Vereador pede complementação a respostas solicitadas em requerimentos
Escritora busca olhar para “além do óbvio” a pessoas com deficiência
Juliana Santos ministrou a palestra “O capacitismo no cenário dos novos paradigmas do futuro”, em evento do vereador André Bandeira (PSDB)
André Bandeira (PSDB) participou do evento no Salão Nobre "Helly de Campos Melges"
Crédito: Guilherme Leite - MTB 21.401O olhar sobre as pessoas com deficiência deve ser “para além do óbvio” e em busca de um entendimento fora de padrões. “Enquanto seres humanos, não somos produtos definitivos e feitos em série”, diz a escritora Juliana Santos, que, na tarde desta terça-feira (9), ministrou a palestra “O capacitismo no cenário dos novos paradigmas do futuro”, em evento do Fórum Municipal da Pessoa com Deficiência, coordenado pelo vereador André Bandeira (PSDB), e ocorreu de forma remota, em sala de reunião da plataforma Zoom.
Ela iniciou a programação do Fórum nesta semana, que ainda seguirá com outras duas atividades, uma nesta quarta-feira (10) e outra na sexta-feira (12), sempre às 9h, para debater assuntos apontados nos 12 capítulos da coletânea de artigos “Pessoas & dEficiências, organizada por Fabiane Favarelli Navega e Paulo César Tavella Navega.
“Eu quero abordar este tema sob três pontos: possibilidade, estimulando a enxergar além do óbvio; em torno de padrões que estão estabelecidos na sociedade e a partir de uma reflexão”, disse Juliana, ao concluir, “será que realmente penso sobre o que estou dizendo, ou será que realmente digo o que estou pensando”, sugeriu a palestrante.
Em sua explicação, Juliana abordou sobre a etimologia da palavra “especial”, que hoje é denota um limite ao ser direcionada a alguém com deficiência. “Vem do latim, em que significa ‘specialis’, ou seja, olhar para a aparência, para aquilo que é visível ou óbvio”, conceituou, ao enfatizar o seu convite “de ter um pensamento fora do comum”.
“A cultura do olho, ou seja, de tudo o que era superficial, era muito apreciado, agora estamos vivendo a cultura da língua, para explicar tudo o que temos, o desejo de sentir e interagir com intensidade, e assim formam novos paradigmas do futuro, e ele está em todos os lugares, em todos os âmbitos profissionais”, analisa Juliana, ao recordar sobre como era a concepção do mundo no final dos anos 1980, quando, por volta de seus nove anos, passou sentir os primeiros efeitos da síndrome que lhe tirou a visão.
Ela permeou sua abordagem com relatos de crianças, que, em formação em um mundo mais inclusivo, “com pensamento para além do óbvio”, pontua, conseguem ter maior habilidade em conviver com pessoas com deficiência. “O preconceito é um sentimento egocêntrico, já que normalmente alguém que não tenha uma deficiência se vê impossibilitada de viver caso ela estivesse no lugar da outra pessoa”, refletiu.
Juliana propõe a quebra de estigmas em torno das pessoas com deficiência. “O relacionamento acaba sendo pelo rótulo e não com o indivíduo, o que explica um comportamento como se todos fossemos da mesma forma”, disse, ao classificar essa posição como resultado de “uma preguiça intelectual”.
Após a palestra, o público também participou com perguntas a respeito da necessidade de se manter produtivo e o incentivo às atividades sociais pelas pessoas com deficiência.
“Esse evento tem o objetivo de trazer essa discussão de uma forma que possamos refletir sobre as nossas atitudes e, ainda, contribuir para formar um olhar mais qualificado em torno da pessoa com deficiência”, avaliou o vereador André Bandeira, que agradeceu a palestrante e os organizadores do livro, que estiveram presentes no evento. “A nossa intenção, nesta semana, é falar sobre o conteúdo deste livro”, acrescentou.
O evento foi acompanhado por representantes da Comissão dos Direitos da Pessoa com Deficiência, da OAB Piracicaba; do Numape, da Secretaria Municipal de Educação, do Simespi (sindicato patronal das indústrias de Piracicaba e região), da Apae, do Centro de Reabilitação de PIracicaba, da Selam (Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Atividades Motoras) e do Comdef (Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência).
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