EM PIRACICABA (SP) 14 DE SETEMBRO DE 2022

Início da construção do reservatório Marechal foi comunicado à Câmara

Aberto à visitação do público até esta quinta-feira (15), complexo de reservatórios foi construído em 1886 para criar sistema de abastecimento de água da cidade




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Reservatório construído em 1886 fica aberto à visitação até esta quinta-feira (15)

Crédito: Davi Negri - MTB 20.499


Nas fotografias, parece cenário de filme, mas não é. O reservatório “Marechal Deodoro”, um dos três reservatórios que integram o complexo localizado entre as ruas Aquilino Pacheco, Silva Jardim, Cristiano Cleopath e Marechal Deodoro, foi aberto à visitação no dia 1º de setembro deste ano e recebe o público de forma gratuita até esta quinta-feira (15). Mais de 10.000 pessoas já conheceram o local, sendo que, dentre elas, cerca de 4.500 foram até lá no último domingo (11). O encantamento da população é justificado: fazia 30 anos que o reservatório semi-enterrado não era esvaziado, e é a primeira vez que ele se transforma em ponto turístico da cidade. 

Identificada e transcrita pelo Setor de Gestão de Documentação e Arquivo, a ata da sessão ordinária de 23 de maio de 1886 da Câmara Municipal de Piracicaba marca o início das obras da construção do reservatório – cujo projeto foi encabeçado pelo engenheiro João Frick, associado a Carlos Zanotta, a fim de consolidar um sistema de abastecimento de água para a cidade. No documento, entende-se que os vereadores fizeram a leitura de dois ofícios enviados por Frick, através dos quais comunicava o começo da escavação e solicitava isenção dos direitos para os materiais utilizados na obra:

“[Ofício] Do Engenheiro Dr. João Frick comunicando ter dado começo às obras para o abastecimento de água da cidade, com uma escavação para o reservatório de dois milhões de litros de água, nos terrenos concedidos por esta Câmara no bairro denominado dos Alemães [...] Do mesmo Engenheiro pedindo que seja pela Câmara atendido o que determina o art. 13 do contrato, com referência à obtenção dos Poderes do Estado isenção dos direitos para os materiais da mesma empresa” (em transcrição livre)

Segundo a ata, ainda, a Câmara de Piracicaba assinou e remeteu uma representação à Câmara dos Deputados solicitando a isenção de impostos para importação dos materiais necessários à construção dos reservatórios, que juntos contam com a capacidade de armazenamento de 8.500 m³ de água. Ao que o documento indica, é possível que o terreno próximo à Avenida Independência tenha sido, inclusive, doado pela Casa de Leis.

Quando foi criado, o reservatório recebia água não tratada do Rio Piracicaba através de turbina movida a energia hidráulica; a partir disso, distribuía para a região central da cidade por gravidade. Na época, o atual Museu da Água, a atual sede do Semae (Serviço Municipal de Água e Esgoto), na Rua XV de Novembro, e o “Marechal Deodoro” constituíram os três primeiros pontos com reservatórios da cidade. Hoje, o complexo Marechal recebe água tratada das estações Capim Fino e Luiz de Queiroz. 

Quem explica o funcionamento do reservatório é Tiago Gonçalves de Jesus, chefe da Divisão de Operações do Semae. A respeito dos boatos de que o reservatório será aberto ao público novamente daqui a 30 ou 40 anos, ele afirma: “não sabemos de onde veio isso, é uma lenda urbana”. Segundo ele e Adhemar Goldschmidt, também funcionário do Semae, o esvaziamento veio da necessidade de realização de obra para impermeabilização das paredes e do chão do local, com o objetivo de evitar vazamentos e, portanto, desperdício de água. “Se o serviço durar 100 anos, não será esvaziado e aberto durante 100 anos”, avisa Adhemar. 

A oportunidade de visitar a construção do século XIX, possivelmente única de uma vida, despertou interesse na estilista e modelista Renata Campos, de Limeira. Ela esteve no local na segunda-feira (12), com Tamires Silveira, maquiadora e cabeleireira, Anna Ramos, fotógrafa, e Monize Faralhe, modelo. As profissionais aproveitaram a arquitetura do local para realizar, dentro do reservatório, um editorial de moda com um vestido de noiva criado pela estilista. As luzes coloridas e a música ambiente, instaladas pelo Semae, completavam o clima para o ensaio. “Visitei e fiquei maravilhada, na hora me deu a ideia. [Me chama a atenção] a estrutura, as manchas que o tempo deixa. É muito artesanal”, destacou Renata. 

Já a comerciante Suelen Spada assistiu aos amigos visitando o local pelos posts em redes sociais e, então, ficou curiosa para conhecer também. Ela e o marido levaram o filho de 4 anos na segunda-feira de manhã para o local, que os surpreendeu pela altura e pela grande estrutura. 

Os funcionários do Semae relatam que a equipe ficou surpresa com o envolvimento da população. “Já tem foto de casamento agendada, gravação de clipe de banda, performance de bailarina…”, diverte-se Goldschmidt. 

O público tem até esta quinta-feira (15) para visitar o local, que fica aberto das 7h30 às 13h e recebe a população por ordem de chegada na Rua Aquilino Pacheco, nº 311. Já a digitalização da ata citada nesta matéria, bem como sua transcrição, podem ser conferidas nos anexos abaixo.

ACHADOS DO ARQUIVO - A série "Achados do Arquivo" se pauta na publicação de parte do acervo do Setor de Gestão de Documentação e Arquivo, ligado ao Departamento Administrativo, criada pelo setor de Documentação, em parceria com o Departamento de Comunicação Social, com publicações no site da Câmara, às sextas-feiras, como forma de tornar acessível ao público as informações do acervo da Casa de Leis.

 

Achados do Arquivo Documentação

Texto:  Laura Fedrizzi Salere
Supervisão:  Rodrigo Alves - MTB 42.583


Anexos:
a13 - 4ª sessão ordinaria 23-05-1886 ata.pdf

all.pdf


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