Vereadora encaminha demanda da sociedade civil à Semuhget
Exposição dá início a campanha de combate à violência contra mulheres
Intitulada "Marias Valentes", exposição inaugura campanha que pretende levar cartazes com mensagens de combate à violência contra as mulheres a diversos locais da cidade
Exposição pode ser vista no hall do Salão Nobre da Câmara Municipal de Piracicaba até o dia 31 de março
Crédito: Rubens Cardia (MTB 27.118)Foi inaugurada na tarde desta terça-feira (5), no hall do Salão Nobre “Helly de Campos Melges”, da Câmara Municipal de Piracicaba, a campanha “Marias Valentes”, que traz diversos cartazes produzidos por alunos do curso de Design Gráfico do Senac Piracicaba com o objetivo de sensibilizar a sociedade sobre a temática do combate à violência contra mulheres.
A campanha - que foi lançada com uma exposição que ficará na Câmara até o dia 31 de março -, marca a conclusão de uma etapa gestada no âmbito da Rede de Atendimento e Proteção às Mulheres de Piracicaba, composta pela Procuradoria Especial da Mulher da Câmara e por diversos atores governamentais e da sociedade civil.
O objetivo, agora, é que os cartazes, com frases e imagens alusivas à defesa e luta das mulheres, sejam replicados em larga escala e distribuídos em diversos locais da cidade, como em órgãos públicos, estabelecimentos comerciais, escolas e outros.
“Nós fizemos, hoje, esse lançamento. Faremos, ainda, algumas exposições desses cartazes para conhecimento da sociedade civil e, paralelamente a isso, nós vamos também buscar patrocinadores para produção desses cartazes, para que eles ganhem uma dimensão pública e a visibilidade que queremos, de forma a impactar a cidade. Que aqueles que ainda praticam a violência, ao entrarem em um lugar que tenha um desses cartazes, que eles possam ser impactados também, possam romper com o ciclo de violência que eles têm construído dentro de si”, disse a vereador Rai de Almeida (PT), Procuradora Especial da Mulher, após a cerimônia de lançamento.
“Iniciativas desse tipo são muito importantes para o combate à violência contra as mulheres. Nós temos alguns mecanismos aqui na Câmara, como por exemplo falas na tribuna durante as sessões e atividades da Escola do Legislativo, mas uma ação dessas, construída junto com os alunos e alunas do Senac, que pode se espalhar para diversos lugares, traz um impacto muito grande, com um visual que traduz o que é a violência contra as mulheres”, destacou a 1ª Procuradora Adjunta da Procuradoria Especial da Mulher, Silvia Morales (PV), do mandato coletivo A Cidade é Sua”.
O lançamento da campanha é uma das diversas atividades programadas em alusão ao “Mês da Mulher”.
Proposta - A ideia dos cartazes foi proposta em uma reunião da Rede de Atendimento e Proteção às Mulheres de Piracicaba por Célia Regina Rossi, professora doutora da Unesp (Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”), campus Rio Claro, e que também é coordenadora da Rede Acampa no Brasil, instituição dedicada à defesa da paz e do direito ao refúgio:
“Eu fui para Galícia, na Espanha, em 2019, e lá eu vi esses cartazes por todos os lados. Conversando com a Secretária de Direitos Humanos, ela me disse que eles tinham uma grande número de mulheres que sofriam violência, assim como aqui. Eu vi cartazes nos supermercados, nas lojas, nos postos de gasolina, em todos os lugares, especialmente onde os homens tinham contato com eles. E eu trouxe essa ideia em uma reunião da Rede, de fazer isso também na cidade de Piracicaba”, comentou.
A ideia foi bem recebida pelo grupo, e a proposta foi levada ao Senac Piracicaba - também participante da Rede -, que mobilizou professores e alunos do curso de Design Gráfico a fim de materializar nos cartazes os anseios debatidos pelo grupo e, de quebra, ainda possibilitar aos discentes um contato de cunho prático com os desafios do mercado de trabalho.
“É muito importante fazer com que o aluno saia da sala de aula e tenha o contato com o mercado real, com essa coisa de aprovação, dos entraves que a gente tem, do que pode e do que não pode. É também uma maneira do Senac, de alguma forma, devolver à comunidade aquilo que a gente também tem como benefício. É muito importante essa relação de comunidade-escola e, para os alunos, isso é super enriquecedor. No início do projeto foram 22 alunos engajados, e o mais legal de tudo isso é que a gente pôde levantar discussões políticas e comportamentais dentro de sala de aula, a partir do projeto”, destacou Rodrigo de Magalhães, professor do Senac Piracicaba que coordenou os trabalhos.
“Para nós é uma honra participar dessa campanha que é essencial para a cidade e para o momento social que vivemos. Para os alunos, isso representa uma grande oportunidade de materialização das competências que eles desenvolvem em sala de aula e, ainda, permite que eles se conectem com uma causa relevante, com esse grito pela não violência contra as mulheres”, corroborou João Carlos Goia, gerente do Senac Piracicaba.
Sarah Pereira dos Santos e Abba Vaz dos Santos Silva, alunas do curso de Design Gráfico que participaram da elaboração do material, em especial na concepção do logo da campanha “Marias Valentes”, reforçam o impacto do projeto em suas vidas, tanto em aspectos acadêmicos e profissionais, quanto em relação ao combate à violência contra mulheres:
“Tivemos uma experiência muito enriquecedora, com o contato com o cliente, com discussões entre nós. É um processo criativo que envolve também uma causa social, o que dá a ele uma importância ainda maior. A gente espera que esse projeto faça a diferença, ajude mulheres e conscientize a população. Não é uma luta só das mulheres, é uma luta de todos. Estamos muito felizes com o resultado”, diz Sarah, que explicou que o nome da exposição é alusivo a Maria da Penha, símbolo da luta pelos direitos das mulheres.
“Esse projeto nos trouxe essa sensação de contato com o mercado de trabalho, de que vamos usar esse conhecimento para muito além, e fazermos coisas baseadas nessa experiência. Foi um resultado muito bacana. Espero que esse cartazes sejam distribuídos e possamos vê-los por aí. Que eles toquem as pessoas, não só por um orgulho de artista, de ver o seu trabalho lá fora, mas elas tenham esse contato com a mensagem do projeto, essa reflexão a partir do que veio das nossas mãos”, concluiu Abba.
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