EM PIRACICABA (SP) 30 DE JUNHO DE 2021

Combate à dependência química exige prevenção e trabalho em rede

Reunião pública ocorreu, na tarde desta quarta-feira (30), com representantes da Câmara, da Prefeitura e de corporações de segurança.




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Crédito: Guilherme Leite - MTB 21.401




A implementação de políticas públicas voltadas à qualidade da saúde mental e o combate à dependência química impõe ao poder público o desafio de um trabalho que, além de acontecer de forma preventiva, também deve unir ações multidisciplinares, em uma atuação que envolva uma rede protetiva, com envolvimento de especialistas em diversos setores e fortalecimento de vínculos familiares e sociais. 

“Não podemos demonizar quem faz uso de drogas, não se trata de falta de caráter, é uma doença e precisa ser vista desta forma, porque a pessoa se torna zumbi”, avalia o vereador Gustavo Pompeo (Avante), que, junto com Pedro Kawai (PSDB), coordena o Fórum Permanente de Saúde Mental e Combate à Dependência Química. Na tarde desta quarta-feira (30), o colegiado organizou reunião pública na Câmara. 

Autor do decreto legislativo que criou o fórum, Kawai ressaltou o papel da Câmara na construção de políticas públicas no Município. “Por aqui, passam diversas questões que influenciam diretamente na qualidade destes serviços, como o a política de orçamento, assim como outras discussões importantes”, disse. 

Secretária municipal de Desenvolvimento e Assistência Social (Smads), Euclídia Fioravante avalia que todo o atendimento realizado pela pasta é, de alguma forma, afetado pela dependência química. “Vulnerabilidade social é o primeiro fator de risco para o uso de drogas e álcool, principalmente”, aponta.

Ela cita a atuação dos CRAS (Centro de Referência em Assistência Social), “que atende no sentido de acolhimento das famílias que convivem com usuários de drogas”, pontua, e os CREA (Centro de Referência Especializado em Assistência Social), “focado no restabelecimento de casos que são resultados de violações de direito”. 

“A grande maioria da população em situação de rua tem o problema da dependência química, então, o trabalho passa ser um ‘enxuga-gelo’”, avalia. Para a secretária, a Smads tem dificuldade em contribuir para o restabelecimento da vida em sociedade da pessoa com adição, que não consegue emprego e ainda depende de tratamento. 

Euclidia sugere o caminho, como política mais efetiva, do trabalho da prevenção. Ela cita a atuação do CAPS (Centro de Atendimento Psicossocial), que articular atendimento junto às famílias para fortalecimento de vínculos. “Muitas vezes, dentro deste ambiente já existem dependentes que precisam de acompanhamento”, aponta.

O secretário municipal de Saúde, Filemon Silvano, destacou que a principal dificuldade de maior parte das entidades que se prestam a oferecer serviços de recuperação de dependentes químicos está na capacidade em obter qualidade compatível com o que determina a legislação. “Muitas casas não têm condições de atender”, disse. 

Filemon avalia que a pandemia potencializou tudo, “levou muita coisa ao extremo”, classifica, ao enumerar o aumento de ocorrências de brigas domiciliares originadas no uso de álcool e drogas em companheiros. “É uma situação em que o trabalhador perde o emprego, fica com o psicológico afetado, porque tem que cuidar dos filhos, não consegue comprar um litro de leite, e isso é a pior coisa que existe”, destaca. A solução, acrescenta, só será encontrada no debate permanente que o fórum da Câmara oferece. 

O vereador Fabrício Polezi (Patriota) também participou da reunião pública e avaliou que o Brasil está diante de um problema de “calamidade pública” por conta do uso de álcool e outras drogas. “São viciados em praças, em condições degradantes, famílias destruídas, futuros e esperanças destruídas”, destacou. 

Ele também repudiou o debate em torno da liberação das drogas levantados por alguns setores da sociedade. “A solução se dá pela prevenção”, defendeu. Ele relatou ter perdido amigos por causa do envolvimento com o tráfico e criticou a publicidade em torno da pessoa que é usuária. “Um Mc que morreu recentemente, só aparecia com cigarro de maconha e esse tipo é o popstar da escola, chegamos a esse ponto”, disse. 

Representante do Comad (Conselho Municipal de Álcool e Outras Drogas), Beatriz Fernanda Alves Fuentes destacou a importância do Setor de Saúde Escolar da Secretaria Municipal de Educação, como um órgão que pode articular as políticas de prevenção para serem levadas nas unidades de ensino. “É um tema bastante trabalhado, mas que sofre com o sucateamento de ações do Estado e, claro, por conta das medidas restrições impostas pela pandemia”, disse.

SEGURANÇA – O sub-inspetor Ronaldo Theodoro, da Guarda Civil Municipal, lembrou que o debate é “delicado” e que a corporação tem o olhar posterior ao uso, por conta de trabalhar autuação. Ele citou que a GCM tem um programa de palestras, focado a partir da quinta série do Ensino Médio, onde se trabalha questões sociais, envolvendo a prevenção às drogas, brigas e agressões. “Eu acho importante envolvermos neste tema algum representante do Esporte, porque é um sistema de ocupação”, disse.

O capitão da PM, Daniel Munhoz, citou o Proerd, programa desenvolvido nas escolas para a prevenção ao uso de drogas. “É um trabalho muito que, infelizmente, está dificultado por conta da pandemia”, destacou, ao lembrar que as ações tiveram que ser paralisadas, já que as aulas nas escolas também foram canceladas. “Chegamos a atender de 1.400 a 1500 crianças por dia, o que é um número expressivo”, disse.

Também acompanharam a reunião Fernando Ramos da Silva, assessor do deputado estadual Alex de Madureira, e Paulo Soares, presidente da Caphiv (entro de Apoio aos Portadores de Hiv/Aids e Hepatites Virais).

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Texto:  Erich Vallim Vicente - MTB 40.337
Supervisão:  Rodrigo Alves - MTB 42.583

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