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Solenidade pelo 'Dia da Mulher Negra' emociona com homenagens e poema
Câmara reconheceu a trajetória de duas mulheres em evento em alusão ao "Dia Internacional da Mulher Negra, Latinoamericana e Caribenha", celebrado no próximo domingo.
Reunião solene teve homenagens pelo "Dia Internacional da Mulher Negra, Latinoamericana e Caribenha"
Crédito: Guilherme Leite - MTB 21.401Com homenagens a duas cidadãs tidas como referências de luta e a interpretação de um poema, a emoção predominou na solenidade realizada na tarde desta sexta-feira (25) pela Câmara Municipal de Piracicaba em alusão ao "Dia Internacional da Mulher Negra, Latinoamericana e Caribenha", celebrado no próximo domingo (25).
O texto forte declamado pela atriz Eva Prudêncio no encerramento foi aplaudido de pé pelos vereadores que promoveram o evento. Por conta das restrições sanitárias, a solenidade não teve a presença, no plenário, do público, que pôde acompanhar a transmissão ao vivo pela TV Câmara, via canais aberto e fechados e redes sociais.
O "Dia da Mulher Negra, Latinoamericana e Caribenha" teve origem mundialmente em 1992, após congresso na República Dominicana, foi instituído no Brasil em 2014 e integra as atividades da Câmara Municipal de Piracicaba há quatro anos, quando foi aprovado o decreto legislativo 11/2017.
A celebração da data em 2021 teve a iniciativa das vereadoras Silvia Morales (PV), do mandato coletivo A Cidade É Sua, Alessandra Bellucci (Republicanos), Ana Pavão (PL) e Rai de Almeida (PT) e do vereador Acácio Godoy (PP), todos autores do requerimento 35/2021. Foram homenageadas Jandira da Costa Assis e, em memória, Maria Aparecida de Araújo. Depoimentos de familiares e amigos de ambas foram ao ar em vídeo produzido pelo Departamento de Comunicação Social da Câmara.
Piracicabana, Jandira da Costa Assis, 60, é assistente social e trabalha há 31 anos na Escola Municipal "Dona Maria Guilhermina Lopes Fagundes". É voluntária, com atuação na Associação Corrente Solidária e na capela São Paulo Apóstolo, no bairro IAA. É ativista do Movimento Negro de Piracicaba, com participação na política de ações afirmativas e em eventos. Realiza anualmente a feijoada familiar "Orgulho Negro".
Maria Aparecida de Araújo nasceu em São Paulo e mudou-se ainda na infância para Piracicaba, onde se formou em administração de empresas e fundou, na década de 1970, junto com outras pessoas, o Movimento Negro local. Trabalhou no Teatro Municipal "Dr. Losso Netto" e no Salão Internacional de Humor. Morreu em março passado, aos 66 anos.
Por mensagem, Silvia Morales salientou que o dia 25 de julho "marca o reconhecimento da luta e da resistência das mulheres negras diante do racismo estrutural que ainda está presente". "Trata-se de uma data que lembra a busca para diminuir a situação de desigualdade social e de gênero em que vivem as mulheres negras. É preciso lembrar que as mulheres negras no Brasil foram, em toda a história, e ainda são a base que estrutura as relações sociais infelizmente marcadas pelo racismo e preconceito."
Acácio Godoy exaltou a personalidade de Jandira e recordou a "acolhida materna" oferecida por Maria Aparecida quando ele ingressou no Movimento Negro de Piracicaba. "O carinho com que me recebeu e ensinou me ajudou muito a amadurecer nessa caminhada. Ela e Jandira superaram batalhas sem perder o sorriso e a alegria, por isso representam tão bem a mulher negra brasileira, que é lutadora, guerreira, defensora da família e apoiadora de seus maridos no lar. Esta é uma luta de nós todos, de maneira a somar numa conduta de combate não racista."
A característica de Jandira e Maria Aparecida em "cuidar das famílias e ajudar o próximo" foi destacado por Alessandra Bellucci. "Apesar de todo o preconceito que existe, e vamos lutar sempre contra ele, tenho orgulho de essas pessoas homenageadas hoje levarem adiante o que temos dentro de nós: a luta pelo próximo, por aquele que precisa, sem nunca se esquecer de olhar para o menos favorecido. Acho que é isto que faz o mundo melhor: olhar a quem precisa", comentou.
Ana Pavão disse não gostar de usar o verbo "lutar", por remeter a guerra, "mas de outros três: 'resistir', 'construir' e 'avançar'". "Esses são os verbos que as mulheres negras trazem consigo historicamente: não tem uma de quem você não ouça uma história de resistência e vitória. A mulher não representa nenhum tipo de vitimismo; não podemos permitir que isso aconteça. Podemos fazer muito mais do que as pessoas imaginam, como mulheres", declarou.
Rai de Almeida emocionou-se ao falar de Jandira e Maria Aparecida. Ela conheceu ambas as homenageadas, às quais se referiu como representantes de "tantas mulheres negras na sociedade que passam por dificuldades e têm superado, firmes e fortes, essas lutas". "São mulheres de garra e fibra e que representam muito bem o que é o dia 25 de julho: um marco antipatriarcal, antirracista e antimachista. Somos resistência e luta, porque é por meio delas que vamos vencer todo tipo de preconceito", afirmou.
A reunião solene teve como último ato a interpretação do poema "Me Gritaram Negra", escrito por "Victoria Santa Cruz". Concluído com a frase "Eu existo, eu resisto", o texto gerou comoção. Jandira participou do evento pela plataforma virtual Zoom, enquanto os familiares de Maria Aparecida o acompanharam de suas casas. O vereador Thiago Ribeiro (PSC) prestigiou a solenidade presente no plenário.
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