Moção homenageia piracicabana por prêmio em evento de canto no Japão
Em audiência pública, vereadores cobram gestores do Hospital Regional
Parlamentares acusaram ter sido impedidos de realizarem fiscalização no trabalho da instituição que está sob administração da Unicamp
Audiência púbica sobre Hospital Regional aconteceu na tarde desta quinta-feira (27)
Crédito: Rubens Cardia (MTB 27.118)A Câmara Municipal de Piracicaba realizou na tarde desta quinta-feira (27) uma audiência pública para debater o atendimento prestado pelo Hospital Regional de Piracicaba. A discussão foi convocada pelo vereador Cássio Luiz Barbosa (PL), o Cássio Fala Pira, por meio do requerimento 669/2024. O objetivo da audiência foi entender, discutir e buscar mais informações sobre as funções, atendimentos e cirurgias realizadas no hospital, bem como esclarecer episódios em que vereadores teriam sido impedidos de visitar a unidade.
Cássio Fala Pira destacou que o município investiu valores significativos no Hospital Regional e, portanto, considera um desrespeito a dificuldade enfrentada pelos vereadores para visitarem a unidade. “Não conseguimos compreender este cerceamento na visita dos vereadores ao Hospital Regional de Piracicaba, pois o município investiu altíssimos valores. Isso é um total desrespeito, pois uma das funções dos vereadores é a fiscalização, ainda mais quando se tem dinheiro municipal investido”, afirmou o parlamentar.
Os vereadores concluíram a audiência com a sugestão de buscar a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a situação do hospital. “Há uma insatisfação geral com a posição do Hospital Regional. Quando o vereador se posiciona e fala contra o hospital, ele está representando os munícipes. Se não encontrarmos soluções, podemos abrir uma CPI para convocar todos os responsáveis e esclarecer as questões pendentes”, disse Cássio Fala Pira.
O vereador Acácio Godoy (Avante) ressaltou a importância da comunicação entre o hospital e os representantes do povo. “O vereador é eleito pelo povo e, uma vez eleito, ele tem direitos, obrigações e deveres. Qualquer instituição desta cidade tem atendimento institucional. O Hospital Regional tinha essa postura e unilateralmente rompeu essa relação. Se eu recebo 1100 e-mails sobre uma conduta do Hospital Regional e o hospital diz que não dialoga comigo, isso é inaceitável”, disse Godoy, enfatizando que a administração deve prestar contas não apenas aos senadores e deputados, mas também aos vereadores.
Ele pediu que o Hospital Regional retome a comunicação institucional com a Câmara e que busque uma instituição independente para avaliar a opinião dos pacientes. “Esses são alguns encaminhamentos que nós estamos apresentando nesta audiência pública”, disse.
O vereador Laércio Trevisan Jr. (PL) levantou questões sobre o relacionamento humano e o papel do hospital em servir a população. Ele pediu respostas do representante do Hospital Regional sobre a cessão do prédio do hospital pelo município. "É importante discutir não só a gestão de saúde, mas também o relacionamento humano. O prédio do hospital é uma cessão do município para uso. Queremos entender como são feitos os atendimentos e por que a capacidade do hospital não está sendo plenamente utilizada", afirmou Trevisan Jr.
O vereador Gilmar Rotta (PP), por sua vez, destacou a necessidade de maior transparência e melhor atendimento. “Recebi várias reclamações do Hospital Regional, como cirurgias canceladas no último momento e pacientes esperando anos por procedimentos. Precisamos de maior transparência e uma gestão que realmente atenda às necessidades da população”, disse Rotta, sugerindo que o município coloque alguém dentro do hospital para acompanhar a gestão de perto.
O vereador Valdir Vieira Marques (PSD), o Paraná, relatou casos de pacientes que tiveram cirurgias canceladas de última hora, além de episódios de tratamento inadequado a sua equipe. “Quando começou o hospital, eu fui muito bem atendido, eu saí de lá muito satisfeito. Esse ‘bem atendido’ se repetiu por três anos, mas quando precisamos tirar uma dúvida de um paciente, pedi para que duas assessoras minhas fossem ao hospital, e elas voltaram chorando. Hoje, elas não querem nem passar na avenida do Hospital Regional. Tinha uma pessoa lá que disse que não era lugar para atender vereadores e nem assessora de vereador”, disse Paraná.
O presidente da Câmara Municipal de Piracicaba, Wagner de Oliveira (PSD), o Wagnão, também expressou sua insatisfação com a gestão do hospital e defendeu a necessidade de uma investigação mais profunda. “Eu fui impedido de entrar no Hospital Regional, quando foi dito que eu não teria prerrogativa de fiscalizar o hospital. Por isso, cabe, sim, uma CPI”, afirmou Wagnão.
O vereador Gustavo Pompeo (Avante) criticou a falta de comunicação e transparência do hospital. “O Hospital Regional deveria ser um orgulho da nossa cidade. É sede em Piracicaba. Porém, eu recebo inúmeras reclamações e todas as vezes que eu busquei informações, nunca tive retorno.”
