EM PIRACICABA (SP) 25 DE MAIO DE 2010

Dia da África é comemorado com reunião solene na Câmara

A Câmara de Piracicaba, conforme iniciativa do vereador Bruno Prata (PSDB) realizou na noite de hoje (25) a reunião solene que marca a comemoração do Dia da África (...)




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Crédito: Fabrice Desmonts - MTB 22.946


A Câmara de Piracicaba, conforme iniciativa do vereador Bruno Prata (PSDB) realizou na noite de hoje (25) a reunião solene que marca a comemoração do Dia da África (25), em cumprimento ao projeto de lei 135/09, de autoria do próprio parlamentar que assegurou em lei a homenagem especial a este continente. O evento ocorreu nas dependências do Salão Nobre Prof. Helly de Campos Melges, às 19h30, com transmissão ao vivo pela TV Câmara, Canal 08 da Net e, pela rede mundial de computadores, a internet, no endereço eletrônico www.camarapiracicaba.sp.gov.br


Na formação da Mesa Diretiva dos trabalhos, o vice-presidente da Mesa Diretora, o vereador João Manoel dos Santos (PTB); o representante do prefeito de Piracicaba, Barjas Negri (PSDB), o presidente do Centro de Documentação, Cultura e Política Negra de Piracicaba, Jurandir Silvestre; o autor da propositura, Bruno Prata; Maria Antonieta Sachs Mendes, Diretora do Museu Prudente de Moraes; o  representante do Sargento de Engenharia Cícero Sérgio, Instrutor Chefe do TG, Almir Souza Gonçalves, Danilo Viegas; Armando Alex Santos, vice-presidente da Associação Piracicabana de Letras; Rafael Antonio, presidente da Associação Vila África e a diretora da Casa do Povoador, Eva Iltez Camargo. 


No uso da palavra, o vereador Bruno Prata destacou a importância da homenagem. E, considerou o continente africano como o berço da humanidade. Também falou do resgate da dignidade, sendo que nosso país foi criado com o sofrimento deste povo. Prata destacou como primordial a continuidade de luta, visto a situação degradante que ainda assola determinadas regiões deste continente.

Marilena Bernarda Teixeira e Keila Teixeira Azeredo entoaram o Hino do Cngresso Nacional Sul  Africano - que significa Deus Abençoe a África. Também para reforçar a parte cultural do evento, as dançarinas Elisandra Campos e Márcia Carvalho, da Escola de Dança Studio Sâmia se apresentaram.


O representante do prefeito e da secretária municipal de Ação Cultural, Rosângela Camolese, Jurandir Silvestre, em nome dos vereadores João Manoel e Bruno Prata cumprimentou os demais integrantes da Mesa, no que ressaltou a condição de elevar a comunidade, quando foi convidado a representar o prefeito e a secretária de Ação Cultural no evento. Falou da condição de termos um dia específico para comemorar a África. E, discorreu sobre a estrutura do Centro de Documentação, capacitado com conselheiros, historiadores e pessoal ápto a falar da África. Também descatou sua condição de integrar o conselho estadual em defesa da comunidade negra. Além de considerar o potencial da África, com 800 milhões de habitantes. Enfatizou o dia específico sobre a África, em reunião de lideranças que levou à criação de uma unidade africana, em resgate à auto estima deste povo, em dia reconhecido pela ONU em 1972, o que resultou na criação do dia em Piracicaba. Silvestre passou pela formação do povo brasileiro, que deu formação à família africana no Brasil. Também destacou a imagem da secretaria de Cultura, em apoio a evento no Engenho, além de falar sobre a importância de chegar perto do poder, sob a observação de que o continente tem muito a oferecer, além do futebol.


O vereador João Manoel dos Santos, na condição de vice-presidente da Câmara cumprimentou a mesa composta e a comunidade negra presente, além de amigos, presentes e pessoas que acompanharam a solenidade em suas casas. E, enfatizou a satisfação de participar da solendidade que reflete o lado bom de iniciativas que nos levam a refletir sobre a África, na condição de berço da humanidade, onde nasceu a cultura de outros povos, de onde começou a geração humana, levando cultura e amor para todos. E, considerou que o negro ainda está à margem do progresso, visto as famílias que foram destruídas. Citou o Egito como uma das maiores culturas do mundo para mostrar a competência do negro. Também citou o legado de Zumbi dos Palmares. Além de comentar sobre o futebol onde predomina a mágia do negro.


