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Em 1978, o ex-presidente da Câmara, Antonio Messias Galdino, relembrou o caso que derrubou Richard Nixon para defender o jornalismo
Imagem do filme 'Todos os Homens do Presidente', de 1976, que relata a cobertura do Watergate
A cultura pop consagrou o jornalismo em suas produções como uma espécie de ‘superpoder’, pelo qual um repórter é capaz de enfrentar o poder constituído somente com sua habilidade de obter informações que alguém quer esconder. Esse imaginário foi muito explorado em publicações como Superman – na figura de Clark Klent – e as Aventuras de Tintim, do belga Hergé.
No cinema, o filme Todos os Homens do Presidente (1976) explora a cobertura realizada pelos jornalistas Bob Woodward (Robert Redford) e Carl Bernstein (Dustin Hoffman) para o Washington Post, que ficou mundialmente conhecido como o caso Watergate. Ali, eles comprovaram a participação direta do então presidente estadunidense Richard Nixon em uma trama para instalar grampos telefônicos no diretório de campanha do Partido Democratas. A pressão foi tanta que Nixon renunciou.
Na semana em que o Brasil celebrou mais um Dia da Imprensa (1º de Junho), a série Achados do Arquivo – uma parceria entre o Departamento de Comunicação Social e o Setor de Gestão de Documentação e Arquivos da Câmara Municipal de Piracicaba – relembra o discurso do ex-presidente da Casa, Antonio Messias Galdino, proferido na fria noite de 22 de maio de 1978, portanto, há mais de 45 anos. Sob o impacto do Watergate, o advogado defendia o trabalho da imprensa e a importância da liberdade de informação.
Trecho da ata da 16ª Sessão Ordinária da Câmara daquele ano – que pode ser acessada em .pdf no final desta matéria – descreve as palavras de Galdino:
“(o vereador) disse não ter credenciais para defender a imprensa, entretanto, era exato que ela surgiu desde tempos imemoriais para prestar relevantes serviços à humanidade, lembrando episódios históricos em que tivera ela papel preponderante nas decisões mundiais, inclusive nos Estados Unidos da América do Norte, em que a imprensa, ao noticiar deslizes de um presidente da grande nação, obrigou este a retirar-se do cargo, afirmando mais que, se não houvesse desmandos e coisas semelhantes, a imprensa nada noticiaria. Ela, em seu entender, noticiava sempre fatos que existem e não inventa inverdades, e como homens públicos, prefeito e vereadores estão sujeitos às críticas ou louvores da imprensa, segundo o comportamento de cada qual, de modo que não havia como fugir-se dos fatos.”
IMPRENSA NA CIDADE E NO PAÍS– O Dia da Imprensa, celebrado em 1º de Junho, marca a publicação do Correio Braziliense, nesta data em 1808, por Hipólito José da Costa. Embora a publicação fosse editada em Londres, na Inglaterra, ela circulava no País. No mesmo ano, em 10 de Setembro, a Corte Portuguesa que havia há poucos meses se instalado no Brasil, lançou a Gazeta do Rio de Janeiro, em que publicava atos do governo e outras notícias.
Em Piracicaba, o surgimento da imprensa remonta aos meses de março e abril de 1823, quando uma série de cinco pasquins, manuscritos, apócrifos, foram distribuídos, trazendo a luta de cidadãos comuns contra as forças políticas da então Vila Nova da Constituição, para a ampliação da rua Boa Vista – atual Alferes José Caetano – entre a rua do Concelho – atual Rua Prudente de Moraes – até o salto do Rio Piracicaba.
Quanto à imprensa como se conhece atualmente, as primeiras informações dão conta de que seu surgimento foi em 1874, quando foi lançado um jornal denominado “O Piracicaba”, que era publicado sempre às quartas-feiras e aos sábados, e que, em outubro do ano seguinte, foi editado em inglês, para figurar numa exposição industrial em Philadelphia, Estados Unidos.
O primeiro jornal diário de Piracicaba foi a “Gazeta de Piracicaba”, publicada em 10 de junho de 1882 – que, a partir de 2004, passou a ser homenageada com o seu homônimo moderno. Ao longo do Século XX, outros surgiram, destacando-se o “Jornal de Piracicaba” e “A Tribuna Piracicabana”, ainda em circulação, mas também outros tantos que marcaram a História da imprensa na cidade.
"Sempre muito ativos, a imprensa sempre contribuiu no debate público municipal, o que sempre reforçou sua importância no desenvolvimento social e democrático da cidade, seja nos períodos de fato democráticos ou até mesmo nos ditatoriais", avalia Bruno Didoné de Oliveira, servidor do Setor de Gestão de Documentação e Arquivo e responsável pela pesquisa.
ACHADOS DO ARQUIVO - A série "Achados do Arquivo" se pauta na publicação de materiais do acervo do Setor de Gestão de Documentação e Arquivo, ligado ao Departamento Administrativo. Ela foi criada em parceria com o Departamento de Comunicação Social, e conta com publicações semanais no site da Câmara, às sextas-feiras, como forma de tornar acessível ao público as informações do acervo do Legislativo.
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