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Ucrânia e Gaza: professor pede transparência na cobertura de conflitos
Coordenador do Laboratório de Mídia e Ambiente da Esalq, Antonio Ribeiro de Almeida Júnior ocupou a tribuna popular da Câmara nesta segunda-feira (18)
Professor Antonio Ribeiro de Almeida Júnior falou dos conflitos na Ucrânia e em Gaza
Crédito: Rubens Cardia (MTB 27.118)O professor Antônio Ribeiro de Almeida Júnior, coordenador do Departamento de Mídia e Ambiente da Esalq, cobrou dos veículos de comunicação no Brasil maior transparência e clareza na cobertura de conflitos bélicos internacionais, sobretudo naquilo que se refere à Ucrânia e à Faixa de Gaza.
Almeida Jr. trouxe o assunto à tona ao ocupar a tribuna popular da Câmara Municipal de Piracicaba durante a 13ª Reunião Ordinária, na noite desta segunda-feira (18). “Muitos pensam que isso (os conflitos) não nos afeta, como se Piracicaba e o Brasil fossem ilhas e nada tivessem a ver com problemas externos, mas vivemos na Terra e compartilhamos seu destino”, disse.
A crítica do professor é em torno daquilo que ele classificou que não são informações, “feitas para nos informar”, pontuou, “mas quase sempre são produtos de solidificada propaganda para conquistas nossas emoções e colonizar nossas ideias”, destacou. Ele argumentou que a situação causa “confusão política de proporções históricas e inéditas, onde negros votam em racistas, mulheres em machistas e pobres em neoliberais”.
O orador disse que a cobertura na guerra da Ucrânia coloca a Rússia como “agressora e expansionista”, porém, ele lembra que os fatos apontam para o expansionismo da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), sob a liderança dos Estados Unidos, “com a clara intenção de atingir a Rússia”, acrescentou. Almeida Jr. acrescenta, ainda, que desde 2014, quando ocorreu o chamado EuroMaidan, “a cobertura midiática é um fiasco, uma verdadeira reprodução da propaganda dos EUA, mantendo os brasileiros desinformados”.
Ele também lembrou que, recentemente, um comentarista da mídia nacional chegou a questionar a participação da Rússia no Conselho de Segurança da ONU e ignorou o fato de ter sido o País, no período soviético, quem tomou Berlim e derrotou o nazismo, além de ter sofrido com a morte de 27 milhões de seus cidadãos. “Esses são fatos que o comentarista deveria mencionar”, disse.
Na mesma linha sobre a manipulação da mídia, o professor acrescenta que o conflito na Faixa de Gaza segue a mesma sequência de “distorções, exageros e mentiras, como se o conflito tivesse se iniciado em 7 de outubro de 2023 (quando o Hamas realizou ataques na fronteira com Israel)”. Ele salienta, porém, que o conflito se iniciar no Século XIX com o movimento sionista. “Antes disso, quase não havia judeus na Palestina”, destaca.
O professor questiona a falta de equivalência entre os ataques do Hamas e o que é realizado pelo Estado de Israel na região. “Se o Hamas é terrorista, o que é o Estado de Israel, que realiza práticas genocidas desde 1947”, pontua. “Eles descumprem decisões do Conselho de Segurança da ONU e de leis internacionais”, lembra o pesquisador, ao classificar que as coberturas da grande mídia brasileira são em geral “hipócritas e vergonhosas”.
“Para vocês terem uma ideia, durante cinco anos de bombardeios sobre a Inglaterra na Segunda Guerra Mundial, cerca de 60 mil pessoas foram mortas. Em Gaza, já são 30 mil, com milhares de mulheres e crianças”, destaca, ao lembrar da crescente oposição ao governo israelense dentro do País, com protestos contra Benjamin Netanyahu, e até do líder do Senado estadunidense, que é de origem judaica, assim como de intelectuais mundo afora.
Na avaliação do professor da Esalq, “a era da informação também é a era das fake news”, e sugere que os meios de comunicação no Brasil sejam questionados para não omitir informações, exagerar eventos e criminalizar grupos. “Isso não é notícia, é propaganda”, acrescenta.
“Se queremos manter nossa dignidade humana, temos que levantar nossas vozes e dizer que ‘basta de genocídios’”, concluiu.
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