EM PIRACICABA (SP) 19 DE NOVEMBRO DE 2024

Câmara enaltece ativismo e contempla mulheres em projetos e serviços

Evento nesta terça marca os 21 dias de abertura oficial dos “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra as Mulheres”; houve palestra especial e quatro homenagens




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Câmara enaltece ativismo e contempla mulheres em projetos e serviços

Crédito: Samuca Miazaki


A Câmara Municipal de Piracicaba, no decreto legislativo 14/2017, que instituiu o calendário “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra as Mulheres”, promoveu solenidade com homenagens a quatro pessoas que estão à frente de projetos e serviços em prol das mulheres. A Psicóloga Karina Pereira Sabedot, especialista em Segurança Pública pela UFRGS, Mestre em Ciências Humanas e Sociais Aplicadas pela UNICAMP, que atua na Defensoria Pública do Estado de São Paulo abordou a temática: “Porquê precisamos de 21 dias de ativismo". Foram contempladas: Aldelize Henrique do Nascimento da Silva, Lucineide Aparecida Maciel Corrêa, Lucy Mazeto e Zélia dos Reis.

O evento foi realizado nas dependências do salão nobre "Helly de Campos Melges", prédio principal da Câmara, rua Alferes José Caetano, 834, Centro, às 14h30, com transmissão ao vivo pela TV Câmara (nos canais 11.3 da TV digital, 4 da NET e 9 da Vivo TV) e também pôde ser conferido nos perfis oficiais da Câmara, no Facebook e no YouTube, além do site camarapiracicaba.sp.gov.br

As atividades do calendário dos “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra as Mulheres” incluem ações voltadas ao enfrentamento da violência de gênero. A mobilização dura 21 dias, com início em 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, e encerramento em 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.

Conforme o decreto legislativo 14/2017, no decorrer do evento, são homenageadas pessoas de notória atuação voltadas à Igualdade da Mulher, com Reconhecimento de Mérito. Em 2024, os “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra as Mulheres” foi viabilizado pelo requerimento 1075/2024, de autoria das vereadoras Rai de Almeida (PT) e Silvia Morales (PV), do mandato Coletivo A Cidade é sua.

Na composição da mesa de honra dos trabalhos, a presidente dos trabalhos da tarde e proponente da solenidade, Rai de Almeida; a também proponente da solenidade, Silvia Morales; representando a Secretaria Municipal de Governo, Tássia Elisa Masiero Pires, a assessora da Secretaria Municipal de Governo, Sulei Regina Chiaranda; representando a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, Euclidia Fioravante, a superintendente do Desenvolvimento Social, Lígia Maria Silva de Oliveira; representando o 10º BPMI, a cabo PM, Isis Pinheiro; a presidente do Conselho da Mulher e Coordenadora do CRAM - Centro de Referência de Atendimento à Mulher, Fabiana Menegon; a conselheira da ACIPI - Associação Comercial e Industrial de Piracicaba, Elisabete Mazero; a vice-presidente da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas de Piracicaba), Luciane Valeria Fogaça Aguiar e a psicóloga, Agente da Defensoria, e a palestrante, Karina Pereira Sabedot, que foi a primeira a se manifestar no ciclo de saudações na solenidade, além de registrar o caráter dos direitos humanos das mulheres.

Também para sua saudação, a conselheira da Acipi, Elisabete Mazero considerou a importância do evento para Piracicaba. A presidente do Conselho da Mulher, Fabiana Menegon enfatizou sua representação, perante o Cram e o Conselho da Mulher, na felicidade de dar início ao ativismo, além de destacar a exposição, que marca os 21 dias de ativismo em Piracicaba, em provocação e discussões para o combate sobre a violência contra as mulheres.

A cabo PM Isis Pinheiro falou do prazer de participação no evento. Em nome da Smads, Lígia Maria discorreu sobre a importância de combate o ano todo e não apenas nos 21 dias. Também falou da relevância de levar o trabalho em locais mais distantes, em ação do Cram, com horário estendido após às 17 horas, em grande avanço que conseguiu em 2024. A assessora da Secretaria de Governo, Sueli Regina Chiaranda parabenizou novamente a Procuradoria da Mulher pelo evento, lembrando que nesta terça-feira também é celebrado o dia do empreendedorismo feminino.

