EM PIRACICABA (SP) 21 DE DEZEMBRO DE 2020

Piracicabano de nascimento, Zezinho Pereira relata trajetória política

Originário da zona rural, distrito de Ibitiruna, o parlamentar descreve sua ascensão no universo da política ao disputar por oito vezes uma cadeira no legislativo local.




Toque na imagem para aumentar

Piracicabano de nascimento, Zezinho Pereira relata trajetória política

Crédito: Davi Negri - MTB 20.499


Eleito em 2020 com 1.075 votos, José Antonio Pereira (Zezinho Pereira), DEM, mais uma vez, ocupa de fato e de direito uma cadeia no poder legislativo piracicabano, depois de oito participações em pleitos eleitorais, que se perdem pelo tempo, desde a época de parlamentares como Braz Rosilho e Adeli Bacchi, ambos do PMDB, no ano de 1982.

Zezinho Pereira disputou as eleições de 1996, quando assumiu pela primeira vez uma das 21 cadeiras no legislativo local, obtendo 1.816 votos, exerceu mandato de vereador pelo PSDB até o ano de 2000. Nas eleições de 2016, no PTB, obteve 1.283 votos, quando assumiu, por 30 dias, como segundo suplente, a vaga do vereador Matheus Erler, que solicitou licença para tratar de assuntos pessoais, já que o primeiro suplente, João Manoel dos Santos, ocupava a presidência da Emdhap (Empresa de Desenvolvimento Habitacional de Piracicaba).

Também se candidatou em 2012, então no PC do B, ficando na suplência, com 1.370 votos. Em 2008, obteve 2.070 votos, pelo PR. Ainda participou dos pleitos eleitorais de 2004, pelo PMDB, obtendo 2040 votos. E, no ano 2000, pelo PSDB, fez 1.640 votos.

Zezinho Pereira está com 56 anos e atualmente é separado, nasceu em 16 de novembro de 1964, é pai de Monize, de 22 anos, e Monique, de 30 anos, possui o ensino fundamental completo. Servidor público municipal efetivo, atua na Sedema (Secretaria Municipal de Defesa do Meio Ambiente), como chefe de turma. "Tenho amor por esta cidade, gosto das pessoas daqui, nos quatro cantos da cidade sou conhecido, não tenho inimigos e sim adversários políticos. Desconheço pessoas que fiz maldade nesta cidade", relata.

Zezinho reafirma a sua disposição em fazer um trabalho alinhado com as coisas boas, não estando na Câmara para ganhar dinheiro e ficar rico, pois sabe que não levará nada do império que poderia construir aqui, no entendimento de que levará apenas as coisas boas que fizer para o próximo. "Evidentemente quero ir de encontro àquelas pessoas que tenham vontade de fazer coisas boas para o próximo. Por isso é que estou aqui na Câmara", disse.

Pereira destaca que até hoje não deixou de ser candidato, até porque, a população vem votando em sua pessoa. Lembra que sempre teve mais votos que vereadores eleitos, o que pode ser conferido, pois está registrado no Tribunal Eleitoral, não tendo porque enganar as pessoas. "Quero fazer política séria, com grande responsabilidade", relata. 

O parlamentar relembra de quando entrou na política e o que o incentivou a tomar esta decisão de vida, ao entender que na política abre-se oportunidades de ajudar mais as pessoas, ao passo que quando você tem mandato você pode contribuir muito mais. "Hoje acho que estou melhor do que quando fui vereador na Câmara, por algumas coisas que não fiz. Hoje estou mais preparado, vou tentar errar o quanto menos."

Segundo Zezinho, o que o levou a ser candidato mesmo foi o fato de encontrar pessoas que entendiam que ele poderia fazer alguma coisa por elas. Isto era observado quando encontrava com as pessoas nas ruas. A consideração é que somente com o poder poderemos fazer algumas coisas. 

Zezinho não recorda exatamente quando foi sua primeira eleição, mas lembra que Rogério Vidal era o candidato a vice-prefeito, na chapa de Borghese, sendo que participou desta eleição por ser amigo de Rogério e, queria ajudar neste processo. Zezinho também recorda que nestas eleições havia muito menos eleitores, e mesmo assim, teve uma votação expressiva, com mais de 500 votos. "Fui candidato do dia para a noite, só para ajudar o candidato Rogério. Até hoje foram oito participações. Eu já posso pedir música no Fantástico", brincou o parlamentar em tom descontraído. 

