Mandato Coletivo articula novas possibilidades para a Feirinha Delas
Dicas mostram diferença entre necessidade e oportunidade ao empreender
Encontro sobre empreendedorismo feminino, no Centro Social do Jardim Tatuapé, abordou temas como controle de finanças, precificação de produtos e relação com o cliente.
Evento no Centro Social do Jardim Tatuapé compõe programação da Semana da Mulher
Crédito: Fabrice Desmonts - MTB 22.946Donas de padaria, lanchonete e varejão, cabeleireira, vendedora de lingeries, decoradora de festas. Empreendedoras de diferentes áreas receberam dicas para administrar o próprio negócio em um bate-papo, na tarde desta terça-feira (6), com três especialistas que foram ao encontro delas, no Centro Social do Jardim Tatuapé.
A ação, promovida pelo Fórum Permanente de Empreendedorismo Feminino da Câmara junto com o Universo do Pequeno Empreendedor, é uma das 14 atividades que compõem a programação da Semana da Mulher, realizada pelos gabinetes das vereadoras Adriana Cristina Sgrigneiro Nunes, a Coronel Adriana (PPS), e Nancy Thame (PSDB) em parceria com cerca de 40 instituições representativas de vários segmentos da sociedade.
Foi a oportunidade de mulheres que estão à frente de microempresas tirarem dúvidas sobre temas como controle de finanças, precificação de produtos e relação com o cliente. Em tom didático, o especialista em finanças Ricardo de Souza e as professoras Heliani Berlato dos Santos, da Esalq-USP (Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", da Universidade de São Paulo), e Sílvia Maria Morales Pereira, da Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba), conversaram com as empreendedoras.
A ideia de distribuir pela cidade as atividades da Semana da Mulher, promovendo eventos em bairros como o Jardim Tatuapé, distante cerca de 4 quilômetros do Centro, foi destacada pela vereadora Nancy Thame (PSDB). Ela também chamou a atenção para a importância de levar informação à mulher que "é empreendedora, mas, muitas vezes, não sabe".
"Nossa intenção é trazer essas mulheres que se sentem sozinhas e que, além de cuidar da casa, trabalham fora, fazem bolo, artesanato, e ajudam na renda. Temos que fortalecer essa corrente na cidade; que cada uma de vocês se sinta parte dela", disse a vereadora às participantes do encontro.
A conversa inicial com as empreendedoras da região do Jardim Tatuapé, segundo Silvia, é a primeira etapa para transformar iniciativas que surgiram diante de uma necessidade (em geral, de origem financeira, para complementar a renda da família) em negócios bem sucedidos, alicerçados sobre um planejamento.
"Nosso desafio aqui é transformar o empreendedorismo que começou sem nenhum preparo, por necessidade, e possibilitar à mulher empreender por oportunidade, transformando sua ideia num negócio sustentável e lucrativo", disse Silvia, ao explicar as diferenças entre os dois conceitos.
"O perfil do empreendedor por necessidade é da pessoa que ficou desempregada e viu o empreendedorismo como única forma de subsistência. Já no empreendedorismo por oportunidade, a pessoa se capacita e estuda o ambiente de negócios, faz uma boa pesquisa de mercado para entender o que seu público-alvo deseja. O empreendedorismo por oportunidade tem como objetivo gerar crescimento econômico ao país, enquanto o empreendedorismo por necessisdade retira as pessoas que vivem na pobreza."
Silvia também comentou sobre fatores que devem ser levados em consideração na relação com o cliente, visando a atender ao que ele busca. De acordo com a professora, quem empreende, "às vezes, prioriza só o preço e ignora outras coisas importantes que o consumidor valoriza". Daí a importância, segundo Silvia, de o negócio focar em eficiência (característica ligada à produção, como redução de custos e de tempo na fabricação de um item) e eficácia (conceito atrelado ao êxito no resultado obtido junto ao cliente).
Especialista em finanças, Ricardo listou quatro requisitos para tirar do papel o plano de ter um negócio próprio: disciplina, organização, conhecimento e planejamento. A disciplina pressupõe, segundo ele, em "fazer o que precisa ser feito mesmo quando não se quer", "colocando certos limites e seguindo alguns procedimentos".
A organização, continuou, evita a perda de tempo. "É preciso saber separar as prioridades e focar nelas nosso tempo e esforço", disse ele, ao citar a importância de não deixar o negócio ser afetado por aspectos da vida pessoal e familiar.
Já o conhecimento e o planejamento, de acordo com Ricardo, dão à empreendedora respostas a perguntas quanto ao perfil do público consumidor do produto vendido ou serviço prestado, aos custos deles e aos fatores que podem ajudar ou atrapalhar o negócio. "Ter um plano de ação é essencial", pontuou.
Heliani apontou o empoderamento como passo necessário para a mulher empreender, superando opressões que, em muitos casos, a levam a pensar que seu trabalho vale menos que o dos homens ou que aquilo que faz não é suficiente. "O empreendedorismo feminino dá o empoderamento para termos o nosso negócio", disse a professora, que destacou o conhecimento e a resiliência como características importantes nesse processo.
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