O vereador Fabricio Polezi (PL) destacou a presença significativa dos vereadores na audiência pública e sugeriu a abertura de uma CPI devido à insatisfação popular. “Nesta audiência pública está acontecendo um fato inédito, tem oito vereadores presentes, já tem vereador suficiente para abrir uma CPI. Esse chamamento só se deu por conta da insatisfação da nossa população. Na rua a gente escuta toda a insatisfação da população em relação ao Hospital Regional”, afirmou Polezi.
Gestores do Hospital Regional - William Cirillo, executor do convênio do Hospital Regional de Piracicaba, explicou que a administração do hospital é feita pela Unicamp, por meio de uma parceria com o Estado. “A ideia é cobrir lacunas necessárias para o atendimento da população com cirurgias eletivas. Houve a necessidade de terminar a construção do hospital, que foi feita com recursos do Governo do Estado. O hospital é 100% SUS e temos metas a cumprir, negociadas com a DRS-X e a Secretaria de Saúde”, detalhou Cirillo.
Maurício Etchebehere, representante do Hospital de Piracicaba, esclareceu a situação dos leitos hospitalares e a constante pressão exercida pela demanda de urgência e emergência. Porém, salientou que, ao abrir a porta para um paciente de emergência, a cirurgia eletiva de outro paciente, como aqueles que necessitam de próteses de quadril e joelho, é inevitavelmente adiada.
“A urgência e emergência ocupam o espaço dessas cirurgias”, explica. Ele também destacou um ponto positivo: “Devemos ficar felizes com a enormidade de procedimentos eletivos. O hospital realiza mais próteses de quadril e joelho do que o Hospital de Clínicas da Unicamp.”
Ocupação hospitalar é um fator crucial, segundo Etchebehere. “Não podemos trabalhar 100% ocupados, existe uma margem”, afirmou, indicando que a ocupação atual gira em torno de 80%. Atualmente, o hospital dispõe de 104 leitos e 20 leitos de UTI, além de leitos para pré e pós-operatório. Etchebehere também mencionou a necessidade ocasional de remanejamento, especialmente em situações onde múltiplos pacientes precisam ser internados para cirurgia ao mesmo tempo, destacando a importância de manter uma margem operacional.
Ele também esclareceu que não existe nenhuma proibição de entrada dos vereadores no hospital, mas que há limitações técnicas e sanitárias que devem ser respeitadas. “Não existe direcionamento para impedir a entrada de vereadores, mas precisamos controlar o acesso para preservar o bem-estar do paciente e seguir regras sanitárias e de sigilo médico”, explicou Etchebehere.
O representante da Secretaria Municipal de Saúde, Marcelo Pinto de Carvalho, falou sobre o papel do município na central de regulação e a necessidade de diálogo entre as partes envolvidas. “A regulação funciona com a Central de Regulação dos Serviços de Saúde. Não temos ingerência dentro da central de regulação, mas é nosso dever saber as necessidades dos profissionais de saúde e garantir que as vagas sejam adequadamente preenchidas”, disse Carvalho.
Moisés Taglieta, diretor da Diretoria Regional de Saúde (DRS)-X, compartilhou sua visão sobre os desafios enfrentados pelo Hospital Regional de Piracicaba. Ele enfatizou a necessidade de manter um diálogo constante e aberto sobre as operações do hospital: “Eu acho imprescindível termos essa discussão. Neste último ano, nós temos discutido bastante justamente a comunicação. E ela só se constrói com relacionamento.”
Um dos pontos abordados por Taglieta foi o percentual de cirurgias canceladas no hospital. “Essa questão da remarcação de uma cirurgia, a gente tem discutido muito o que acontece. O percentual colocado, 4% de cirurgias canceladas, é um padrão internacional," explicou Taglieta.
Relatos de usuários - Usuários do Hospital Regional também participaram da audiência, relatando suas experiências e dificuldades. Samaris Alves, paciente, contou que enfrentou problemas após uma cirurgia e que teve dificuldades em conseguir atendimento adequado. “Eu sou a prova viva do que está acontecendo. Tive complicações após uma cirurgia e fiquei sem rim. Passo mal, ligo para o hospital e não consigo atendimento adequado. Há um problema sério de gestão e atendimento”, afirmou Samaris.
Marta Assis, outra usuária do hospital, também expressou suas preocupações, especialmente em relação à proibição de visitas e à falta de transparência: “Eu tentei uma visita ao Hospital Regional. Passaram uma pessoa para falar, mas até hoje não tive resposta. Eu não concordo com a proibição de visitas. Se você vai fazer uma visita na área administrativa, você não vai levar nada que prejudique os pacientes. Como ficaria a manutenção de elevador, de troca de ar-condicionado, um equipamento novo em centro cirúrgico, esse ponto não agradou.”
Também participaram o procurador-geral do município, Guilherme Mônaco de Mello, a secretária municipal de Finanças, Telma Pereira, e a representante da secretaria municipal de Governo, Sueli Regina Chiaranda, além dos vereadores Paulo Henrique (Republicanos) e Thiago Ribeiro (PRD).
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