Prefeitura realiza intervenção em rua de Artemis objeto de indicação
Fórum aponta necessidade de regulamentar leis urbanísticas
Câmara sediou encontro do Fórum Permanente de Gestão e Planejamento Territorial Sustentável na tarde desta terça-feira.
O arquiteto e urbanista Eduardo Salgado Marconi defendeu a necessidade de definir o papel do Estado, dos proprietários de imóveis e dos profissionais que são responsáveis técnicos na área nas discussões sobre a ocupação urbana. O aspecto foi um entre os diversos tratados na palestra "A produção social do espaço e o direito à cidade", que ele ministrou na Câmara na tarde desta terça-feira (20).
O encontro fez parte do Fórum Permanente de Gestão e Planejamento Territorial Sustentável, presidido pela vereadora Silvia Morales, do mandato coletivo A Cidade É Sua, e pelo vereador Josef Borges. A reunião contou com a presença do presidente da Emdhap, Sérgio Maluf Chaim, e de representantes de secretarias municipais, conselhos e órgãos que discutem a temática.
Eduardo lembrou que a evolução da urbanização no Brasil está ligada aos ciclos de industrialização e que somente com o Estatuto da Cidade, de 2001, é que ganharam base legal as funções sociais da cidade e da propriedade, o conceito de sustentabilidade urbana e os instrumentos urbanísticos.
O ponto central do debate, segundo o urbanista, é que o interesse coletivo prevaleça sobre o individual, de modo que a concepção das cidades venha a "aproximar o trabalhador da sua moradia e evitar pêndulos de deslocamento e o colapso da infraestrutura da mobilidade urbana". "A legislação urbanística tem papel fundamental em como propomos a ocupação do espaço", pontuou.
O especialista também chamou a atenção para os interesses distintos que se apresentam na cidade, quando concebida como "um conjunto de atividades residenciais e não-residenciais articulado através de fluxo de pessoas, mercadorias e investimentos". "Quem deve determinar a dinâmica do uso e ocupação do solo: um Estado mais forte ou o mercado imobiliário?", questionou, acrescentando que, "quanto mais compacta é uma cidade, mais sustentável ela é".
Nessa disputa que envolve diversos agentes, continuou Eduardo, "o valor da terra é o ponto principal da discussão". Ele citou o exemplo do que acontece na Região Metropolitana de Campinas, em que o preço médio do metro quadrado em área rural é de R$ 80, mas, "quando ela passa a ser urbana, o valor comercial pode chegar a até R$ 800 para lote popular".
O especialista também falou da necessidade de "a segurança jurídica estar de forma objetiva na legislação" da ocupação de solo. "Tornar mais lógica a aprovação de um empreendimento nada mais é do que definir o papel do Estado, o que a Prefeitura tem de olhar, o papel dos responsáveis técnicos e o papel dos proprietários e possuidores. Esse debate é central. Para o licenciamento, a Prefeitura deve observar nada mais que o interesse público."
"A separação espacial entre as camadas sociais ocorre à medida que se transfere ao mercado imobiliário a responsabilidade pela construção das habitações, e disso resulta a não-cidade. Esse é o enfrentamento que devemos fazer na universidade e como vereadores e gestores, pois é essa população que depende da gente", completou.
Eduardo trouxe números e mapas sobre a extensão dos núcleos irregulares em Piracicaba e cobrou a regulamentação de leis já aprovadas para que sejam viabilizados os instrumentos de política habitacional. "As legislações urbanísticas em Piracicaba estão atualizadas, mas poucas estão regulamentadas. O Estatuto da Cidade cria os instrumentos, o Plano Diretor cita, mas também deve regulamentar através de legislação específica, pois eles só são aplicáveis se o município os regulamenta a partir de sua realidade."
Fábio Tadeu Lazzerini, geólogo do Ipplap (Instituto de Pesquisas e Planejamento de Piracicaba), explicou que as principais preocupações da autarquia relacionadas à ocupação do solo dizem respeito à escassez hídrica, às enchentes e a desmoronamentos. Os trabalhos para mitigar os riscos incluem o monitoramento de 15 potenciais áreas que podem no futuro fornecer água à população de Piracicaba, a construção de barragem no Corumbataí e a consolidação de parques lineares em torno do Corumbataí e do Piracicamirim.
A vereadora Silvia Morales destacou o papel da Câmara em provocar discussões que motivem o Executivo a encaminhar políticas públicas para a aprovação pela Casa. "O Legislativo tem que fazer esses debates e conscientizar as pessoas, porque a cidade tem necessidade de qualidade vida, de parques, de habitação. Mas nem sempre parte do Legislativo; a maioria dessas leis parte do Executivo, como o Plano Diretor, o de Habitação, e o que podemos é colocar uma emenda. Pouco podemos fazer em termos de legislação, mas podemos cobrar, fiscalizar muito e trazer esse debate para que todos entendam que existem instrumentos para termos uma cidade mais agradável para todos."
O vereador Josef Borges ressaltou que, como líder do governo Luciano Almeida na Câmara, é seu papel atuar como interlocutor da Casa junto à administração municipal. "Este Fórum é uma ferramenta importante de discussão para levar ideias ao Executivo. Fico à disposição para fazer esse elo e levar possíveis encaminhamentos", afirmou.
Notícias relacionadas
Regularização Fundiária é discutida com secretário de Habitação
"Prefeitura priorizará projetos para munícipes", diz líder do governo
Vereadora apresenta demandas à Guarda Civil e ao Pelotão Ambiental
Reunião discute uso de lodo de ETA para preparo de solo na agricultura
Vereador solicita operação tapa-buracos em rua do Jardim Conceição I
Moção presta homenagem aos 75 anos da presença salesiana em Piracicaba
Indicação de vereador solicita poda de árvores na praça Miguel Dutra
Vereadora discute projetos e melhorias para o turismo de Piracicaba
Vereador discute demandas com a secretária municipal do Turismo
Rede de Proteção à Mulher quer reunião com representantes do Executivo
Fórum da Cultura define como prioridade a reestruturação do Comcult
Requerimento questiona ações de combate ao desabastecimento de água
Vereadora cobra atendimento de demandas de munícipes sobre trânsito
Vereadora pede atenção da Prefeitura com resíduos na Rua do Porto