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Série ‘Achados do Arquivo’ resgata texto do patrono do Setor de Documentação em que ele relata o trabalho dos “fiscais da Câmara” no final do Século 19
Imagem produzida por Inteligência Artificial: "do tempo em que as cabras pagavam o pato"
Nesta sexta-feira, a série Achados do Arquivo faz reverência especial ao professor Guilherme Vitti, patrono do Setor de Gestão de Documentação e Arquivo da Câmara Municipal de Piracicaba, e figura central na preservação dos documentos do Legislativo piracicabano ao longo de décadas (para não dizer, século!).
Como é de conhecimento para quem acompanha o tradicional ‘Achados’, esta série de reportagens nasceu em meados de 2021, como uma forma de divulgar e dar acesso aos documentos históricos preservados no acervo da Câmara. Ao longo de cerca de quatro anos, mais de uma centena de matérias foram publicadas, elaboradas por diversas mãos, que colaboraram e ainda colaboram com esta iniciativa que reúne o cuidado com o material que se acumula nos arquivos da Casa de Leis e a necessidade de mostrar à população de Piracicaba, criando laços comunitários e lastros históricos entre território e povo.
Servidores e estagiários do Setor de Gestão e Documentação e Arquivo e do Departamento de Comunicação Social cederam (e ainda cedem) sua criatividade e ânimo para a pesquisa e também para trazer ao público um pouco da história piracicabana, recontada a partir de temas distintos e fatos curiosos.
Neste trabalho de garimpo diário, surge uma pasta “escondida” em um canto ainda não explorado. Ali, jazia uma preciosidade. Em um punhado de folhas datilografadas encontram-se textos, muitos semelhantes à proposta do Achados do Arquivo, com um autor mais do que especial: Guilherme Vitti.
O Professor Vitti dedicou anos de sua vida aos documentos da Câmara e é um dos grandes responsáveis pelo arquivo da edilidade ser hoje um centro de memória da cidade. Anos atrás, muito antes desta série Achados, este nobre servidor do Legislativo piracicabano já se preocupava em eternizar as descobertas do acervo em texto editoriais. Não é possível saber se estes textos foram publicados, mas eles foram cuidadosamente escritos – como a era a característica de Guilherme Viitt.
Por isso, nesta semana, a série ‘Achados do Arquivo’ é uma homenagem ao grande mestre, que, com seu trabalho na Câmara, garantiu a preservação do acervo, permitiu que tanta história fosse contada e hoje assina o texto desta semana. Anexo à matéria está o texto original datilografado e os documentos que inspiraram aquele que, com justiça, é o patrono do Setor de Gestão de Documentação e Arquivo da Câmara:
***
E as cabras pagavam o pato
Prof. Guilherme Vitti
Tenho, como companheiros diários, centenas de livros manuscritos, com a provecta idade de mais de dois séculos, que ajudam a recordar a vida de tempos idos dos ancestrais de nossa urbe.
Há os que apresentam o modo do comportamento cívico social, religioso e indiferente. Alguns com caligrafia de garranchos que indecifráveis, outros dignos de admiração por terem sido registrados com penas de gansos, muito mais bem escritos que os dos atuais escrevinhadores, apesar do insuperável progresso da técnica mecânica.
O que atualmente mais me admira é ver trabalhos escritos por mãos femininas, disputado com o homem a feiura caligráfica: Qual não seria o espanto das mestres de outrora, contemplando os arabescos de agora?
No arquivo da Câmara Municipal, chama a atenção o livro com o título – Termos de Arrematação – no qual são lavrados os trabalhos dos fiscais da Câmara, que cuidavam do correto uso dos logradouros públicos, não só do cidadão, como também dos outros usuários. Com a fiscalização contínua, porém, as vítimas constantes eram as cabras, bem conhecidas por sua agilidade em saltar muros e cercas.
Veja-se o temo de Arrematação feito pelo fiscal:
“Aos cinco dias do mês de setembro de 1899, nesta cidade de Piracicaba, compareceu o Fiscal do Norte, e disse que, tendo afixado edital comunicando à praça, de uma cabra apreendida por estar vagando pelas ruas da cidade, realizou-se hoje a referida praça, arrematada por José Di Lelo, pela quantia de cinco mil réis, que entregue foi ao Procurador da Câmara Municipal.
Do que, para constar, lavrou-se o presente Termo, que vai assinado pelo Fiscal. Eu, Arthur Vaz, Secretário da Câmara, o escrevi. Fiscal do Norte.”
Palavreado simples, sem rodeios. As inocentes cabras eram as buscas diárias dos fiscais, os flanenhias de outrora.
Curiosamente as primeiras apreensões são de cabras, raros cabritos e um bode, quase sempre arrematadas por 5$000. Só na décima arrematação aparece uma vaca de cor vermelha, arrematada por 95$000, identificada com a marca SG. Quem seria o proprietário?
Seguem-se prisões de cabras, com cores várias, brancas, fusccas, baias, acompanhadas, ás vezes, dos cabritinhos, raramente os senhores bodes.
Uma novidade rara. Foram aprendidas quatro caixas de charutos, que foram arrematadas por José Gomes Marques, pela importância de 13$200. Houve também objetos de um mascate, com a costumeira falta do pagamento da licença, assim como a compra de duas espingardas de caçadores, caixas com cosméticos e pó de arroz.
NOTA DA ARQUIVISTA - O livro denominado “Termos de Arrematações”, citado por Guilherme Vitti em seu texto, foi incluído e disponibilizado ao público na plataforma de acervo online da Câmara Municipal de Piracicaba. É composto por registros de Termos de Arrematação, de 1899 a 1905, lavrados pelo secretário da Câmara, nos quais eram registrados os “bens” aprendidos pelos fiscais do município e levados a praça pública ou hasta pública (leilão). Nos documentos também constam por quem e por quanto tais bens foram arrematados. O livro é composto por 116 termos de arrematação, desses, mais de 100 tem cabras apreendidas e arrematadas. É uma porcentagem muito alta, que leva a crer que o Mestre Vitti tinha razão, as cabras realmente pagavam o pato!
ACHADOS DO ARQUIVO - A série "Achados do Arquivo" é uma parceria entre o Setor de Gestão de Documentação e Arquivo, ligado ao Departamento Administrativo, e o Departamento de Comunicação Social da Câmara Municipal de Piracicaba, com o objetivo de divulgar o acervo que está sob a guarda do Legislativo. As matérias são publicadas às sextas-feiras.
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