Vereadora participa de reunião com engenheiros e arquitetos da cidade
Piracicaba é pioneira em "minipúblico" na Sessão Jovem para a COP-26
Evento realizado na Câmara nesta sexta-feira reuniu alunos da rede estadual de ensino para apresentarem soluções e elaborarem documento para Assembleia Geral da COP-26
Sessão Jovem para a COP-26 é a primeira a trabalhar com o método "minipúblico" com jovens para debater as mudanças climáticas
A COP -26, a Conferência das Partes promovida pelas Nações Unidas para discutir as mudanças climáticas, termina nesta sexta-feira (12), em Glasgow, na Escócia. O encerramento do evento, no entanto, não significa o término das discussões sobre o clima, muito pelo contrário. Prova disso é a “Sessão Jovem para a COP-26”, evento realizado também na tarde desta sexta-feira no Salão Nobre da Câmara Municipal de Piracicaba.
Organizada pelo gabinete da vereadora Sílvia Morales (PV), do Mandato Coletivo “A Cidade é Sua”, a atividade congregou alunos do Ensino Médio da rede estadual de ensino de Piracicaba e região, e buscou diagnosticar o impacto das mudanças climáticas em nossa sociedade e, principalmente, buscar soluções.
Minipúblico - Para tanto, o método adotado foi o “minipúblico” que, em linhas gerais, concatena pessoas de diferentes perfis, por meio de sorteios ou cotas, para que se aprofundem e deliberem sobre determinado assunto. No caso, 25 alunos de um universo de 53 inscritos foram escolhidos por meio de um sorteio, cuja participação foi voluntária.
A proposta metodológica “minipúblico” prevê, além da participação dos membros do grupo, a mediação de pessoas e especialistas envolvidos com o tema do evento, fornecendo subsídios para que os participantes aprofundem as discussões e proponham saídas para os problemas detectados.
Mediadores - Ao abrir o evento, a vereadora Sílvia Morales destacou a importância da participação dos jovens nas discussões relativas ao clima: “essas questões estão sendo discutidas na COP-26, em nível global, mas é no município que as coisas acontecem. Nós moramos na cidade de Piracicaba. Por aqui, nós vemos chuvas torrenciais, inundações, queimadas e problemas ambientais diversos. Vocês foram sorteados para estar aqui e, depois, encaminharemos um documento para a Assembleia Geral da COP-26, para que esse documento contribua com as ações e leve até os líderes globais as nossas deliberações”, disse a parlamentar.
“Essa é a primeira vez que o método “minipúblico” é utilizado [por uma cidade do Brasil] com alunos do Ensino Médio para se debater a questão das mudanças climáticas, ainda mais simultaneamente à COP-26”, disse Aline Meme Gallo, representante da ONG Engajamundo e membro jovem da Comclima (Comissão Municipal de Mudanças Climáticas), que foi quem conduziu a primeira atividade do evento, uma conversa informal para que os participantes se conhecessem melhor e trouxessem suas primeiras impressões e conceitos sobre o tema.
Na sequência, Bruno Vello, representante da ONG Imaflora, expôs aos participantes os mecanismos envolvidos no aquecimento global, como por exemplo o efeito estufa, que é resultado do excesso de emissão de gases poluentes na atmosfera.
Vello salientou que o aquecimento global, diferentemente do que seu nome sugere, não representa apenas um aumento das temperaturas do planeta, mas sim a alteração de toda uma dinâmica climática que gera, por exemplo, períodos longos de secas intercalados por chuvas extremas.
Além da compreensão destes diversos impactos, ele também destacou que é premente a consciência de que as mudanças climáticas, apesar de globais, afetam pessoas e lugares de maneiras diferentes. Ele citou como exemplos as favelas, locais que concentram grande número pessoas com menor poderio econômico e que, ao mesmo tempo, são também as mais afetadas pelos eventos climáticos extremos, que resultam em enchentes e desabamentos de encostas, por exemplo.