A vereadora Silvia Morales ocupou a tribuna de honra para destacar a relevância da solenidade, na abertura de mais um ciclo de debates, também considerou o fato de ter sido reeleita e estreitar ainda mais os laços desta campanha mundial. Ainda citou que estava no gabinete da ex-vereadora Nancy Thame, quando foi instituído o dia, e agora, na condição de estar na Procuradoria da Mulher, o que remete à sinergia que esta iniciativa ganhou na cidade. A parlamentar também considerou a firme determinação de Marilda Soares, ao reconhecer que enquanto houver uma mulher sofrendo, o movimento tem que permanecer em discussão.

Silvia também mostrou que menos de 20% de mulheres ocupam cargos políticos, além de outros dados que mostram o aumento da violência. "Temos que fortalecer esta campanha", disse, além de reconhecer que houve avanços no governo Lula, a exemplo do programa de proteção à saúde menstrual, regulamentação do auxílio aluguel e outras ações. E, ainda falou do paradoxo, do presidente da Argentina, Milei, de ter votado contra resolução da ONU de proteção às mulheres. Silvia citou as homenageadas, além de referendar o livro de Maira Medeiros, em leitura leve e interessante sobre o machismo.

A presidente dos trabalhos da tarde, Rai da Almeida também ocupou a tribuna de honra para destacar a relevância do evento, com saudação às homenageadas, na defesa e representação a um contingenciamento de mulheres que ficam no anonimato. "Falar da violência ainda é uma dificuldade, mas haverá o dia em que isso não será mais preciso", disse a parlamentar, que também falou do encontro nacional do feminismo, em evento recente que ocorreu em Brasília, na constatação de que a pauta das mulheres ainda não encontra respaldo nas ações públicas, visto que o Brasil é o quinto do mundo onde é pior para se nascer mulher.

Segundo Rai, a cada 24 horas temos pelo menos oito mulheres sofrendo violência. Ela também citou caso de misoginia, que estarreceu Piracicaba, contra a população LGBTQIAPN+, onde "não podemos ficar omissos e sim denunciar, botar a boca no trombone e dizer não à violência contra as mulheres", disse. Rai também rogou para que o próximo governo não retroceda nos avanços e, que o Conselho Municipal da Mulher possa avançar. Também fez um apelo aos homens, que possam romper com este ciclo de violência, na conquista de uma sociedade com direitos iguais.

Palestra

Karina Pereira Sabedot falou do universo da violência para lembrar que hoje é um dia triste para o país inteiro, por reservar um dia no ano, para dizer que não somos violentos com as mulheres. Falou do contexto de violência doméstica, frente à uma sociedade conservadora. Citou violência política dos próprios pares, de gente que nem assumiu ainda e já mostra sinais de violência. "Nós, enquanto mulheres, não votamos em mulheres, nem em âmbito municipal ou federal, e quando votamos acompanhamos a forma arbitrária, como a retirada de Dilma Roussef", disse Karina, que também falou da sua condição de estar tensa, pela responsabilidade gigantesca de portar esta fala, com foco nos 16 dias de ativismo, a começar pelo dia simbólico e de resistência que foi Zumbi dos Palmares (20 de novembro).

Para Karina, desde que nascemos somos violados, principalmente em família, onde recebemos um quite de limitações de nosso agir e pensar como seres humanos. Também falou do conceito de patriarcado, de machismo e de misoginia, onde é preciso compreender estes três conceitos, para verificar o porquê da violência contra as mulheres.

No patriarcado as mulheres são tidas como inferiores aos homens, a exemplo de quando se fala que a menina tem que fechar as pernas, que vão ganhar uma boneca, num conjunto de ações já prontas, com scripts onde não temos como subverter esta ordem. "O patriarcado não age sozinho, o machismo é a ferramenta que faz com que a inferioridade feminina se firma no espaço. Não temos que resignar com toda forma de violência", falou Karina, que ainda avaliou o papel da misoginia, como um manifesto no discurso de ideias impostas sobre as quais não refletimos, que reforça os diversos ódios às melhores.

