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Fórum aponta desafios para levar maior educação ao trânsito
Coordenado pelo vereador Gustavo Pompeo, Fórum Municipal Permanente de Educação para o Trânsito promoveu audiência pública na tarde desta quarta-feira.
Unindo-se à programação do "Maio Amarelo", mês dedicado à luta por um trânsito mais seguro, o Fórum Municipal Permanente de Educação para o Trânsito promoveu audiência pública, na tarde desta quarta-feira (26), para discutir formas de tornar efetivas as ações de conscientização reiteradamente propagadas pelo Poder Público e por entidades.
O trabalho de educação junto a condutores e pedestres, feito por organizações como o Sest/Senat, pela Semuttran (Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes) e pela Câmara Municipal de Piracicaba —cujo fórum permanente é coordenado desde o início da atual legislatura pelo vereador Gustavo Pompeo (Avante)—, esbarra nos hábitos que estão por trás de acidentes e transgressões comuns no dia a dia das ruas.
Titular da Semuttran, José Vicente Caixeta Filho disse ser "fundamental todos se somarem" para buscar soluções e que, embora a pasta atue em duas frentes —prevenção e correção—, a primeira é a ideal. "As duas são bem-vindas para um trânsito melhor, mas o grande desafio é se antecipar ao problema. Não podemos esquecer que essas medidas estão normalmente relacionadas à cultura da cidade; é uma maneira de pensar diferente em relação ao trânsito", afirmou.
Caixeta exibiu dados de janeiro que mostram uma frota total de 324.299 veículos em Piracicaba, dos quais 194.344 automóveis, 57.853 motocicletas e 38.191 caminhonetes. "É muito complicado gerenciar uma cidade em que predomina o transporte individual", comentou o secretário, que mencionou o objetivo do governo municipal de construir "10 novos quilômetros de ciclovias por ano" por meio de projeto que já conta com quase 3 mil contribuições da sociedade.
De acordo com Caixeta, o atual momento é de "rediscussão e redefinição do papel" dos agentes da Semuttran. "Vão passar obrigatoriamente, em dois meses, a ter essa ação voltada à educação no trânsito, orientar os cruzamentos. Às vezes, confunde-se o papel do agente como o de polícia ou o de recurso para multa. Entendo que o agente vai ter um papel muito nobre no sentido de orientar as pessoas que fazem parte do trânsito."
"Abrir mão de multas pode significar abrir mão de radares, semáforos; tudo isso é possível de acontecer tendo em vista o estudo técnico correspondente. Agora, uma consequência muito importante de tudo isso é que a secretaria vai receber menos recursos e terá menos oportunidades de investimento em prol, inclusive, da própria educação no trânsito", ponderou Caixeta.
O secretário afirmou que "uma nova Semuttran está sendo estabelecida, inclusive pela mudança do nome", que poderá incluir 'Mobilidade Urbana' caso seja aprovado o projeto de lei 31/2021, e anunciou, durante a audiência pública, o lançamento da nova campanha institucional da pasta, para a redução da poluição sonora no trânsito.
José Durval Moreira, médico do trabalho do Cerest (Centro de Referência em Saúde do Trabalhador) e especialista em medicina do tráfego, refletiu sobre os impactos dos acidentes de trânsito. "Depois que ocorrem, as consequências são gigantescas: muitas pessoas morrem ou ficam com sequelas permanentes. O prejuízo é para a Previdência Social, para a nação e para as famílias que, muitas vezes, perdem o principal sustento, que vem do trabalhador."
O médico disse que o "impressiona" a falta de educação dos motoristas na cidade, citando como ilustrativo o fato de não respeitarem a faixa para travessia de pedestres. "Por mais de uma vez quase provoquei um acidente de trânsito por respeitar a faixa. Esse é um indicador de que faltam educação, respeito e civilidade aos motoristas. Precisamos de fiscalização, punição e ações preventivas fortes para mudar esse panorama."