Vereador eleito

Já na eleição do então prefeito Humberto de Campos, do PSDB, Zezinho lembra que foi a sua estreia como vereador, eleito de fato, cumprindo os quatro anos pelo PSDB, com mais de 1.800 de votos, no entendimento de que fez um bom trabalho, ao comparar com outro pleito eleitoral, quando perdeu com 2070 votos. "Foi um negócio estranho, pois as pessoas votam no Zezinho, que tem uma credibilidade boa, pois se pautam na responsabilidade perante o eleitor, ao tratar as pessoas da forma como também gosta de ser tratado. Porém, a consideração é que numa eleição existem vários fatores."

Zezinho informa que já saiu candidato por diversos partidos, como o PMDB, PR, que agora é PL, pelo PC do B, PSDB e agora pelo DEM, além de ter ficado por diversas vezes suplente, a exemplo do PTB, do vereador Matheus Erler, no que agradeceu a oportunidade por ter assumido sua cadeira por 30 dias. "Espero que ele continue na política, pois tem voto e é uma pessoa boa também", disse.

Funcionalismo

Zezinho lembra que em 1982 passou no concurso da prefeitura, no cargo de chefe de equipe, atuando na Semozer (secretaria municipal da Zona Rural), como peão de obras, sendo que as coisas foram caminhando até atingir o maior cargo lá dentro, diretor de Departamento. Também fala do orgulho que tem de estar na prefeitura, pois até hoje não teve qualquer processo, sendo que o único afastamento foi por questão de acidente, nos mais de 36 anos de atuação no Executivo. 

Informa que está na boca do gol para se aposentar. "Se Deus preparar, no ano que vem vou dar entrada no pedido de aposentadoria. Fiz minha contribuição para a prefeitura. Vou me aposentar pois acho que devo deixar lugar para outras pessoas trabalharem, sendo que tem muita gente precisando trabalhar. Quero me aposentar e fazer alguma coisa que gere emprego para outra pessoa", relata o parlamentar, que ainda explica sobre a hierarquia da prefeitura, nas várias funções gratificadas, onde chegou a ser diretor, no Departamento de Agricultura, numa época em que o prefeito Barjas Negri (PSDB) assumia a prefeitura.  

Vida escolar

Em sua trajetória estudantil, Zezinho relata que estudou um pouco em Ibitiruna, numa escola rural que só ganhou nome por intermédio de sua iniciativa, quando foi vereador, ao denominar de Natálio Sabino a unidade escolar. Estudou no bairro Pau D'Alho, Ártemis, a quinta série na Escola Olívia Bianco, Dom Bosco, numa trajetória de estudos em várias escolas, sendo que estudou até a oitava série. E, reiterou a disposição de dar continuidade nos estudos. 

Sobre a data de seu nascimento, Zezinho diz que o povo lhe deu um presente, pois um dia depois das eleições, dia 15 de novembro, o dia 16 é a data de seu aniversário. 

Eleitorado

Na questão de seu eleitorado, onde também é vislumbrado o universo dos sete mil funcionários públicos, Zezinho destaca que tem uma boa parcela do funcionalismo, que sempre depositou o voto a seu favor, porém, a sua conquista pelo voto passa por tanta coisa que faz para as pessoas, não com o objetivo de cobrar depois, pois isso é muito ruim, porém, reconhece que ao andar pelas ruas, acaba encontrando pessoas que reafirmam votar em sua pessoa por algo que fez pela família. "Como não tenho o hábito de anotar nada, muitas vezes esqueço à qual pessoa fiz uma ação dessas", relata o parlamentar, reafirmando que são as pessoas que acabam por referendar estas intervenções. 

Zezinho diz atender as pessoas da forma como ele também gosta de ser atendido, o que faz com que as pessoas fiquem muito gratas. Citou a interpelação de um amigo, pela rua Governador, onde nem imaginava que esta pessoa estava votando para ele, sendo que esta retribuição foi a partir de uma vez que ele foi na prefeitura e foi orientado por Zezinho, no preenchimento de um formulário. "Só fiquei sabendo que ele estava ajudando quando a minha campanha já estava no meio." 

Renovação

Sobre a respostas do povo nas urnas, onde em 2016 houve renovação de mais de 50% da Câmara, com a saída de 11 vereadores e agora em 2020, com superação da renovação na saída de 13 parlamentares, Zezinho Pereira faz uma análise mostrando que as coisas aconteciam e a população demorava para ser informada sobre o que estava acontecendo, ao passo que hoje, a Câmara vota um determinado projeto e, já no outro dia a população está sabendo, pois a informação está muito mais rápida. "Isto levou com que algumas pessoas não tivessem feito esta avaliação, pois a concepção da política mudou e, se você não estar atento para esta situação, a possibilidade de você ficar fora da política é muito grande", disse. 

