EM PIRACICABA (SP) 14 DE JANEIRO DE 2022

Artemis completa 86 anos, e história revela participação popular

Setor de Documentação da Câmara verificou nas atas históricas manifestações de moradores do distrito, revela o vereador Josef Borges.




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O vereador Josef Borges, tendo ao fundo foto dos operários na ponte de ferro

Crédito: Assessoria parlamentar


O distrito de Artemis completa 86 anos neste sábado (15), celebrando o desenvolvimento socioeconômico e sustentável. O aniversário tem origem no decreto estadual 2.641, de 15 de janeiro de 1936, assinado pelo então governador Armando de Salles OIiveira. O decreto estabelece a criação do "districto de paz de João Alfredo" e define seu território, que fazia divisa com o Paredão Vermelho até as fazendas Santana e Santa Olímpia. Atualmente, a área do distrito é de 218,648 quilômetros quadrados.

A celebração dos 86 anos acontece neste sábado, com a realização da Feira Cooperativa Artemis/Lago Azul, que reúne artesãos do distrito e acontecerá das 18h às 22h. Uma reunião solene da Câmara e atividades esportivas, culturais e de saúde haviam sido programadas pelo vereador Josef Borges (Solidariedade), mas, por conta do recente avanço da covid-19 e dos casos de síndrome gripal, esses eventos foram adiados. A intenção é promover em março a corrida, o passeio ciclístico, o dia de lazer com brinquedos para as crianças e a mobilização com orientações de saúde, além de ações culturais.

A escolha da data do aniversário de Artemis foi oficializada pelo decreto legislativo 48/2015, mas a história do distrito é mais antiga: Piracicaba foi fundada em 1767 e o ramal da linha férrea "Ytuana" (Sorocabana), de João Alfredo, foi construído em 1887.

Antes de ser distrito, João Alfredo foi considerado vila e bairro de Piracicaba. O porto era usado pelos índios paiaguás, viajantes, barqueiros e caboclos, entre outros grupos. A localização estratégica, às margens do rio Piracicaba, motivou seu desenvolvimento desde o início da povoação do município. Era um importante entreposto fluvial e férreo da região de Piracicaba e São Pedro.

Em 4 de março de 1895, em reunião da Câmara Municipal de Piracicaba presidida por Manoel de Moraes Barros, foi discutido um requerimento de Claudio Gomes da Costa para a instalação de uma "pharmácia" em Porto João Alfredo. A vila era uma "grande zona povoada, onde existem 12 fazendas de café, com muitos colonos, e que todos têm de procurar recursos na cidade, em distância de três a seis léguas", informa o documento histórico que está sob a guarda do Setor de Gestão de Documentação e Arquivo da Câmara.

"Agradeço aos servidores da Casa de Leis por essa importante pesquisa histórica sobre as manifestações populares dos moradores do distrito, registradas nas atas, mostrando a determinação de sua gente, que permanece ainda hoje em prol do desenvolvimento daquela região, na qual tenho orgulho de morar e de representar no Legislativo. Os moradores confiaram em meu trabalho e me elegeram vereador de Piracicaba para eu propor políticas públicas, como o projeto das feirinhas iniciado em Artemis/Lago Azul e que já virou a lei 9.679/2021, que vão beneficiar todo o município", afirmou Josef Borges.

LUTA PERMANENTE POR MELHORIAS - Em outra ata de 1910, registrada na Câmara, os moradores reivindicavam a instalação de uma escola pública em Porto João Alfredo. A praça principal do distrito, localizada em frente à estação ferroviária, teve o terreno de 1.197,62 metros quadrados doado ao município por José Antonio de Oliveira e Victorio Cenedese, conforme ata da Câmara de 20 de maio de 1929.

Na mesma data, a ata descreve que moradores de João Alfredo, por meio de solicitações, representações e abaixo-assinados, cobravam melhorias para o bairro. Em 15 de julho de 1922, o vereador Samuel da Costa Neves solicitou ao secretário de Justiça a criação de um distrito policial em João Alfredo e Saltinho.

