Wagnão defende transparência no atendimento público de saúde
Eleições 2020: Legislativo digital facilita elo com a população
Comunicação é o que permite ao parlamentar ouvir as demandas da sociedade para, depois, ou cobrar e questionar o governo municipal ou transformá-las em leis.
Alessandra destaca, em seu trabalho, a importância de ouvir as pessoas, à semelhança de um vereador
Crédito: Davi Negri - MTB 20.499Agente político mais próximo da sociedade, o vereador que assumir uma vaga na Câmara de Piracicaba a partir de janeiro encontrará um Poder Legislativo cada vez mais digital. Trata-se de uma tendência, alinhada com o acesso maior das pessoas a ferramentas de comunicação e acentuada pelas mudanças na forma de se relacionar desencadeadas pela pandemia da Covid-19.
"Os vereadores da próxima legislatura terão um desafio bastante grande, que é entregar uma produtividade que o cidadão espera. As pessoas estão cada vez mais informadas e exigentes, e me parece muito mais oportuno, dentro das aspirações do cidadão de hoje, que o vereador se dedique realmente a construir políticas públicas", opina o jornalista Sérgio Lerrer.
Idealizador do Instituto Pro Legislativo, voltado à divulgação de iniciativas inovadoras em parlamentos pelo país, ele defende que o vereador "tenha um conhecimento mais global para uma atuação local", a fim de dar respostas a esse novo modelo de sociedade, mais engajada. A capacidade de articulação passa a ser essencial, aponta Lerrer.
"Talvez para mudar de vida, no passado, o cidadão imaginasse sair de uma cidade do interior e ir para uma capital, mas hoje ele quer desenvolvimento econômico, oportunidades sociais e qualidade de vida dentro do seu município. Isso requer do vereador observar essas aspirações e se colocar à disposição para fazer uma boa política, uma mediação: ouvir e construir situações que possam fortalecer o que o cidadão quer", comenta.
"De repente, precisa de financiamento, então o vereador vai juntar representantes de bancos públicos, interesses do governo estadual, autarquias que estão envolvidas naquela questão e conduzir a formação de uma política pública", exemplifica o jornalista, acrescentando que a população já não espera atuação parlamentar que reduza "a cidade a continuar pensando pequeno".
"O Legislativo tem mostrado que precisa ter uma agenda própria, descolada da do Poder Executivo. A Prefeitura pensa para quatro anos e a cidade só vai se transformar se for pensada a médio prazo. E o Legislativo é que é responsável por essa formulação; para isso, o próprio vereador também tem que ter uma atuação digital muito forte, ter praticamente um gabinete digital", completou.
COBRAR, QUESTIONAR, PROPOR - A importância cada vez maior da comunicação para a divulgação da atividade parlamentar, observada por Lerrer, "casa" com a adoção de práticas de fortalecimento da transparência e da participação popular, que, na Câmara de Vereadores de Piracicaba, estão institucionalizadas desde 2019 no programa "Parlamento Aberto".
Um dos pilares do projeto, a comunicação é a "espinha dorsal" da atuação do vereador. A partir de sua interação com a população, ele acolhe demandas que, depois, ou são encaminhadas ao governo municipal, em forma de cobranças ou questionamentos, ou são transformadas em propostas que, se aprovadas pela Câmara, viram leis em âmbito local.
A empresária Alessandra Nazatto sabe o valor que a escuta tem. Ao receber telefonemas ou anotar pedidos que vêm pela rede social, ela conta que ouvir o que as pessoas desejam naquele momento é o que dá origem a muitos dos produtos que passam a fazer parte do cardápio de doces, bolos e salgados de sua loja, no Centro. "Pegar a encomenda é ouvir o que os clientes querem para entregar o produto que eles esperam", resume.
Alessandra, cujo comércio segue várias leis municipais aprovadas pela Câmara —da obrigatoriedade do álcool em gel, em vigor desde 2014, à abolição do canudinho plástico, aprovada em 2019—, diz que acompanha o trabalho de vereadores "pelo noticiário e pelas redes sociais" e destaca as possibilidades de interação que a internet trouxe.
À frente do Instituto Pro Legislativo, Lerrer é um entusiasta do que chama de "Legislativo digital". "Está claro, principalmente agora com a radicalização da vida digital em razão da crise da Covid-19, que o Parlamento há muito tempo já deveria ser muito mais digital. Muitas Câmaras Municipais, Assembleias e o próprio Congresso Nacional estão funcionando bem de maneira virtual e até mais produtivos."
Para o jornalista, a digitalização abre oportunidade para o vereador "falar com o público não só na tribuna, durante a sessão, mas, se der, quase todo dia, debatendo, ouvindo as pessoas nos chats, trazendo representantes de várias classes, indo até elas e transmitindo ao vivo também, partilhando em tempo real o mandato com o cidadão".
"Hoje o grande poder é dar espaço. Ao fazer isso, a liderança dá voz aos outros e, assim, fortalece a sociedade local. Nisso, o vereador vai ganhar, porque será percebido como um agente público a serviço da sociedade. Acredito que é nessa direção que os mandatos mais bem-sucedidos vão se encaminhar e os Legislativos também", analisa Lerrer.
O sociólogo Jefferson Goulart classifica os meios digitais de comunicação atuais como "instrumentos muito valiosos" para a população acompanhar os mandatos dos vereadores que elegeu, somando-se aos mecanismos tradicionais, como fóruns, reuniões e audiências públicas, "de modo que o eleitor consiga pressionar o eleito para que este se comporte de forma razoavelmente fiel com aquilo que se comprometeu durante a campanha".
"A informação, eu diria, é o principal meio de controle e fiscalização. Quem tem informação tem poder. Quem sabe o que o vereador faz tem melhores condições para fazer um juízo, para avaliar o comportamento, a atitude e o desempenho de um mandato, seja ele qual for. Temos que aprimorar muito o sistema de representação, mas, nas atuais condições, o melhor a fazer é exigir que os eleitos não se distanciem dos eleitores", defende Goulart.
(Esta reportagem integra o projeto "Parlamento Aberto Nas Urnas", com conteúdo produzido pelos departamentos de Comunicação e TV Legislativa, da Câmara de Vereadores de Piracicaba. Além do texto, confira a reportagem em vídeo e em áudio.)
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