Duzentos exemplares da publicação "Memória Musical Caipira", fruto da pesquisa de mestrado do músico e produtor Saulo Ligo, que foi contemplado entre os projetos do ProAC (Programa de Ação Cultural) de São Paulo, foram entregues à Diretoria Regional de Ensino, nesta quinta-feira (13), para serem distribuídos nas escolas estaduais do município.

O material reúne 45 músicas e partituras de compositores piracicabanos, incluídos os que atuaram, viveram e contribuíram de forma significativa para a cultura musical da cidade, com gêneros como polca, valsa, lundu e choro. A pesquisa teve como objeto principal o acervo do professor Sergio Belluco, um dos principais compositores e professores da cultura musical piracicabana.

O projeto visa resgatar e promover o acervo musicológico e documental piracicabano entre músicos e estudantes para que sua memória seja preservada. A intenção é buscar financiamento via aprovação em editais culturais e educacionais e outras formas de captação de recursos para que os profissionais que atuarão como professores, bem como na coordenação de cursos e oficinas, possam ser contratados.

"O projeto é muito necessário para apoiar e estimular que as escolas promovam essa formação e que esse direito seja oferecido aos alunos durante a vida escolar", disse a vereadora Silvia Morales (PV), cujo mandato coletivo A Cidade é Sua tem mantido diálogo com a Diretoria Regional de Ensino para a implementação das bandas de música nas escolas.

"A iniciativa de oferecer o material da pesquisa para as escolas vem ao encontro desse desafio de reestruturação das bandas musicais e do ensino da música como importante componente na formação de crianças e jovens, ampliando o repertório e a sensibilização e favorecendo a formação de público", afirmou.

Silvia Morales foi representada por Pablo Carajol, membro do mandato coletivo, no ato de entrega dos exemplares, em que também estiveram presentes os produtores Saulo Ligo e André Bertini, o dirigente regional de Ensino, professor Fábio Negreiros, e a supervisora, professora Simone Pessutti. Saulo Ligo disse que o projeto teve origem no "desejo comum de resgatar a memória paulista, preenchendo a lacuna da história das músicas do interior do Estado com uma produção que tivesse impacto nas questões de memória e identidade culturais".

"Percebemos então que o ineditismo de obras com mais de 100 anos e o levantamento biográfico de artistas desconhecidos ou pouco representados na cultura musical paulista vinham ao encontro de uma discussão que nos interessava sobre o sistema de notação musical e sua relação com o ensino da música nas escolas das últimas décadas do século 19 e início do século 20, bem como o levantamento histórico das fontes que revelassem traços culturais da época em que as obras foram criadas, nos anos 1910, e as consequentes transformações para a atualidade na perspectiva musicológica", explicou o produtor e cavaquinhista.

"Entre as contrapartidas propostas no projeto, realizamos uma série de apresentações em escolas da rede pública de ensino, apresentando aos alunos concertos didáticos nos quais, além das músicas presentes nos cadernos centenários, procuramos transmitir conceitos de preservação de arquivos, noções de patrimônio, legado cultural e, partindo dessa experiência, um dos seus desdobramentos, e até uma ideia de continuidade tanto na pesquisa, conservação do acervo e manutenção do patrimônio material e imaterial, é estendermos essa vivências a outras escolas de forma institucionalizada, em parceria com órgãos estatais ou privados, envolvendo músicos e educadores da cidade, transmitindo às novas gerações nossa cultura musical, formando jovens músicos, jovens pesquisadores, jovens produtores e, assim, preservando nossa própria história", disse o músico André Bertini, coordenador do projeto.