O mesmo documento apresenta parecer da Comissão de Obras sobre o pedido dos moradores de Porto João Alfredo, Limoeiro, Pau Preto e Pau D'Alho para construção e conservação de estradas de acesso a esses bairros. Tal ata traz uma descrição de como era a povoação em 1922, com 100 casas habitadas e população de mais de 600 pessoas.

DE JOÃO ALFREDO A ARTEMIS - O Porto João Alfredo recebeu esse nome em homenagem ao senador João Alfredo Corrêa de Oliveira. Ele foi um dos autores e incentivadores da Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel, abolindo a escravidão no Brasil, em 13 de maio de 1888.

O registro oficial da mudança do nome de Porto João Alfredo para Artemis ocorre no decreto estadual 14.344, de 30 de novembro de 1944. O documento define a Divisão Administrativa e Judiciária do Estado de São Paulo e, nele, o nome do distrito não possui acento, sendo grafado como "Artemis".

ORIGEM DO NOME - Parte das pessoas acredita que a origem do nome do distrito remete à deusa da guerra e da caça da mitologia grega, Ártemis. Mas nunca houve referência a ela, embora haja uma ligação e a origem venha da natureza.

A grande quantidade de artemisias (planta conhecida também como camomila-do-campo) que se espalhavam ao longo da linha do trem do ramal ferroviário motivou a mudança do nome. Por sua vez, a planta recebeu tal nome porque era comumente oferecida à deusa Ártemis em seus templos.

CARTÕES POSTAIS - A estação ferroviária ainda é símbolo de uma época áurea do distrito. Foi inaugurada em 1887, em solenidade com a presença do presidente da Província, Visconde de Parnaíba, e do senador João Alfredo Corrêa de Oliveira, que dava nome ao local. O trem passou a ligar-se ao ramal fluvial. O transporte por embarcações foi desativado em 1950 e a linha férrea fez a última viagem em 1961.

Inaugurada em 1915 e concluída totalmente no ano seguinte, a ponte de ferro de Artemis é considerada uma das maravilhas de sua época: importada da Inglaterra, é toda rebitada, sem qualquer parafuso em toda a sua construção. Piracicaba deve a ponte à iniciativa de Paulo de Moraes Barros, então secretário estadual de Agricultura, em 1913. Em 1962, com a desativação do ramal ferroviário, a ponte passou a ser utilizada para o tráfego de veículos. O dispositivo foi tombado em 7 de março de 1999 pelo Codepac (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Piracicaba) e segue como uma referência para o distrito.

O balneário municipal de água sulfurosa é outra riqueza do distrito. O poço fica às margens do rio Piracicaba, em local onde chegou a existir um espaço para banhos e aonde vinham pessoas de toda a região, formando filas para usá-lo. Após o local ser desativado, em 2008 um novo balneário foi construído pela Prefeitura na praça João Alfredo, com acessibilidade, chuveiros e torneiras para uso da água, que mantém as propriedades minerais e medicinais.

DIVERSIDADE E RIQUEZA NATURAL - A lagoa do Jardim Itaiçaba e a lagoa do Lago Azul também são consideradas riquezas do distrito, com a expectativa de, no futuro, voltarem a colaborar com o abastecimento de água da população. As duas lagoas estão em projeto de recuperação e revitalização.

O rio Piracicaba e vários córregos cortam a região, como Ceveiro, Limoeiro, Pau D'Alho e Congonhal. Eles formam a microbacia que dá suporte à produção agrícola diversificada em todo o distrito, a qual começa a aderir ao conceito de agroecologia, promovendo a sinergia entre a produção de alimentos e a preservação das matas.

Legislativo Josef Borges

Texto:  Assessoria parlamentar
Supervisão:  Rodrigo Alves - MTB 42.583

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