Para Zezinho, vários fatores levaram com que a população ficasse chateada com esta Câmara, a exemplo do pedido de CPI para o Semae e, outras coisas que aconteceram na Câmara, onde as pessoas acharam que nisso não ia acontecer nada, isso ficou na mente do eleitor, ele ficou muito chateado. Então, eu acho que esta situação levou a Câmara ser renovada. "Esta é a minha concepção", argumentou.

Pereira também considera outras coisas lógicas, a exemplo de troca de partido e outros fatores, mas reafirma que hoje o político deve votar com o povo, com a população, pois foi ela que colocou os vereadores lá.

Campanha

Zezinho Pereira diz que usou a estrutura partidária para fazer campanha, o que implicou na utilização de santinhos e outros materiais, que também foram custeados com recursos próprios e, mediante o controle do Tribunal Eleitoral. Também informou que o candidato a prefeito, Luciano Almeida (DEM) garantiu parte do material de divulgação. E, reiterou que seu foco de campanha foi arrumar um grupo de pessoas que quisesse que ele fosse eleito, onde também acertou com quatro pessoas que manifestaram em trabalhar com ele, o que também incluiu outro grupo, com umas 100 pessoas, com o compromisso individual de cada um em arrumar mais alguns votos, estabelecendo em cota de 20 votos, na projeção de 2000 votos. 

Pereira ainda considera o momento de pandemia do coronavirus, com o comércio fechando e outras dificuldades que impactaram na realização normal da campanha. Também considerou o verdadeiro desaforo nas ruas, quando as pessoas com conta a pagar e outras problemáticas sociais, são abordadas pelos candidatos na busca do voto, o que desestimulou muita gente a pedir o voto.  "Mas, mesmo assim, com esse grupo, eu consegui, no Whats App, envolver as pessoas e obter a votação que tive. É lógico que eu esperava ter mais votos, mas não tem problema, isso faz parte do processo", disse. 

Votação

Frente aos candidatos que tradicionalmente representam a força de uma categoria, associações ou organização e, até das igrejas, Zezinho Pereira diz que seus votos não possuem esta conotação, pois obteve votos na cidade inteira, não tendo estritamente uma categoria ou segmento social específico.

Para Zezinho, as pessoas tem sede de justiça, sendo que isso influenciou na sua votação, pois conseguiu mostrar uma de suas características, por buscar a coisa certa. Pereira também reconhece sua rede de amizades no setor público, a exemplo da Sedema (secretaria de Defesa do Meio Ambiente), onde tem várias pessoas lá dentro que fazem a coisa certa. Porém, o parlamentar aponta para outras situações, que acontecem no próprio serviço público, onde a pessoa prefere matar a vaca do que o carrapato, embora esteja vendo a raiz do problema. "Precisamos mudar isso", alerta. 

Zona rural, fomento ao pequeno e médio produtor

Zezinho ainda avalia a demanda do setor rural, onde dados atuais denotam que a produção de hortifrutigranjeiros e outros produtos poderiam ser garantidos por pequenos e médios produtores em Piracicaba, numa produção que não ultrapassa a dois por cento, o que representa mais de 90% de produtos adquiridos fora da cidade e até oriundos de outros estados, como Norte e Nordeste. 

Na resposta a este questionamento, Zezinho Pereira observa a nomeação da futura secretária municipal de Agricultura e Abastecimento, Nancy Thame (PV), já anunciada na formação do governo Luciano Almeida (DEM), sendo que a parlamentar poderá implantar iniciativas pioneiras, observadas nas cidades de São José do Rio Preto e Ribeirão Preto, ambas no Estado de São Paulo, onde pequenos agricultores se mobilizaram em cooperativas que garantem a preços baixos e com garantia de qualidade, produtos cultivados no próprio município e que garantem a alimentação básica de toda rede municipal, incluindo creches, unidades escolares e outros segmentos do poder público.

Partindo de sua experiência junto à zona rural e dos cargos que exerceu perante as secretarias ligadas ao campo, Zezinho Pereira vê muita dificuldade no setor, pois na sua opinião, a zona rural foi devastada, com a morte de nascentes, a exemplo de um ribeirão em Ibitiruna, "onde aprendi a nadar neste lugar" sendo que hoje, em função da produção de cana na região este ribeirão foi assoreado, não se consegue pegar uma lata de água neste ribeirão.