Heloisa Sanches, coordenadora de promoção social do Sest/Senat, relacionou as iniciativas da entidade junto a motoristas, como cursos de atualização e serviços em saúde, educação e esporte. "Quanto mais consciente, instruído e educado o motorista, isso vai se refletir em respeito no trânsito e na melhor saúde física e mental. As fortes parcerias com o Poder Público, a Câmara, associações, sindicatos e a sociedade geral refletiram em grande efetividade, com ações propriamente ditas e muitos resultados nesses 20 anos."
Enfermeira na mesma entidade, Clarice Bragantini também destacou as ações do Sest/Senat e defendeu o foco em educação. "Tem que ter trabalho educacional, fiscalização. Piracicaba está precisando de um centro de treinamento de condutores e trabalhar com as empresas em relação aos que usam motos, os que estão em seus carros", propôs.
Representando o grupo Bigornas Bikes, Tatiane Torres Gil cobrou investimentos em ciclovias, sinalização de trânsito, pavimentação e educação para motoristas e ciclistas. Ela apontou como principais vias que carecem de melhorias as avenidas Independência, Armando de Salles Oliveira, Dr. Paulo de Moraes e Cruzeiro do Sul, a rua do Porto e a estrada de acesso a Santana e Santa Olímpia. "É preciso fazer outdoors, palestras e panfletos tanto para conscientização de quem está na moto, no carro e na bike, quanto para pedestres, para cada um saber como deve se comportar."
Motofretista e mototaxista, Rogério Luiz Vilarinho representou a Comissão dos Motoboys de Piracicaba e criticou as multas aplicadas aos prestadores de serviços da categoria. "Somos às vezes obrigados a estacionar em vaga de carro porque não temos as nossas. Em vez de orientar e saber o motivo de estarmos parados ali, somos multados pela Semuttran", disse, em defesa de "que seja feita uma advertência verbal, com mais conversa e menos punição financeira".
Ele também criticou a educação de motoristas que "jogam" carros e caminhões em cima de motoqueiros. "Tenho 50 anos, 32 em uma moto, e aqui o trânsito é pior do que o de São Paulo e até do Rio de Janeiro. É preciso respeito a quem anda de moto e bicicleta e que cheguemos a um acordo para que as ruas sejam reformadas para motos, ciclistas, pessoas com deficiência e até para o motorista de carro."
Também representante da categoria, Paulo Roberto Mendes contou ter "30 anos de rua", em jornadas que chegaram a começar às 5h, com idas diárias a São Paulo, e terminar à 1h, com a entrega de lanches em Piracicaba. "Não podemos ir pela maioria que faz coisas erradas. Não posso odiar quem está do meu lado. Que unidos consigamos melhorar o dia a dia no todo", opinou, reforçando o pedido por mais vagas de estacionamento para motos, "principalmente na área central".
Gustavo Pompeo salientou que os pontos de vista compartilhados servirão como "diretrizes" para os próximos passos do Fórum Municipal Permanente de Educação para o Trânsito e para possíveis propostas que ele pretende viabilizar junto ao Executivo, como a criação de recuos exclusivos para veículos de duas rodas em semáforos. "Ao invés de fazer um fórum com minhas ideias apenas, o objetivo é ouvir pessoas que estão há anos trabalhando nesse assunto, pois o trânsito está ligado a 100% da população, à saúde, à educação", afirmou.
O parlamentar reforçou a importância de "ter um trânsito seguro e confiável e de levar esse tema para escolas e faculdades". Ele criticou as gestões anteriores do município e agradeceu o diálogo aberto pela atual administração. "Deixaram uma herança maldita para a cidade. Cabe ao secretariado, aos vereadores e à população restaurar a grandeza de Piracicaba."
A audiência pública, realizada no plenário da Casa de Leis, contou com a presença do mandato coletivo A Cidade É Sua, da vereadora Silvia Morales (PV), e teve transmissão ao vivo pela TV Câmara, com exibição simultânea pelas redes sociais Facebook e YouTube, por meio das quais a população pôde interagir.
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