Em suas explanações, o palestrante principal da noite, Francisco Silveira Vieira falou da importância do dia frente a representação para o africano na diáspora. Citou uma frase de sociólogo Francês onde a gente sempre tem questões fortes para respostas fracas. Silveira também considerou o futuro da África, passando por intelectuais. Também considerou o papel fundamental do Brasil na diáspora, visto a condição do brasileiro. E, comentou sobre a recuperação de nossa identidade a partir da África, visto que somos uma forte representação fora da África. Comentou sobre a falsa ideia de que o Egito está fora da África; bem como a idéia de uma Àfrica una, de identidade única, de ver o continente africano como único, o que não demonstra as 53 nações, mais algumas ilhas, sendo que esta reprodução vai da dona de casa até intelectuais na academia.


Para Silveira, há que se considerar a diversidade dos povos. A representação é que somos todos iguais, o que reforça com o evento da Copa do Mundo. A questão é que estas representações vem de algum lugar, não é por osmose. Citou os estudos do Professor da USP, Fábio Leite, na consideração de duas realidades; uma leitura de fora para dentro, da visão do colonialismo, reforçando a ocupação da África Objeto, em contraponto à uma África Sujeito, de dentro para fora. A consideração é que intelectuais de diferentes formações são caracterizados por alguma homogeneidade, sendo que a partir da diáspora há que se desconsiderar as representações epistemológicas, desfazer o imaginário sobre a África, implicando que os saberes sobre a África são sobre a ótica da colonização. A busca é por conceito chave, a palavra que vai legitimar é o africapessimismo, no conceito que desenvolva em relação à Àfrica. Este conceito é desenvolvido quando se entra em contato com a África, o que pode ser via mídia, em informações específicas sobre uma África pessimista, aparecendo a guerra, a fauna a flora e, alguns dados que reforçam a fome e a guerra. O mais importante é que a gente não desenvolva o africapessimismo com estas informações e sim procure entender a identidade africana. A via endumentária também permite esta visão distorcida da África. Silveira citou que trabalha com a lei 10639, sobre a obrigatoriedade do ensino da África. Mostrou Joanesburgo para falar de uma África que não aparece na mídia.

O perigo é pela visão única, eurocêntrica, hegemônica. A consideração é que a gente não conhece o que é o oriental e, por tabela também não conhecemos o continente africano. Citou exemplo na área de literatura, lembrando Romeu e Julieta, clássicos europeus, em contraponto à Muracami e Ixibata, como autores que fazem parte da literatura africana. Como podemos conhecer a África se não conhecemos o saber de outros povos. Autores europeus são mais familiares que nossos autores.  A verificação é que a hegemonia está posta, foi reduzida a um significado onde vemos a europa como pensamento único. Também citou a hegemonia inglesa, onde a situação foi imposta a título de avanço tecnologico. Também citou categorias binárias, que favorecem o olhar europeu, como suas línguas e defesa frente ao terrorismo. Considerou que o eurocentrismo e história se voltam para esta hegemonia. O olhar para o Egito antigo, por intermédio de artefatos, as pirâmides e, suas complexidades, envolvendo astromonia, matemática. Falou de processos de mumificação, visto a impossibilidade da medicina moderna encontrar explicações para estas ações que marcam o legado do povo africano. A consideração é que as histórias são definidas por quem tem o poder, visto a condição de fazer a sua sociedade, passando pelo povo. E, citou como consequências desta visão única as dificuldades de nos aproximarmos. A visão única cria esteriótipos, estígmas, sendo preciso haver o equilíbrio da história, o que remete aos estudos da sociologia das ausência, aparecendo o racismo da surpresa. Finalizou suas considerações reconheceu que a lei 10639 eleva a condição do africano como sujeito da história, visto que a maioria do brasileiro não conseguia se reconhecer na história, de um Brasil africano, em defesa de um novo ponto de vista. A luta é pelo reconheciemnto de outras histórias, sendo que conhecendo a África pelos africanos poderemos ganhar uma nova dimensão na compreensão do problema do negro.


Palestrante

Francisco Sandro da Silveira Vieira é angolano com bacharelado e licenciatura em Ciências Sociais/UNESP, Pós-graduação em Políticas e Relações Interncionais pela FESP e Mestre em Ciências Sociais pela PUC/SP. Além de Professor da Pós-graduação Latu Senso Modular em História da África, na Universidade Bandeirantes, UNIBAN.

 


Dia de África


A África é o segundo continente mais populoso do Mundo (depois da Ásia), com cerca de 800 milhões de habitantes. Luanda – O continente negro celebra hoje , 25 de Maio, 47 anos desde a criação, em Addis Abeba (Etiópia), da Organização de Unidade Africana (OUA), em carta assinada por 32 estados africanos já independentes na altura.

 
O acto constituiu-se no maior compromisso político dos líderes africanos, que visou a aceleração do fim da colonização do continente.No dia 25 de Maio de 1963 reuniram-se 32 Chefes de Estado africanos com ideias contrárias à subordinação a que o continente estava submetido durante séculos (colonialismo, neocolonialismo e partilha da África).

