmica da EEP (Escola de Engenharia de Piracicaba), Maria Helena Santini Campos Tavares.

Ao usar a palavra, o vereador Paulo Camolesi destacou que estão em crescimento as comunidades dispostas a viver de forma integrada com a natureza, através da agroecologia. “Obrigado a todos os que abraçam essa causa de termos uma natureza melhor, alimentos sem veneno e de dar vida para a natureza”, destacou.

A vereadora Sílvia Morales listou as mais recentes contribuições com a legislação ambiental e voltada para a agricultura familiar no município e os avanços que têm sido obtidos com a questão. “Temos que ter a ciência aliada à sabedoria popular, ligada à agricultura limpa, que valoriza a sociedade”, avaliou.

Um dos homenageados, João Fernando de Almeida Benedetti, da Comunidade Sustenta Agricultura, discursou em nome dos demais e falou sobre a admiração pelo trabalho de cada um. “Minha admiração pelo empenho e pelo suor diário no trabalho com a terra. A terra nos ensina a sermos mais humanos”, colocou. “No Dia da Agroecologia, celebramos todos os anos o amor que o ser humano pode ter pela terra e pelo fruto que ela dá”.

Entre os homenageados, escolhidos por uma comissão composta por representantes de diversas instituições da cidade, estão:

Alexssandro Aparecido do Prado, Deisi Navroski e Sang Young Bae, do projeto Horta-Escola da Assupira (Associação de Surdos – Libras Piracicaba)

Márcia Renata Perin Bertolo e Vinicius Rodrigo dos Santos, da Feira Vegana e Agroecológica

Helena Christofoleti e José Ângelo Rizzato, do Sítio Santa Rosária

João Fernando de Almeida Benedetti, da Comunidade Sustenta Agricultura

Luis Milner, da Chácara Catavento

Maria Luísa Bonazzi Palmieri, da Estação Experimental de Tupi

Rodolfo Andrade de Gouveia Vilela e Reginalice Cera da Silva, da Chácara Cachoeira Comprida

Rosemeire da Silva Sena, do Distrito de Tupi

Luiza de Oliveira Silva, do projeto Quintal Agroecológico – Horta do Sesc Piracicaba.

Eneas Salati – A solenidade desta quarta-feira (5) também contou com a entrega da Medalha de Mérito Legislativo à família do pesquisador Enéas Salati, que morreu em fevereiro deste ano. A homenagem, também proposta pela vereadora Sílvia Morales, foi estabelecida através do decreto legislativo 32/2022.

A representante da Sema no evento, Natalia Gebrim Doria, fez uma interligação entre a comemoração do Dia da Agroecologia e a honraria ao pesquisador. “Hoje sabemos o quanto o estudo do professor Eneas Salati traz efeitos positivos para a produção de alimentos no Brasil. Vemos o quanto é importante fazer o reconhecimento da ciência e da vida”, salientou.

Professor Martinelli lembrou que Eneas Salati foi um dos primeiros a reconhecer a importância do bioma da Amazônia para todo o País. “Este reconhecimento é muito importante para a ciência no País, que tem sido muito castigada e deixada em segundo plano, assim como o meio ambiente”, colocou.

A vereadora Sílvia Morales lembrou que o pesquisador foi um dos pais do conceito dos “rios voadores” da Amazônia. “Dizem que a Amazônia é o pulmão do mundo, mas é também o coração porque bombeia chuva para as outras regiões do País”, afirmou, ao citar a pesquisa de Salati.

A Medalha de Mérito Legislativo foi entregue à viúva do pesquisador, Therezinha Salati, e aos filhos Eneida e Eduardo Salati. O agradecimento, na solenidade, foi feito pelo sobrinho do professor, Daniel Salati Marcondes, em nome da família. Ele lembrou que o tio foi indicado como um dos 100 melhores pesquisadores do País, em 1995 e em 2016.

“Rios voadores” – Nascido em Capivari (SP), em 1933, Eneas Salati formou-se na Esalq (Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”), em 1955. Teve atuação destacada pelo Cena, unidade da USP em Piracicaba, da qual foi diretor entre 1981 e 1985. Nos anos 1970, Salati usou a tecnologia mais avançada da física nuclear disponível até então para desvendar o transporte de umidade na floresta.

Em 1976, estimou que mais da metade do balanço hidrológico da região amazônica se devia à evapotranspiração – o “suor das árvores”. Após o desenvolvimento de pesquisas, a conclusão de Salati foi que a Amazônia “reciclava” a água: a umidade vinda do Atlântico desabava como chuva na floresta, era evaporada pelas árvores e formava novas nuvens, que choviam mais ao sul e assim sucessivamente, a chamada teoria dos “rios voadores”.

Ele ocupou os cargos de diretor do Instituto de Física e Química da USP – São Carlos, foi diretor do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), diretor técnico da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável, assessor do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), consultor do Banco Mundial e da IFC (International Finance Corporation).

Em relação à sua trajetória acadêmica, teve 146 trabalhos publicados, orientou o desenvolvimento de seis dissertações de mestrado e sete teses de doutorado. Ele foi cremado e teve as cinzas espalhadas na Reserva Ducke, que é uma área de mata do Inpa, perto de Manaus (AM). 

Confira, nesta página, o vídeo na íntegra da reunião solene.

Paulo Camolesi Silvia Maria Morales Homenagem

Texto:  Aline Macário - MTB - 39.904
Supervisão:  Rodrigo Alves - MTB 42.583
Imagens de TV:  TV Câmara

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