"O machismo prega a superioridade perante as mulheres, o que é uma mentira, pois uma prega a vida e a outra a morte. Parece que é um discurso que nos protege, mas que coloca a mulher como inferior, a exemplo de um restaurante, onde o consultado será sempre o homem e não a mulher. A visão de que meninos vestem azul e meninas rosa, está numa escala de machismo, para justificar a visão distorcida sobre as mulheres", disse.

Karina também avaliou que as instituições são patriarcais, que coloca a mulher na inferioridade. Lembrou que em concurso público as mulheres até superam os homens, mas pela necessidade de provar cada vez mais a si mesmas. Além de destacar que nós despreparamos nossas crianças, onde muitas das violências contra elas não são percebidas, onde esta violência marca as nossas identidades, com a potencialidade da mulher permanentemente marcada. Para Karina, mais de 70% das mulheres sofrerão alguma violência em sua vida. Numa realidade que afeta meninas dos 10 aos 14 anos, as mais violentadas, principalmente sexualmente. "Cada um de nós sabe onde dói, é por isso que hoje é um dia triste. A minha fala não é de acabar com os homens, e sim queremos que nos respeitem, que a gente se abrace, abraçando a gente voa", disse.

Karina concluiu sua palestra lembrando que em 1991 a Onu determinou os 16 dias de ativismo, onde em alguns países, como no Brasil isso foi para 21 dias. Também reconheceu que a maioria dos habitantes em Piracicaba é mulher, na faixa dos 35 a 44 anos. E, ainda falou do perfil das mulheres piracicabanas. Citou mulheres não brancas, as pretas e indígenas, para mostrar que quanto mais pretas, mais violência sofrem, a exemplo do parto, com menos anestesia. Sobre o universo dos escravizados africanos, Karin destacou que mais de seis milhões de pessoas foram sequestradas, pessoas de diferentes famílias para que não se agregassem. "Contamos história falsa de uma princesa que libertou os escravos, o que temos são famílias arruinadas, em trabalhos com menores salários, onde a maioria é pessoa preta", disse, para justificar o porquê no Brasil são 21 dias de ativismo.

Karina também falou da interseccionalidade, de mulheres que a cada 46 minutos são violentadas, incluindo transexuais, PCD, idosas, LGBTQIAPN+, onde a mulher desaparece dentro da família. "Nossas vidas tem que ser respeitadas em qualquer lugar que a gente vá. Precisamos de homens que estejam ao nosso lado", concluiu.

Na sequência da solenidade teve destaque os contemplados da tarde. E, para falar em nome de todas, Zélia dos Reis ocupou o lugar de honra, em agradecimento pela presença de todos, falando da honra e da responsabilidade em receber as honrarias. "É momento de luta e vamos continuar enquanto a gente puder, muito obrigado e estamos juntos", disse.  

Homenageadas

LUCINEIDE APARECIDA MACIEL - Coordenadora da Patrulha Maria da Penha de Piracicaba, ingressou na Guarda Civil do Município de Piracicaba no ano de 1992.
Bacharel em Direito pela Universidade Metodista de Piracicaba - UNIMEP. Especialização em Policiamento Comunitário – pela Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL.
Comandante da Guarda Civil do Município de Piracicaba no período  de 2016 a 2020.
Idealizadora da Patrulha Maria da Penha de Piracicaba no ano de 2017.

ALDELIZE HENRIQUE DO NASCIMENTO DA SILVA - Jornalista, estudou Marketing, Administração Pública e Gerência de Cidades. É ativista das causas sociais e dos Direitos Humanos. Atuou em órgãos públicos como na Secretaria Municipal do Trabalho e Renda, hoje denominada SEMDETUR, na Câmara Municipal de Piracicaba, onde desempenhou a função de assessora parlamentar, e, em instituições privadas como, a Rádio e TV Convenção de ITU, jornais impressos, além de lançar em 2010 a sua própria revista impressa. Participou do Conselho Municipal da Mulher de Piracicaba. Atuou também, como conselheira no CONEPIR (Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra de Piracicaba) e foi eleita pela comunidade escolar, da Rede Municipal de Ensino, para integrar no Conselho Municipal de Educação. Mãe do Luiz e da Heloisa, ela segue atuando no fortalecimento de uma sociedade mais justa, mais ética e inclusiva.