 
Dessa reunião, nasceu a OUA (Organização de Unidade Africana). Pela importância daquele momento, o 25 de Maio foi instituído pela ONU (Organização das Nações Unidas), em 1972, Dia da Libertação de África.

 
O dia representa também um profundo significado da memória colectiva dos povos do continente e a demonstração do objectivo comum de unidade e solidariedade dos africanos na luta para o desenvolvimento económico continental.

 
A criação da OUA traduziu a vontade dos africanos de converterem-se num corpo único, capaz de responder, de forma organizada e solidária, aos múltiplos desafios com que se defrontam para reunir as condições necessárias à construção do futuro dos filhos de África. Entretanto, de todos esses pressupostos, é facto reconhecido que a libertação do continente do jugo colonial e o derrube do regime segregacionista do Apartheid, durante anos em vigor na África do Sul, foram eleitas como as tarefas prioritárias da OUA.

 
Como a OUA mostrou-se incapaz de resolver os conflitos surgidos continuamente em toda a parte do continente, os golpes de estado tornaram-se uma prática. A construção de uma verdadeira unidade entre os países membros é ainda inexistente, sendo exemplos disto os golpes de estados e as guerras civis no continente. Economicamente, os indicadores também estavam longe de serem animadores, concorrendo para isso a própria instabilidade militar e as múltiplas epidemias.


Assim, a 12 Julho de 2002, em Durban, o último presidente da OUA, o sul-africano Thabo Mbeki, proclamou solenemente a dissolução da organização e o nascimento da União Africana, como necessidade de se fazer face aos desafios com que o continente se defronta, perante as mudanças sociais, económicas e políticas que se operam no mundo.


Contudo, resolveu manter a comemoração do Dia de Africa a 25 de Maio, para lembrar o ponto de partida, a trajectória e o que resta para se chegar à meta de “uma África unida e forte”, capaz de concretizar os sonhos de “liberdade, igualdade, justiça e dignidade” dos fundadores.


Outro objectivo principal da UA continuará a ser a unidade e solidariedade entre os países e povos de África, defender a soberania, integridade territorial e independência dos seus Estados membros e acelerar a integração política e socioeconómica do continente, para realizar o sonho dos “pioneiros”, que em 1963 criaram a OUA. Dos 54 estados africanos, 53 são membros da nova organização: Marrocos se afastou voluntariamente em 1985, em sinal de protesto pela admissão da auto-proclamada República Árabe Saharaui, reconhecida pela OUA em 1982.

 
Apesar de se registarem actualmente em África alguns conflitos de carácter político, pode-se dizer que a maioria dos países do continente possuem governos democraticamente eleitos.


De uma forma geral, os governos africanos são repúblicas presidencialistas, com excepção de três monarquias existentes no continente: Leshoto, Marrocos e Swazilândia. Parcerias são formadas diariamente ao abrigo da NEPAD (Nova Parceria para o Desenvolvimento da África), um instrumento da União Africana que se baseia em relações e acordos bilaterais num ambiente de transparência, responsabilização e boa governação.

 
A África tem aproximadamente 30,27 milhões de quilómetros quadrados de terra.  Ao norte é banhado pelo Mar Mediterrâneo, ao leste pelas águas do oceano Índico e a oeste pelo oceano Atlântico. O sul do continente africano é banhado pelo encontro das águas destes dois oceanos.
 
 
É o segundo continente mais populoso do Mundo (depois da Ásia), com  aproximadamente 800 milhões de habitantes.
 
 
Basicamente agrário, pois cerca de 63 porcento  da população habita no meio rural, enquanto somente 37 por cento mora em cidades. No geral, é um continente que  apresentando baixos índices de desenvolvimento económico.


O PIB (Produto Interno Bruto) corresponde a apenas um  porcento do produto mundial. Grande parte dos países possui parques industriais poucos desenvolvidos, enquanto outros nem sequer são industrializados, vivendo basicamente da agricultura.
 

O principal bloco económico é a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), formada por 14 países: Angola, África do Sul, Botswana, República Democrática do Congo, Lesoto, Madagáscar, Malawi, Ilhas Maurícias, Moçambique, Namíbia, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe.

 
Para saudar a data, que se comemora este ano sob o lema 2010, ano da paz e da segurança, realizam-se em Angola várias actividades, destacando-se o colóquio internacional, dedicado A Paz e Segurança em África, a realizar-se  no Centro de Convenções Talatona, em Luanda.

 

Martim Vieira Mtb 21.939

Fotos: Fabrice Desmonts Mtb 22.946

 

 

Legislativo Bruno Prata

Texto:  Martim Vieira - MTB 21.939

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