Desde que a quarentena foi iniciada e com ela o isolamento social, academias e centros esportivos permanecem fechados. Consequentemente, muitas pessoas praticam exercícios físicos dentro de casa ou deixaram de fazer por falta de acompanhamento profissional. Para falar sobre esse assunto e como os profissionais de saúde enfrentam essa realidade, a live do Parlamento Aberto, recebeu, quinta-feira (18), o educador físico Eduardo Azzini.

Azzini contou que, na última segunda-feira (15), ele e mais 149 profissionais de saúde do município entregaram um protocolo de solicitação de reabertura de serviços essenciais à promoção da saúde ao prefeito Barjas Negri e ao secretário de Saúde Pedro Mello.

Segundo o educador, com a união desses profissionais, formou-se uma comissão com o objetivo de reabrir academias esportivas, institutos, clubes, grupos de corridas e afins com base nas orientações do CREF-4 / SP (Conselho Regional de Educação Física da 4 Região do Estado de São Paulo) e da ACAD (Associação Brasileira de Academias do Brasil), que seguem, respectivamente, as orientações da OMS (Organização Mundial de Saúde).

“Estudamos os protocolos e diretrizes e estamos tentando promover a saúde para as pessoas. Deixamos bem claro isso ao prefeito que nos atendeu e disse que encaminhará a solicitação ao secretário estadual de Saúde”, contou.

Dentro das medidas no documento está a de circulação dos espaços, atividades externas e centros de captação. Também fala sobre medidas de higienização, como, por exemplo, a cada duas ou três horas retirar todos do estabelecimento e fazer higienização completa.

“Esteiras, por exemplo, em vez de ser uma do lado do outra, terá que intercalar. O bebedouro precisará ser lacrado e todos os alunos, clientes e colaboradores terão que medir temperatura e, se apresentarem qualquer sintoma, o local irá entrar em contato com a vigilância sanitária e a pessoa não entrará na academia”, contou Azzini.

A ocupação simultânea do espaço de educação física deverá ser limitada a 35% da capacidade (recomendação 1 cliente a cada 6,25 metros quadrados). O espaço de exercício de cada cliente nas áreas de peso livre e nas salas de atividades coletivas deve ser demarcado no piso. No máximo 50% dos aparelhos de cardio e armários devem ser usados, com um distanciamento mínimo de 1,5 metro entre equipamentos em uso.

No final do documento, que está anexado, abaixo, nesta matéria, há um termo de responsabilidade que cada educador físico irá assinar após a abertura. O não cumprimento das normas e restrições estabelecidas ensejará à empresa e ao responsável as sanções cíveis e criminais (artigo 268 do Código Penal), previstas na legislação vigente.

“Somos profissionais da saúde e fomos deixados de lado. Somos capacitados para higienizar e seguir o protocolo de funcionamento. É uma coisa nova que não sabíamos como ia lidar, realmente não sei que ponto que nós perdemos o olhar da educação física como área da saúde”, disse.

CORONAVÍRUS X EXERCÍCIOS FÍSICOS – Segundo a Organização Mundial de Saúde quase metade da população brasileira, 47%, não pratica o mínimo de exercício para manter o corpo saudável. O recomendável é que se realize 150 minutos por semana, o que equivale a cerca de 30 minutos em cinco dias. O Brasil ainda lidera o ranking de sedentarismo da América Latina, sendo o quinto país mais sedentário do mundo.

Diante da atualidade e com muitas pessoas em casa, Azzini defendeu que os exercícios físicos funcionam não somente para performance e alcance de um biotipo, mas sim como prevenção de muitas doenças.

Ele citou, com base em dados da Associação Brasileira de Academias do Brasil, que a atividade física auxilia na imunidade em quadros mais vulneráveis, como doenças cardiovasculares, (que diminuem em 30% a chance de morrer), diabetes (70%), câncer (50%) e também na hipertensão e problemas pulmonares, que é onde o vírus da Covid-19 atua.

“Se você tem um sistema cardiorrespiratório forte e pegar o coronavírus provavelmente não irá para a UTI, evitando o colapso na saúde”, disse.

O educador reforçou que outras doenças, sem ser a Covid-19, que eram controladas pela prática de atividade física, passaram a ter mais incidência. “Claro que nenhuma morte é tolerável, mas também não podemos esquecer das outras pessoas que continuam morrendo de outras coisas”, alertou. 

EM CASA – Azzini orientou a população para a prática de exercício em casa, que, segundo ele, deveria ser acompanhada por um profissional da educação física.

Ele citou que as redes sociais e aplicativos tem sido um ótimo meio de acompanhar exercícios, porém, a resposta no corpo de cada um é de um jeito diferente, portanto, não é orientado que se faça o mesmo.

Os aplicativos também foram mencionados por Azzini que reforçou que sua medida é universal, portanto, não vai se encaixar nas medidas certas de cada usuário.

“Quem não tem a possibilidade de ter uma orientação, há várias lives, mas tem que tomar cuidado com a intensidade e com risco de lesões. Alguns exercícios comuns em casa, por exemplo para pessoas com mais idade, é levantar e sentar da cadeira. Quem mora em apartamentos o sobe e desce escada também é muito bom”, sugeriu.

Com a análise de um profissional feita corretamente, como reforçou o educador físico, ele entenderá suas patologias para que se prescreva um treino e chegue ao objetivo.

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