Especialista alerta para perigo de poda excessiva de árvores
Aula sobre arborização urbana destaca produção e comércio de mudas
Aula foi composta por temas ligados à poda e escolha de espécies mais adequadas para arborização de áreas urbanas.
Palestra foi direcionada a estudantes, técnicos, engenheiros agrônomos, florestais e ambientais, biólogos e demais interessados que atuam com a atividade.
Crédito: Guilherme Leite - MTB 21.401A primeira aula do módulo "Silvicultura urbana: plantar, avaliar e manejar", oferecida na Escola do Legislativo da Câmara de Vereadores de Piracicaba, na tarde desta quarta-feira (19), foi composta por temas ligados à poda, escolha de espécies mais adequadas para arborização de áreas urbanas e produção de mudas.
Engenheiro agrônomo, especializado em gestão ambiental e mestre em fitotecnia, Ronan Pereira Machado falou sobre produção e comercialização de mudas. Segundo ele, as mudas para a arborização devem apresentar boas condições físicas e fisiológicas, adaptadas ao clima, com porte adequado ao espaço disponível, boa conformação de copa e rápido estabelecimento no meio urbano.
Além disso, trajetos longos e a falta dos cuidados necessários podem danificar as plantas no transporte. “Não adianta apenas se preocupar com a muda no viveiro, mas não com a qualidade da logística”, alertou. De acordo com ele, as mudas são produzidas em viveiros temporários ou permanentes. Enquanto os temporários têm planejamento e instalações simples e baixo custo, os permanentes são mais cuidadosos, possuem dimensões maiores, custos mais elevados, materiais mais duráveis e são próximos do centro consumidor.
Existem, ainda, conforme Machado, viveiros de baixo e alto nível tecnológico. Alta produtividade, rapidez e qualidade são características dos viveiros de alto nível tecnológico, à medida que os de baixo nível apresentam produção pequena, lenta e sem padrão de qualidade. “Os viveiros devem estar próximos do mercado consumidor ou das áreas de plantio, o que reduz os valores de frete e os danos causados no transporte”, destacou.
O engenheiro reiterou, ainda, a importância da proteção contra os ventos e na redução da transpiração das mudas. Ele afirmou que a diversidade das espécies produzidas pelos viveiros está sendo reduzida. “Tenho observado que, por mais que as prefeituras tenham espécies lindas, são sempre as mesmas. Falta qualificação do responsável pela secretaria e também pesquisas sobre técnicas de produção, potencial e mercado”, avaliou.
Demóstenes Ferreira da Silva Filho, engenheiro agrônomo, mestre e doutor em produção vegetal, explicou os conceitos associados às práticas de silvicultura urbana, que fazem parte de um ramo da engenharia florestal. “O objetivo é o cultivo e o manejo de árvores para a contribuição atual e potencial ao bem-estar fisiológico, social e econômico da sociedade urbana”, explicou.
Para evitar que as cidades no Brasil queimem de calor no clima tropical devido à ausência de árvores nas áreas urbanas, são necessárias, de acordo com o engenheiro, a criação de políticas públicas que beneficiem o produtor de mudas. “O produtor poderia ser isento de impostos, poderia participar, por exemplo, de licitação diferenciada para ter tempo de se programar, receber a demanda e investir com tranquilidade”, exemplificou.
Um estudo da Esalq (Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz), que mapeou a arborização em cincos bairros, revelou que Piracicaba está abaixo do índice recomendado de 20% a 30% de cobertura arbórea. Demóstenes Ferreira disse que no geral, assim como muitas cidades do interior paulista, a arborização de toda cidade fica abaixo do esperado, em torno de 10 a 15%”.
Ele acredita que há certa aversão da sociedade quanto ao plantio de árvores. Além disso, há conflito com empresas de energia elétrica e políticos que dificultam o processo. “As calçadas deveriam ser adaptadas para as árvores. Se a prefeitura assumisse a construção delas, assumiria, por consequência, o espaço, e conseguiria, de maneira efetiva, trabalhar o solo".
“Político, por melhor que seja, está preocupado em 'mostrar serviço'. O plantio de árvores não vai se transformar em quatro anos numa realização, pois árvores não crescem tão rápido. Políticos buscam resultados a curto prazo e o mercado benefícios financeiros. Antes de pensar em planejar a arborização, precisamos revisar o valor que nós damos às árvores. Se a sociedade enxergar o valor delas, elas terão espaço na cidade”, afirmou Ferreira.
A próxima aula do curso será em 4 de março, das 14h às 17h, na sala da Escola, no pavimento térreo do prédio anexo da Câmara, com entrada acessível para pessoas com deficiência, pela rua do Rosário, 833, Centro.Os interessados em participar do curso podem se inscrever na página da aula, no site da Escola do Legislativo.
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