LUCY MAZETO - Assistente Social e Psicanalista. Atualmente trabalha como assistente social no Cram e como Psicanalista em atendimentos particulares. Bacharel em Serviço Social pelas Faculdades integradas Maria Imaculada. Atuando na área da assistência Social desde 2002. Especialização em Gestão de Pessoas pela Unimep. Especialização em psicanálise de grupo, família e intervenção em instituições pelo Cefas. Psicanalista pela Escola Paulista de Psicanálise EBP.

ZÉLIA DOS REIS - Conselheira Tutelar, estando no sexto mandato. Advogada, com atuação nas áreas de Direito de Família, Cível e Criança e Adolescente. Palestrante em Conferências da Criança e do Adolescente e da Assistência Social. Palestrante e professora na Escola de Conselhos do Estado de São Paulo. Professora de ensino fundamental e médio na rede estadual. Formada em Pedagogia - UNICID. Pós-Graduação: Especialização em Planejamento e Gestão de Políticas Sociais - FATEP ; Licenciatura em Letras com Habilitação em português/inglês e Literatura: Centro Universitário de Araras “Dr. Edmundo Ulson” ;  Curso de Direito - Universidade Metodista de Piracicaba de Piracicaba – UNIMEP.

Programação pela cidade

19/11 – 14h30 – Câmara Municipal
Abertura oficial da campanha
Homenagens às mulheres atuantes na luta contra a violência
Exposição de fotos com mensagens bordadas pelas atendidas do CRAM.
Endereço: Rua Alferes José Caetano, 834

22/11 – 14h30 - Escola Estadual Attilio Vidal Lafrata
Evento restrito aos alunos e professores
Rode de conversa sobre os 21 dias de ativismo.
Endereço: Rua Vaticano, 28 - Costa Rica, Piracicaba - SP, 13401-660, Brasil

22/11 – 14h – CRAM
Oficina musical com o grupo SouElas
Evento restrito às usuárias do CRAM
Endereço: Rua R. Cel. João Mendes Pereira de Almeida, 230

25/11 – 17h – Em frente à Estação da Paulista
Ação educativa com bloqueio de orientação e conscientização
CRAM, Polícia Militar e Patrulha Maria da Penha
Endereço: Avenida Dr. Paulo de Moraes, 1580

26/11 – 19h30 – Conseg Santa Terezinha
Apresentação do CRAM
Endereço: Rua Alcindo Blumer, 100 – Artemis.

27/11 – 10h – CAPS AD
Encontro com as mulheres atendidas pelo Caps AD com a participação do CRAM
Endereço: Avenida Dr. Paulo de Moraes, 1703

27/11 – 18h – Simespi
Workshop: Participação Social e o enfrentamento à violência contra as mulheres
Prefeitura Municipal, Conselho Municipal da Mulher e Simespi
Endereço: Rua Samuel Neves, 1601

29/11 – 14h – Escola do Legislativo – Procuradoria Especial da Mulher na Câmara
Exibição do documentário O Silêncio dos Homens
Evento aberto ao público.
Endereço: Rua do Rosário, 833 - centro

4/12 – 19h – Praça José Bonifácio
Exibição do documentário O Silêncio dos Homens
Evento voltado para homens em situação de rua.
Endereço: Praça José Bonifácio

5/12 – 14h – Secretaria Municipal de Educação
Palestra Mulher em Situação de Vulnerabilidade e Uso de Substâncias Psicoativas: Desmontando estigmas e colhendo sonhos, com Fernanda Almeida.
Endereço: Rua Cristiano Cleopath, 190

06/12 – 09h30 - Escola Estadual Attilio Vidal Lafrata
Evento restrito aos alunos e professores
Rode de conversa sobre os 21 dias de ativismo.
Endereço: Rua Vaticano, 28 - Costa Rica, Piracicaba - SP, 1340

Institucional Parlamentar Rai de Almeida Silvia Maria Morales

Texto:  Martim Vieira - MTB 21.939
Supervisão de Texto e Fotografia: Rebeca Paroli Makhoul - MTB 25.992

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