"Essa não é minha opinião de verdade", alertou William Mendes, 17, ao final de sua argumentação na tribuna, contrária a um projeto de lei fictício para a criação de um centro de reabilitação e acolhimento de pessoas em situação de rua em Piracicaba.

Ainda que tanto a proposta quanto a opinião do estudante sobre ela fossem "faz de conta", a oportunidade de usar o microfone no mesmo espaço em que vereadores debatem projetos reais que interferem no dia a dia da cidade marcou a visita de 30 alunos do ensino médio da Escola Estadual "Barão do Rio Branco" à Câmara na tarde desta quarta-feira (15).

Eles participaram do projeto "Conheça o Legislativo", a convite da vereadora Silvia Morales (PV), do mandato coletivo A Cidade é Sua. "O projeto cumpre papel importante de fortalecer a cidadania, promover no meio estudantil as funções da Câmara e estimular a participação e a democracia", destacou a parlamentar.

A simulação de uma reunião ordinária com a discussão do projeto de lei fictício levou os estudantes a "escolherem um lado" para reproduzir o ambiente de uma sessão e o papel de vereadores na defesa ou crítica à matéria a ser votada. Na tribuna, dois estudantes disseram-se a favor do centro de acolhimento a moradores em situação de rua e outros dois, contrários.

"Todos os indivíduos têm o direito à proteção e a garantias básicas. [O centro] Estando em funcionamento, além de reduzir os problemas, acredito que vai mudar o pensamento dessas pessoas com o acolhimento. Mudaria não só o perfil da praça, mas também a vida dessas pessoas", enfatizou Rayssa Alves de Souza.

"[Morar na rua] É um problema visível e fácil de perceber, é só ir à praça José Bonifácio. Não é uma situação que a pessoa quer passar ou estar ali. Então é mais do que necessário ter políticas públicas para dar abrigo a essas pessoas", disse Silvio Matos dos Santos Jr.

Luan Andrade fez o papel de vereador contrário ao projeto. "Já vi em São Paulo pessoas que não querem aceitar o que propõe esse projeto, então não vejo necessidade dele no momento."

"Não temos certeza se isso vai dar certo. Podemos abrir esse espaço só para as pessoas que quiserem", ponderou William Mendes.

O professor de história Eduardo Fillet Spato, responsável pela disciplina eletiva chamada "Das funções essenciais à Justiça", apontou o que a visita à Câmara agrega aos estudantes. "O elemento mais importante da formação dos alunos é o entendimento da cidadania, e esse exercício aqui é fundamental no fortalecimento do Estado Democrático de Direito."

O projeto de lei fictício foi aprovado, com 3 votos contrários. A simulação da reunião ordinária foi conduzida por Érica Aparecida Cruz Dinis, secretária da Escola do Legislativo. Antes, os servidores Bruno Didoné de Oliveira e Dayane Soldan, do Setor de Gestão de Documentação e Arquivo, apresentaram aos estudantes, respectivamente, as funções dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e fatos da história de Piracicaba.