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Machismo Estrutural: palestra aborda maneiras de identificar opressão
Evento foi promovido pela Escola do Legislativo nesta quarta-feira (3).
Evento foi realizado na sala de aula da Escola do Legislativo
Crédito: Fabrice Desmonts - MTB 22.946Com objetivo de debater o machismo e como ele se manifesta no tecido social brasileiro, a Escola do Legislativo da Câmara Municipal de Piracicaba promoveu na quarta-feira (3), a palestra “Desnaturalização do Machismo Estrutural na Sociedade Brasileira e a importância da Lei Maria da Penha”. O evento foi realizado na Escola do Legislativo, no andar térreo do prédio anexo da Casa.
Com a palestra, a Escola buscou atingir a comunidade em geral, em especial educadores, coletivos feministas, grupos de masculinidades, profissionais do cuidado e atendimento, da área de psicologia e da assistência social, além de pais, mães e responsáveis pela educação de crianças.
Para discorrer sobre o tema, esteve o palestrante Helio Hintze, psicanalista, filósofo e pesquisador transdisciplinar, que realiza atualmente pós-doutorado na área de Formação de Educadores, a partir do tema da desconstrução do machismo. A diretora da escola, vereadora Silvia Morales (PV), do mandato coletivo ‘A Cidade É Sua’, foi quem mediou. Também esteve presente a vereadora Rai de Almeida (PT).
Na palestra, foram propostas reflexões que buscam identificar as formas de falar, sentir e pensar relacionadas ao patriarcado e analisar a construção dos discursos machistas. Complementando o tema, o ministrante também falou sobre a importância da Lei Maria da Penha para o combate à violência contra a mulher.
O conceito de machismo estrutural, de acordo com Helio Hintze se baseia na construção, organização, disposição e ordem dos elementos que compõem o corpo social, dando sustentação à dominação patriarcal, enaltecendo os valores constituídos como “masculinos” em direto e desproporcional detrimento dos valores construídos como “femininos” em todas as suas manifestações, em especial na mulher e nas sexualidades não heteronormativas.
Dessa forma, o psicanalista destacou que o machismo é organizado a partir de uma forma discursiva, construída a partir de determinada leitura sociológica da biologia, que considera o “masculino” como viril e de virtude moral. Além disso, os valores ditos como masculinos estão associados à força corpórea, o que é considerado como positivo em direta decorrência dos femininos que são construídos a partir da ausência desses valores físicos.
“Portanto, é feminina toda a ausência, falta ou negação dessa força física. No entanto, entendemos que não há, efetivamente, nada que instaure o masculino como superior ao feminino nos corpos dos sujeitos. Não existe nada natural que possa ser motivo de classificação ou hierarquização de valores morais entre ambos”, explicou.
Helio enfatizou que “é machista todo e qualquer entendimento que considere o masculino como naturalmente superior ao feminino”. No convívio social, ele pontuou que essas ações muitas vezes são subjetivas, como tratar como elogio um comentário invasivo, fazer piadas que diminuam as mulheres ou abordar como atitude cuidadosa, uma ação que despersonaliza e deslegitima aquela que é cuidada como sendo inferior.
Na formação social, o palestrante disse que as instituições reprodutoras e possíveis lócus de resistência de transformação são a família, que participa da formação das crianças e manutenção da naturalização do machismo; a escola, com educadores muitas vezes imersos no caldo cultural machista; e a igreja, que transcende o machismo como forma de naturalização.
LEI MARIA DA PENHA – Segundo Helio Hintze, a Lei Maria da Penha cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher. “A lei promove a ação de dar nome as coisas, uma violência que não é nomeada é muito mais difícil de ser identificada, combatida e educada preventivamente”, comentou.
Para conferir a íntegra da palestra, basta clicar no vídeo que acompanha a matéria.
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