Porém, Zezinho Pereira destaca que Nancy Thame é uma pessoa competente, e pode fazer as coisas certas. "Tenho que acreditar que ela vai fazer e tenho também que ajudar ela fazer. Se ela precisar estou aqui à disposição, pois conheço a zona rural", alerta Pereira, que também entende que Nancy vai entrar numa secretaria que falta muita coisa, com muita ponte de madeira, onde ela terá muita dificuldade. 

Na questão da produção, Zezinho Pereira entende que precisa mudar muita coisa, a começar pelo despertar das pessoas para que comece a se interessar em morar na zona rural, que se interesse em fazer uma produção, pois não é simples assim, onde às vezes é mais fácil comprar em algum lugar devido aos gastos com a produção. O que se observa é que a produção em grande escala acaba por abaixar o custo. Se você vai fazer a produção em dois alqueires, tem um custo, se vai fazer uma produção de 20 ou 30 alqueires, cai o custo e, ai você não tem como competir.

Zezinho Pereira acha muito louvável a disposição de Nancy Thame na fomentação destes projetos inovadores que se observam em São José do Rio Preto e Ribeirão Preto. "Se ela conseguir isso será fantástico", disse o parlamentar, observando que será uma coisa boa, tanto para a merenda quanto para a cidade, o que poderá desenvolver a zona rural,  e gerar emprego, na medida em que a pessoa ao não conseguir emprego na cidade poderá gerar uma produção local.

Pereira lembra de seu tempo de criança, em Ibitiruna, que tinha até cartório, ao passo que hoje, tem poucas pessoas morando lá, onde a vida ficou difícil, pois não há mais aquela cultura de subsistência, onde se plantava diversas variedades, hoje a maior parte está na monocultura da cana, o que força muitos a procurar o centro da cidade para trabalhar. 

Pais

Zezinho aponta o histórico de seu pai, Antonio Lucas Pereira, conhecido por Toninho, que morreu novo, em 1982, com 39 anos, em Piracicaba, sendo funcionário da prefeitura também, que operava uma máquina e, era uma pessoa querida pelo prefeito João Herrmann Netto. E, de Maria Pereira, que faleceu no bairro São Jorge, uns 10 anos depois da morte de seu pai. Zezinho relata que no início sua família era constituída por seis irmãos, todos homens e, com a morte de quatro, hoje só resta um irmão. 

Pereira relembra a morte de um irmão, que trabalhava em varejões, sendo que este fato impactou-o nas eleições que disputou em 2016. 

Belezas naturais

Pereira relembra de quando mudou de Ibitiruna para residir no bairro Nova Suissa. Num determinado dia passou a escutar um barulho, que o levou a pensar de onde vinha aquilo, até que, depois de muitas indagações, descobriu o barulho provocado pelo salto do rio Piracicaba, que mesmo estando distante, não tinha barreira para impedir a propagação do som, desta característica ímpar que a natureza brindou Piracicaba a ostentar esta maravilha. "O barulho que eu escutava era a movimentação da água, que eu escutava por lá", disse Pereira, atestando que a distância chegava a uns 10 quilômetros, do salto do rio ao bairro.

"Veja como o rio era maravilhoso. Olha a beleza que tinha o nosso salto", considerou o parlamentar, que também falou do projeto Cantareira, no desvio de águas para São Paulo, há mais de 30 anos, onde parte da beleza do rio Piracicaba foi comprometida, devido à redução do volume de água, que fez o barulho cessar. 

"Jamais eu quero ir embora desta cidade, pois eu amo este lugar. Sou apaixonado por Piracicaba, gosto do XV de Novembro. Vou pouco no campo porque tenho um pouco de medo, estou ficando um pouco velho". 

Em tom de brincadeira, Zezinho Pereira informa que além do XV, o seu time do coração é o Palmeiras, embora pensou em mudar de time em função de seu adversário político, o prefeito Barjas Negri (PSDB) ser também palmeirense. 

Sobre a origem dos Pereiras, Zezinho disse que seu antepassado veio de Portugal, o que pode implicar alguma origem judaica, como os novos cristãos perseguidos, que vieram ao Brasil. Porém, Zezinho lembra que o seu sobrenome não tem nada a ver com os Pereiras existentes na cidade, não tendo mais parentes por aqui a não ser seu irmão, com este sobrenome. 

Pereira ainda informou que seu pai nasceu em Conchas, cidade da região. E, que sua mãe nasceu em Piracicaba mesmo. 

 
 
Eleições 2020

Texto:  Martim Vieira - MTB 21.939
Supervisão:  Rodrigo Alves - MTB 42.583

Notícias relacionadas