A aplicação da tecnologia na modernização de processos na esfera pública foi o tema em pauta no encerramento da edição de 2025 da Semana Municipal de Criatividade e Inovação. Em evento no salão nobre da Câmara, na tarde desta sexta-feira (25), servidores do Executivo e do Legislativo piracicabanos apresentaram iniciativas que já produzem resultados para o Poder Público e a população em geral.

O quarto e último dia da programação da Semana —instituída pelo decreto legislativo 12/2023, da vereadora Silvia Morales (PV), do mandato coletivo A Cidade é Sua— destacou o Observatório Social, plataforma online da Secretaria Municipal de Assistência, Desenvolvimento Social e Família, e o Câmara Digital, que visa à digitalização de todos os processos do Poder Legislativo.

"Logo que a ONU, em 2017, instituiu o Dia Mundial da Criatividade e Inovação, fizemos um projeto de lei em 2022 e um decreto em 2023 para que pudéssemos fazer eventos e palestras e trazer essa data para dentro da Câmara", comentou Silvia Morales, na abertura do evento.

Servidores de carreira da Câmara, João Ricardo Viccino e Alexandre Landgraf, respectivamente diretor do Departamento de Tecnologia da Informação e chefe do setor de Desenvolvimento da Casa, comentaram como a admissão de novos profissionais via concurso público permitiu a formação da equipe responsável por lançar, nos últimos meses, sistemas próprios que hoje facilitam tarefas do dia a dia no Poder Legislativo municipal.

Há 35 anos na Câmara, sendo 30 como funcionário efetivo, João, que iniciou na Casa como técnico de informática, apontou que a "virada de chave" para a modernização dos processos legislativos foi a criação do Departamento de Tecnologia da Informação, que possibilitou a contratação de "corpo técnico especializado nas áreas de desenvolvimento, suporte e infraestrutura".

"A estruturação do Departamento de TI nos deu autonomia e eficiência na resolução de demandas tecnológicas e permitiu o desenvolvimento de sistemas administrativos próprios em substituição a ferramentas terceirizadas e a digitalização de processos internos, por meio do projeto Câmara Sem Papel", destacou João.

O diretor comparou o atual quadro com o que vivenciou ao longo de sua trajetória na Câmara, quando "não havia estrutura, mas somente pessoas que tinham de lidar com todas as situações do mundo da informática". "Também dependíamos de serviços externos, de licitações, se o sistema fornecido atenderia às nossas necessidades", recordou o servidor. "Antes, nós consumíamos a tecnologia; hoje, somos protagonistas dela", resumiu João.

Alexandre explicou que o desenvolvimento do sistema Câmara Digital, iniciado em fevereiro de 2024, envolveu 17 mil arquivos digitais e 23 mil páginas e começou abrangendo os trâmites administrativos da Câmara, com pretensão de futuramente alcançar os processos legislativos e também os externos.

"Nosso principal objetivo é adequar as rotinas dos sistemas às rotinas da Câmara, em vez do contrário", disse Alexandre, que enfatizou que o desenvolvimento de sistemas próprios gerou ganhos em transparência, simplificando o acesso da população às informações da Casa e garantindo mais clareza e participação cidadã.

Experiência semelhante foi relatada por servidores efetivos da Prefeitura que participaram da elaboração do Observatório Social, plataforma online que cruza uma série de dados de fontes oficiais para traçar um perfil da população de Piracicaba de acordo com os territórios abrangidos pelos programas e equipamentos de políticas assistenciais do município.

O sistema foi desenvolvido por Felipe Carboni, que é técnico de informática atuando hoje no Setor de Vigilância Socioassistencial da Secretaria Municipal de Assistência, Desenvolvimento Social e Família. O Observatório Social tem como diferencial a apresentação dos dados de forma dinâmica, com gráficos e mapas que facilitam a compreensão e a visualização das áreas abrangidas pelas políticas públicas.

Felipe destacou o impacto da plataforma dentro da Secretaria. "Conseguimos possibilitar aos servidores, tanto os da ponta quanto os da gestão, uma ferramenta para observar os dados de Piracicaba e ter maior assertividade nas políticas públicas. Com isso, dá para saber onde está a população por faixa etária, renda, raça", explicou.

A coordenadora da Vigilância Socioassistencial, Janaina de Lima, ressaltou que o trabalho compila macrodados, de fontes como o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), e microdados, a partir dos prontuários eletrônicos mantidos pelo município, "para saber se as demandas da população estão sendo alcançadas pelas políticas públicas".

As apresentações no salão nobre da Câmara foram acompanhadas também pela secretária municipal de Assistência, Desenvolvimento Social e Família, Fernanda Varandas, pelo presidente do Simespi (sindicato das indústrias metalúrgicas e similares), Erick Gomes, por Débora Rodrigues, do Sebrae, e por Luciana Campos, da Secretaria Municipal de Educação.