Durante a 13ª Reunião Ordinária da Câmara Municipal de Piracicaba, nesta quinta-feira (20), a vereadora Silvia Morales (PV), que integra o mandato coletivo “A Cidade é Sua”, utilizou a fala regimental para abordar temas diversos, incluindo intolerância religiosa, a presença feminina no Legislativo ao longo da história e questões relacionadas à mobilidade urbana na cidade.

Silvia iniciou sua manifestação mencionando um caso de intolerância religiosa envolvendo um casal praticante da umbanda, que, segundo a parlamentar, foi vítima de perseguição e atropelamento no bairro Jardim Monumento. “O carro acelerou na direção do casal e os atingiu em cheio”, relatou. O caso foi noticiado pela imprensa local e, de acordo com a vereadora, teria sido motivado por preconceito religioso. 

Ela destacou que o mandato integra o Fórum Inter-Religioso e pela Cultura da Paz e reforçou a importância do respeito às diferentes crenças. “Estamos em um local onde há evangélicos, católicos, muçulmanos, praticantes de religiões de matriz africana. Precisamos discutir essas questões com diálogo e respeito”, defendeu, informando que está prevista a realização de uma roda de conversa com representantes de diferentes religiões. 

Silvia Morales voltou a abordar o tema da representatividade feminina no Legislativo municipal, destacando a série Achados do Arquivo, do Setor de Gestão de Documentação e Arquivo e do Departamento de Comunicação Social da Câmara, que evidenciou que, em 203 anos de história do parlamento piracicabano, apenas 18 mulheres ocuparam cadeiras no Legislativo.

A vereadora mencionou figuras históricas como Ditinha Penezzi e Laudelina Cotrim Castro, e lamentou a baixa presença feminina. “Tem algo errado. Precisamos incentivar a participação das mulheres na política e cobrar dos partidos esse apoio”, afirmou. 

Ela também citou o resgate histórico de mulheres importantes da cultura local, conhecida como “Madrinha Eunice”, fundadora da primeira escola de samba de São Paulo, a Lavapés, nascida em Piracicaba em 1909. Silvia ressaltou que, apesar da importância da artista, sua memória permanece pouco reconhecida no município.

Ainda durante sua fala, a vereadora mencionou o projeto de criação de um memorial em homenagem às vítimas do desabamento do Edifício Comurba, ocorrido na década de 1960, na praça José Bonifácio. Segundo ela, o projeto está em fase de discussão com artistas locais, representantes da Secretaria Municipal da Ação Cultural e outros setores da sociedade.

A parlamentar abordou questões relacionadas à mobilidade urbana, com foco na implantação de ciclovias e ciclofaixas na cidade. Com formação em engenharia civil e mestrado em urbanismo, a vereadora exibiu um vídeo com críticas a recentes obras de infraestrutura cicloviária em Piracicaba. Segundo ela, os trechos analisados apresentam problemas como uso inadequado de materiais, drenagem ineficiente e sinalização insuficiente.

Ela defendeu que os recursos públicos sejam investidos com planejamento técnico adequado e com participação da comunidade local. “Não se trata apenas de jogar concreto. É preciso um projeto verdadeiro, com visão de sustentabilidade e segurança para todos”, concluiu.