Com visões positivas e saudáveis de lidar com o processo de envelhecimento, sete profissionais de diferentes áreas trouxeram orientações sobre direitos, relações interpessoais, saúde e bem-estar à roda de conversa realizada na Câmara, nesta quarta-feira (4), como parte das atividades da Semana Municipal do Idoso.

Autor do decreto legislativo que instituiu solenidade em comemoração à data, celebrada em Piracicaba no último domingo (1º) com a entrega de homenagens no Lar dos Velhinhos, o vereador André Bandeira (PSDB) destacou o conhecimento compartilhado pelo grupo de mulheres junto ao público que compareceu ao salão nobre ou assistiu à transmissão da TV Câmara.

"É sempre muito bom falar a respeito da participação do idoso na sociedade. Essas pessoas precisam viver com qualidade de vida, interagindo em atividades culturais, sociais, esportivas. E isso tem que ser trabalhado, pois lá atrás não se discutia essa questão", disse o vereador, no evento organizado em parceria com o Conselho Municipal do Idoso.

"Quando a pessoa vai envelhecendo, muitas vezes diminuem a mobilidade, a visão, a audição. E não é por causa disso que ela vai deixar de participar da sociedade; pelo contrário. Precisamos dar continuidade a isso, com políticas públicas voltadas à população de forma geral, para todos participarem onde e nos espaços em que quiserem", completou o parlamentar.

Participaram da roda de conversa a advogada Luana Bruzasco de Oliveira, a médica geriatra Mara Letícia Munoz, a psicóloga Roberta Borges, a nutricionista Andresa Garcia Mendes, a educadora física Pamela Gomes Gonelli e as assistentes sociais Elisangela Corte Real e Savana Fernandes.

A mediação coube à assistente social Maria Aparecida Catarino Bertaia, de 70 anos, depois homenageada por sua trajetória de vida e no serviço público. "Maria Aparecida se dedica mesmo, temos orgulho de tê-la como coordenadora no Cras e do trabalho que realiza no território do Mário Dedini", enalteceu a secretária municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, Euclídia Fioravante, também presente no evento.

Luana falou da necessidade de "discutir o envelhecimento como fenômeno social" diante do aumento de 11%, em 2012, para 15%, em 2022, da parcela da população brasileira com mais de 60 anos. Ela também destacou que o Estatuto da Pessoa Idosa, que completou 20 anos em 2023, "sai da ótica individual e passa para a coletiva" quando estabelece que o Poder Público deve assegurar "com absoluta prioridade" à pessoa idosa, entre outros direitos, "a convivência familiar e comunitária".

Mara chamou a atenção para as "principais doenças que assolam a saúde mental do idoso": depressão, ansiedade, insônia e demência. "Falar delas é importante, porque senão não temos o diagnóstico, um tratamento e a família não entende. O envelhecimento traz, sim, limitações, e entendê-las é importante para estabelecermos limites."

"A depressão é muito pior na terceira idade: o idoso fica recluso, perde o interesse que antes tinha nas coisas, começa a ficar mais irritado com situações simples. Já a insônia, se vira um hábito, gera problemas cardiovasculares e piora os pulmonares", afirmou a médica geriatra, que, ao falar sobre demências, destacou haver "tratamento disponível no SUS para grande parte delas".

Roberta contou estimular nos idosos reflexões sobre como cada um se posiciona no mundo e a responsabilidade pelos próprios atos. "Conversamos muito sobre isso em todos os grupos: quem eu sou, quem é o outro e como me relaciono. Não adianta só ficar reclamando; precisamos ser protagonistas."

A psicóloga criticou os que diminuem a pessoa idosa chamando-a de "vozinha, bonitinha, coitadinha". "Infantilizar o idoso é uma das coisas mais graves, de violação de direitos, que existem. Se infantilizamos, acabamos com a história dele. Uma pessoa de 70, 80 anos tem um repertório, um percurso; a sabedoria que ela tem ninguém vai tirar dela."

Andresa abordou dois efeitos que a piora na qualidade da alimentação traz para os idosos: a sarcopenia, em que há diminuição da massa muscular, e a desidratação. "Que é algo que precisamos ficar mais atentos, pois pode trazer problemas como aumento da pressão arterial, confusão mental e secura das mucosas."

Ela também alertou para a deficiência na ingestão de vitamina D e minerais como cálcio e ferro e recomendou que se privilegie a refeição "mais natural, feita em casa, com mais verduras". "O idoso acaba recorrendo aos alimentos processados, que são mais práticos e saborosos, mas agravam doenças como diabetes, colesterol e hipertensão."

Pamela ressaltou a importância do exercício físico, "para que o idoso seja independente", e citou os vários benefícios. "O exercício deixa a pessoa menos propensão a quedas e muitas voltam a conseguir dormir, saem da depressão e controlam a hipertensão e o diabetes. Cada um tem que fazer o que consegue e encontrar um exercício físico de que goste, o que é fundamental."

Elisangela enfatizou o valor do amor próprio e a preservação das relações familiares. "São essas pessoas, principalmente no processo de envelhecimento, que nos darão suporte e apoio em dificuldades, conquistas, tristezas e alegrias. É importante pensar no perdão, baixar a guarda, mesmo que você não tenha culpa, porque nos faz bem quando estamos em paz com a nossa consciência."

Savana relacionou os serviços oferecidos pelo município para a proteção e a integração das pessoas acima de 60 anos, a exemplo do Projeto Convivência e das atividades da Estação do Idoso. "O objetivo é propiciar convivência com as famílias, os demais idosos e a comunidade em geral. Os serviços de assistência estão ali para apoiar a pessoa a ser autônoma e protagonista de sua vida."