Especialista alerta para perigo de poda excessiva de árvores
Palestra destaca importância da arborização urbana
Aula abordou temas ligados à seleção de espécies para plantio, diversidade e conscientização ambiental.
Para o engenheiro agrônomo, mestre e doutor em produção vegetal Demóstenes Ferreira da Silva Filho, a arborização no meio urbano é de "extrema importância", uma vez que desempenha "inúmeros serviços ambientais". Na segunda aula do módulo "Silvicultura urbana: plantar, avaliar e manejar", oferecida pela Escola do Legislativo, da Câmara de Vereadores de Piracicaba, nesta quarta-feira (4), o especialista abordou temas ligados à seleção de espécies para plantio, diversidade e conscientização ambiental.
O engenheiro destacou a importância da diversidade de espécies arbóreas no meio urbano, pois, segundo ele, colabora para a segurança das próprias árvores, além de contribuir para uma arborização mais sustentável. "Uma arborização utilizando árvores nativas com quantidade maior de diversidade de espécies vai abrigar mais a avifauna, conversar melhor com o ecossistema e criar até portas ecológicas ligando fragmentos florestais entre uma área de uma cidade e de outra", argumentou.
Segundo ele, a seleção de espécies para plantio deve considerar, necessariamente, a capacidade de adaptação, sobrevivência e desenvolvimento no local do plantio, além de características como porte, tipo de copa, folhas, flores, ausência de frutos, hábito de crescimento das raízes, ausência de princípios tóxicos, adaptabilidade climática, resistência a pragas e doenças, tolerância a poluentes e a baixas condições de aeração do solo.
O palestrante aponta que se o objetivo é utilizar espécies para o controle da poluição em áreas centrais do município, então, deve-se utilizar uma composição de espécies resistentes à poluição e que, ao mesmo tempo, reúnam características morfológicas adaptadas para esta função, já que as folhas das árvores podem absorver gases poluentes e prender partículas sobre sua superfície, especialmente se forem pilosas, cerosas ou espinhosas.
“O programa de arborização deve estabelecer para cada rua ou padrão de rua a espécie e o porte de árvore a utilizar, indicando se o plantio será de um ou de ambos os lados da rua. Deve definir paisagisticamente se o plantio será regular, com uma única espécie por rua, intercalado por espécies diferentes a cada determinado número de quarteirões ou totalmente misto, dentro de padrões de porte aceitáveis”, explicou.
Segundo ele, deve-se, por razões estéticas e também fitossanitárias, estabelecer o número de espécies a utilizar e a proporcionalidade de uso de cada espécie, em relação ao total de arvores a ser plantado, sendo que cada espécie não deve ultrapassar de 10 a 15% da população total de árvores.
Para Demóstenes, a maioria das pessoas vivenciaram um convívio próximo com as árvores que trouxe uma pequena incomodidade. “Os incômodos ganharam um peso maior sobre os benefícios. Se as pessoas tivessem uma conscientização maior do quanto uma árvore ajuda na saúde da população, por exemplo, ou de como ela poupa energia, com certeza teriam mais consciência e dariam mais valor a elas”, afirmou.
O engenheiro florestal da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), Flávio Henrique Mendes, definiu as árvores como "mitigadoras dos eventos extremos", ou seja, para temperaturas, umidade e variáveis climáticas elas causam um efeito microclimático regulador, não deixando que as temperaturas fiquem extremas.
“As árvores promovem uma certa resiliência nas cidades, obtendo, por meio da vegetação, uma amplitude menor dos impactos”, ressaltou.
A próxima aula do curso será em 18 de março, das 14h às 17h, na sala da Escola, no pavimento térreo do prédio anexo da Câmara, com entrada acessível para pessoas com deficiência, pela rua do Rosário, 833, Centro.Os interessados em participar do curso podem se inscrever na página da aula, no site da Escola do Legislativo.
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