Na sequência, Bruna Ferreira, representante da União Estadual dos Estudantes (UEE) de São Paulo e também membro jovem da Comclima, defendeu maior participação dos estudantes nos espaços de discussão e deliberação, como a própria Câmara Municipal e a Comissão Municipal de Mudanças Climáticas: "nós achamos que o mandato da juventude na Comclima deve ser coletivo, deve construir uma estratégia para agregar mentes pensantes e apresentar um projeto mais consistente, um plano para contra-atacar aqueles que criam e nos fazem passar por dificuldades climáticas, que podem ser evitadas. Vamos cobrar os governantes”, conclamou.
Medos e esperanças - Logo em seguida, os alunos usaram seus celulares e alguns notebooks disponibilizados pelos organizadores do evento para acessarem um site e, em 3 palavras, digitarem seus medos. Na sequência, também, em 3 palavras, foi a eles solicitado que digitassem suas principais esperanças em relação às mudanças climáticas.
Após o envio de todas as respostas, uma “nuvem” com as diversas palavras - graduadas em tamanho crescente de acordo com o número de vezes em que foram citadas -, apareceu no telão, permitindo aos participantes identificarem, visualmente, as palavras que simbolizavam o que o grupo mais temia e ansiava ao mesmo tempo.
Mitigação e adaptação - Os alunos, na sequência, ouviram a explanação da também representante da Imaflora, Júlia Campos, que, em linhas gerais, enfatizou que as soluções para os problemas climáticos devem ser pensadas de forma integrada e transversal, para além do problema mais evidente.
Ela também expôs que as soluções devem ser apresentadas, preferencialmente, em duas esferas de abordagem: a mitigação e a adaptação. Esta, prevê que ações imediatas voltadas a “contornar” os impactos já existentes sejam tomadas e, aquela, ações voltadas a reduzir, ou seja, mitigar, a fonte do problema.
Problemas e soluções - A última etapa da atividade foi a formação randomizada de 5 subgrupos entre os estudantes participantes para que, em 20 minutos, identificassem os problemas que mais os afetam e, na sequência, apresentassem possíveis soluções. Cada grupo definiu um representante que, ao término do tempo, expôs aos demais grupos um resumo do que discutiram.
As queimadas, que destroem flora e fauna, o descarta irregular de lixo e produtos eletrônicos, as enchentes, o uso não racional da água e o alto preço o do etanol, que faz com que mais pessoas optem por combustíveis fósseis, foram alguns dos problemas diagnosticados pelos estudantes.
Eles, na sequência, apresentaram como possíveis soluções, campanhas educacionais sobre o descarte correto do lixo, leis mais severas para quem polui o meio ambiente, o uso mais consciente da água, em especial na agricultura, o reaproveitamento e reciclagem de materiais eletrônicos, a redução do preço do etanol e o investimento em fontes energéticas mais renováveis, como a eólica e a solar.
Manuela Setem Angelini, aluna da escola Manoel Dias de Almeida, no momento de considerações finais do evento, resumiu o sentimento do grupo: “todos nós aqui chegamos a uma conclusão, trouxemos soluções para problemas. Nós temos que aprender a solucionar problemas, e isso faz parte da educação, do conhecimento”. Ela também pediu para que "sejamos menos egoístas", e concluiu sua participação citando Paulo Freire: “educação não transforma o mundo, educação transforma as pessoas, e pessoas mudam o mundo”, disse a estudante.
Encaminhamentos - As propostas formuladas pelos alunos, agora, serão compiladas em um documento que, após revisado e aprovado coletivamente, será encaminhado para a Comclima e para a Assembleia Geral da COP-26.
O evento também contou com a participação da vereadora do município de Americana, Juliana do Nascimento (PT), professores da rede estadual de Ensino e representantes da Diretoria Regional de Ensino de Piracicaba.
A Sessão Jovem para a COP-26 foi transmitida ao vivo pela mídias oficiais da Câmara Municipal de Piracicaba e pode ser vista, na íntegra, no canto superior esquerda desta matéria, logo abaixo da foto de capa.
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