EM PIRACICABA (SP) 01 DE FEVEREIRO DE 2023

Falta d'água prossegue; vereadores e moradores cobram posição do Semae

Desabastecimento se arrasta há mais de três dias; parlamentares e moradores dos bairros afetados protestaram em frente à sede da autarquia.




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Crédito: Guilherme Leite - MTB 21.401


A falta de água que afeta a população de bairros da zona norte de Piracicaba avança pelo quarto dia com transtornos que se multiplicam. Paulo Roberto de Oliveira mora no Jardim Monte Rey 2 e, diante da louça suja acumulada desde domingo (29), quando as torneiras de sua casa secaram, teve de recorrer a marmitas e à ajuda oferecida pela irmã.

Ele foi uma das pessoas que, junto com os vereadores Cássio Fala Pira (PL), Acácio Godoy (PP) e Thiago Ribeiro (PSC), estiveram em frente à sede do Semae (Serviço Municipal de Água e Esgoto) para cobrar uma posição da autarquia. Após esperarem quase uma hora, os parlamentares tiveram a entrada autorizada. Dois funcionários os receberam, mas disseram não poder falar pelo Semae e que o presidente, Artur Costa Santos, não estava no local.

Uma nota anterior ao portal G1 Piracicaba justifica que a falta de água decorre de um roubo de respiradores há mais de duas semanas. Sem o dispositivo, a argila que compõe a proteção térmica entrou no reservatório do Boa Esperança e parte deste material seguiu pela rede de abastecimento, entupindo-a em vários trechos. Moradores reclamam que, apesar de haver promessa de restabelecimento, as casas seguem sem água.

"Desde domingo, às 3 horas da tarde, não tem água no bairro. A gente já ligou várias vezes no Semae: quando consegue falar, uma ligação eletrônica fala que entrou galho, areia, e não dá outras respostas. Eu mesmo tive que comprar marmita para comer, pois a louça ficou toda suja. Minha esposa teve que levar as roupas e a louça à casa da minha irmã hoje cedo para lavar porque não tem água. Para tomar banho, estamos comprando água potável de galão", relata Paulo Roberto.

O autônomo reclama da recorrência do problema. "Ter água é um direito nosso, dos moradores, que pagamos a conta, não deixamos que fique sem pagar. A água acaba quase todo fim de semana quando chega a época de verão. Aí você liga e eles falam que aconteceu um problema na adutora, que queimou uma bomba, que estão trocando não sei o quê. É sempre isso e não resolvem nada", desabafa.

Os vereadores que acompanharam o protesto dos moradores em frente à sede do Semae, no Piracicamirim, criticaram a lentidão da autarquia e salientaram que os contribuintes, mesmo com as torneiras secas em casa, seguem honrando o pagamento da tarifa. "Como é que tem gente que paga R$ 100, fica cinco dias sem água e a conta continua chegando às casas com o mesmo valor? É um absurdo. Essas pessoas já não sabem mais o que fazer: não têm como lavar uma vasilha, a roupa, nem como fazer as coisas básicas.", disse Cassio Fala Pira.

O vereador questionou a chegada, enquanto parlamentares e moradores estavam em frente ao Semae, de duas viaturas da Guarda Civil Municipal. "Chamam a Guarda para nos constranger. Se estivessem fazendo a segurança dos patrimônios públicos, essas pessoas não estariam sem água, pois eles alegam para a população que foi roubado um local do Semae em Santa Teresinha e aí isso as prejudicou. Que façam então uma força-tarefa, resolvam o problema dessas pessoas. Nós, como vereadores, estamos fazendo nosso papel, que é fiscalizar e dar uma resposta para elas", completou.

A solução para o desabastecimento que atinge bairros como Jardim Monte Rey 1 e 2, Javari e Boa Esperança também foi cobrada por Acácio Godoy. "Problemas acontecem, isso é da vida cotidiana. Como agentes públicos, temos de dar a devida a resposta à população. A falta de informação às vezes complica e aumenta a confusão diante de um problema. Essas pessoas estão há dias sem água, e nós estamos aqui no Semae para buscar oficialmente uma resposta, uma posição e um compromisso de um prazo mínimo do restabelecimento do fornecimento", afirmou.

"Isso é o mínimo que o Poder Público deve à população. Fomos chamados e, pela primeira vez na minha vida, exercendo a minha atividade pública de servir à população e ser um fiscalizador, o prefeito deslocou duas unidades da Guarda para nos escoltar. Tenho certeza de que têm locais precisando mais dessas viaturas do que os vereadores de Piracicaba. Essa falta de água significa que você tem idoso sem poder tomar banho, criança com roupa para ser lavada, casas precisando ser higienizadas. É uma questão de saúde e precisamos então ter uma ação emergencial para essa população", comentou Acácio Godoy.

Thiago Ribeiro reproduziu o que viu nas casas afetadas que visitou. "Estive ontem no bairro Javari, acionado pelos moradores, assim como vários vereadores que foram chamados. Entramos nas residências, as pias lotadas: chegou a um ponto em que, se lavar louça, não toma banho; se toma banho, não pode dar descarga; e o talão da conta vencendo", relatou o parlamentar.

"Estivemos no reservatório e vimos que de fato está saindo bastante pedra de argila de dentro do abastecimento. Tentamos contato telefônico com o Semae, dentro do horário comercial; sem sucesso, ninguém atende", continuou Thiago Ribeiro, que também questionou a presença da Guarda. "Duas viaturas para quê? Eu não sei se é para coagir ou para constranger os próprios contribuintes, que receberam essa semana o talão e estão com data de vencimento para pagar a conta de água, mas sem ter água nas suas torneiras."

"É uma situação constrangedora e difícil. Estamos aqui representando a população e queremos uma resposta esclarecedora da autarquia. O que não podemos é ser coagidos por parte do Executivo de fazer o nosso trabalho; sou pago com recurso público para fiscalizar, cobrar e acompanhar a população e isso eu vou continuar fazendo. Para mim, foi dito que por volta das 20h haveria o restabelecimento de água e isso não aconteceu. A gente procura o contato telefônico, tudo de maneira pacífica, e não se tem resposta. Isso não pode continuar acontecendo em Piracicaba", concluiu.

Infraestrutura Urbana Cassio Luiz Acácio Godoy Thiago Ribeiro

Texto:  Ricardo Vasques - MTB 49.918
Supervisão:  Rebeca Paroli Makhoul - MTB 25.992

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