EM PIRACICABA (SP) 19 DE AGOSTO DE 2024

Salvaguarda de documentos históricos da cidade gera debate em evento

Roda de conversa realizada pela Escola do Legislativo debateu possibilidades de subsidiar políticas de preservação de documentos e materiais históricos de Piracicaba




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Salvaguarda de documentos históricos da cidade gera debate em evento

Crédito: Rubens Cardia (MTB 27.118)


Com o intuito de preservar e subsidiar políticas de preservação e salvaguarda de documentos e materiais históricos que relatam a cronologia decorrida por décadas em Piracicaba, representantes de instituições locais expressaram, por meio de uma roda de conversa realizada no dia 15 de agosto, nas dependências do Museu Prudente de Moraes, suas preocupações com os acervos e coleções.

Durante o encontro promovido pela Escola do Legislativo da Câmara Municipal de Piracicaba, os representantes de cada instituição expôs, por meio de slides, a história da entidade desde a fundação ao funcionamento atual. Participaram como facilitadores: Charles Albert Medeiros e Edno Aparecido Dario (Museu e Centro de Ciências, Educação e Artes "Luiz de Queiroz"), Edson Rontani Junior, Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba (IHGP) e Mônica da Silva Santana (Escola de música de Piracicaba "Maestro Ernst Mahle"). Como mediador, Bruno Didoné de Oliveira, servidor no Setor de Gestão de Documentação e Arquivo da Câmara Municipal de Piracicaba e coordenador do programa educacional "Conheça o Legislativo".

Participaram também os vereadores Pedro Kawai (PSDB), diretor da Escola do Legislativo e Silvia Morales (PV), do mandato coletivo A cidade é Sua, que desenvolve também atividade de conselheira da Escola.

Bruno destacou a importância em reunir os representantes de cada instituição para defender os acervos da cidade. “É preciso unir forças para sair do lugar e evitar perder documentos a cada ano que passa”.

Ao explanar sobre o Museu Luiz de Queiroz e suas peculiaridades, Edno disse que o local é um "guardião da memória". "Temos que preservar esse acervo para que não caia no esquecimento". O especialista em Projetos de Museografia e coordenador do museu, relatou que o acervo da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo - USP), contempla três tipos de acervos: tridimensional, textual e iconográfico. Ele destacou que são mais de 700 objetos expostos e recebe entre 20 mil a 30 mil visitantes por ano.

Charles explicou que todo material que entra no museu é inserido no sistema onde é feito uma "bibliografia" do objeto onde, são detalhados a história de onde veio, tipo de material entre demais detalhes. De acordo com Charles, o processo passa por avaliação da peça, higienização, alocação e por fim, controle de dados. "Uma das ações que se tem no museu é guardar a memória e passar o senso de pertencimento àquele local. Temos que estar todos os dias encantados com Piracicaba".

Já na Escola de Música "Maestro Ernst Mahle", Mônica diz que a instituição tem uma importância histórica muito relevante e agrega um arquivo de aproximadamente 17 mil partituras e guarda, até os dias de hoje, um par de tímpanos barroco. "Existem pouquíssimos no Brasil". Quanto do acervo, Mônica disse ser "muito valioso" e explica a tese. "Talvez a musicoteca mais valiosa do Brasil esteja na Escola de música. Ali, praticamente, encontra-se de tudo relacionado a música clássica. Muita coisa foi trazida da Europa; não existia a venda dessas peças no Brasil".

Edson do IHGP disse que a instituição é privada e sem fins lucrativos e que todo o serviço é realizado por voluntários que desenvolvem os serviços "com amor a Piracicaba". Ele expressou sua preocupação com o local visto ser pequeno para a quantidade de arquivos o que o leva a pensar na logística futuramente devido ao número de doações que recebem constantemente e não caberá no espaço.

"Quem cuida de preservação sabe que temos de ter refrigeração, ausência de raios solares que danifica o material físico, umidade no ar e local para receber pessoas que estão pesquisando. Isso é um desafio nosso que faz com que olhemos para a digitalização para que todos tenham acesso".

Edson reeleito em março deste ano para dividir a presidência da instituição no biênio 2024/2026, complementou ao dizer que grande parte do acervo está em plataformas digitais. "Outro dia tivemos 6 milhões de acessos no Flicker, nosso acervo de fotografias digitalizadas". Ele ressalta que a ação em digitalizar acervos gera importância no contexto que possuem e faz abrir para o mundo a oportunidade das pessoas pesquisarem o que quiserem. O local, segundo Edson, possui ainda livros, revistas e jornais antigos onde pessoas podem pesquisar no local, porém com acompanhamento.

Silvia Morales falou sobre o projeto de lei 180/24 em tramitação na Câmara Municipal que institui um Memorial às Vítimas do Edifício Luiz de Queiroz - Comurba, na Praça José Bonifácio. Ela disse que todo o material foi baseado totalmente nos documentos históricos do IHGP e destacou. "A exposição essa tarde foi importante para resgatar a história de Piracicaba”.

Já a professora e doutora em história social do Brasil, Marly Therezinha Germano Perecin que participou da roda de conversa como ouvinte, expôs sua preocupação com os documentos que se perdem por algum motivo em instituições.

“Eu vejo, com muita apreensão, essa questão dos papéis que levam a organização dos arquivos. Há documentos que se perdem. Quando um historiador chora ao saber que um documento foi perdido, mal utilizado ou rasgado, ele chora porque foi a história viva que se perdeu. O relacionamento de uma sociedade de uma determinada época é contextualidade e se torna texto um dia e gera conhecimento que se passa para a sociedade. Nós temos que lutar para salvar a história de Piracicaba", concluiu.

Os representantes lembraram ainda, sobre a questão de acervos em poder de pessoas que armazenam materiais em suas casas que ajudam a contar a história de Piracicaba.

Para finalizar, Pedro kawai disse que Piracicaba tem um acervo gigantesco e, é preciso fortalecê-los, fato que gera "um grande desafio". "É difícil e trabalhoso. É preciso muito dinheiro, espaço adequado e unir forças para trabalhar para isso. O tempo urge, mas é indispensável dar o primeiro passo”.

Escola do Legislativo Institucional

Texto:  Elisandra C. de Campos
Supervisão de Texto e Fotografia: Rebeca Paroli Makhoul - MTB 25.992
Revisão:  Erich Vallim Vicente - MTB 40.337

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